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Juiz de paz celebra casamentos e ainda canta no cartório do Colorado

Nycholas Pontes já ficou conhecido em Brasília por cantar durante as cerimônias na sala especial do cartório do Colorado. Ele faz isso de graça, como forma de presentear os noivos

atualizado

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Sarah Magalhães
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1 de 1 IMG-20160419-WA0006[1] - Foto: Sarah Magalhães

Uma pequena sala no cartório do Colorado acolhe o amor de muitos casais. Um lustre de cristal preso ao teto, flores artificiais sobre a mesa de vidro e bancos de madeira são o suficiente para compor o cenário de dezenas de casamentos realizados ali todo mês. À frente de boa parte das cerimônias, está o juiz de paz Nycholas Pontes, 29 anos, que nunca se casou, mas celebra o amor diariamente.

Ele oferece um presente de casamento a quem nunca viu na vida. Além de fazer a solenidade, se dispõe a cantar uma música durante a cerimônia. A voz afinada de Nycholas embala, ao vivo, os passos dos noivos, enquanto eles entram no modesto salão.

“Muitos casais não têm condições de fazer uma festa grandiosa, por isso casam-se aqui no cartório. Eu sou cantor profissional, tenho banda. Quis usar algo que eu sei fazer para alegrar aquele momento, torná-lo mais pessoal. Eu me sinto muito feliz em fazer parte disso”, revela o juiz de paz.


Às vezes, ele chega a declarar “marido e mulher” — ou “mulher e mulher” e “marido e marido” — cinco ou seis pares no mesmo dia. São quase 30 casamentos por mês. “Enquanto juiz de paz, represento o Estado, que tem papel de acolher e respeitar todos os casais”, afirma.

A minha vida foi baseada em trabalho voluntário desde sempre. Isso me fez entender que não custa nada tentar ser um pouco mais empático, fazer pelo outro o que eu gostaria que fizessem por mim

Nycholas Pontes

A ideia de cantar nos casamentos veio do próprio Nycholas. O tabelião do cartório apoiou e os casais adoraram. O cantor é formado em direito e vocalista na banda Soda Sound, que se apresenta em bailes e pubs de Brasília. Nas horas vagas, é juiz de paz, há 8 meses. Ele já ficou famoso na cidade. Muitos casais procuram pelo “juiz que canta”, no cartório do Colorado.

O trabalho do juiz de paz é honorífico, ou seja, não é remunerado. Os noivos pagam a taxa ao cartório, mas o celebrante recebe apenas uma ajuda de custo, quando a cerimônia é externa. “Um amigo me convidou para trabalhar nessa função, que nunca tinha passado pela minha cabeça. Acabei gostando de dividir esses momentos e conhecer as pessoas.”

Arquivo pessoal
Durante celebração, no cartório do Colorado

Escolha na playlist
Nycholas entra em contato com os casais antes da cerimônia para oferecer o presente. Eles podem escolher entre uma lista com três músicas evangélicas, quatro internacionais e quatro nacionais. Entre elas, há composições de Nando Reis, Roupa Nova, John Legend e Ed Sheeran. As mais pedidas são All of me (John Legend) e as do Nando Reis.

Depois da música, o juiz conduz toda a cerimônia com a preocupação de fazer o casal refletir com carinho sobre a vida a dois. “Não sou romântico, tento provocar reflexão. Muitas pessoas querem se casar com um sonho, então, tento falar de tolerância, paciência, respeito e confiança”, afirma.

Mas como alguém que nunca se casou fala com tanta propriedade sobre o assunto? “Além dos relacionamentos que já vivi, minha inspiração vem dos meus pais, que estão juntos há 30 anos e são um exemplo para mim”, diz Nycholas, que pensa no casamento como um plano para o futuro, quando encontrar também o seu par.

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