Facebook vai permitir que usuários transmitam tentativas de suicídio
A medida da rede social tem como objetivo não deixar que a censura a esse tipo de publicação possa silenciar pessoas em perigo
atualizado
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O Facebook tornará oficial a diretriz que permite aos usuários transmitirem, ao vivo, tentativas de automutilação e suicídio. De acordo com documentos vazados a que o The Guardian teve acesso, a medida da rede social tem como objetivo não deixar que a censura a esse tipo de publicação possa silenciar pessoas em perigo.
Porém, o vídeo será removido da plataforma “a partir do momento em que não há mais oportunidade de ajudar a pessoa”. Os documentos obtidos pela publicação britânica mostram que a nova política foi traçada com auxílio de especialistas e reflete como a empresa pretende abordar os conteúdos mais impactantes que chegam à timeline.
Ao Guardian, a rede social afirmou que tem aumentado sua preocupação em relação ao comportamento dos usuários e deu como exemplo o seriado da Netflix, “13 Reasons Why”. Nesse caso, sempre que é citada a trama, com o tema suicídio na adolescência, os gerentes sêniores são avisados.
Tudo isso porque a empresa ficou temerosa que o assunto tratado pudesse estimular outras pessoas a imitarem o comportamento da personagem Hannah Baker, que comete suicídio na série. No último verão, o Facebook registrou 4.531 casos de automutilação a cada duas semanas. Para 2017, a previsão é que haja 5.016 casos no mesmo espaço de tempo.Os moderadores foram avisados sobre as mudanças na política. O texto garante: “Agora estamos vendo mais conteúdos de vídeo — incluindo suicídios — compartilhados no Facebook. Nós não queremos censurar ou punir pessoas em perigo que estão tentando suicídio. Especialistas nos aconselharam que o que é melhor para a segurança dessas pessoas é deixá-las transmitir isso ao vivo, desde que elas estejam envolvidas com os espectadores”. Eles também afirmam ter noção do perigo que a transmissão de imagens dessa natureza tem de incitar outras pessoas a terem a mesma atitude.
“No entanto, por causa do risco de contágio (ou seja, algumas pessoas que veem um suicídio são mais propensas a considerar se suicidarem), o que é melhor para a segurança das pessoas que assistem a esses vídeos é que nós os removamos a partir do momento em que não há mais oportunidade de ajudar a pessoa. Também precisamos considerar o fator notícia, e pode haver momentos particulares ou eventos públicos que fazem parte de uma questão pública mais ampla que justifiquem não remover o conteúdo.”
Outra medida que visa proteger o efeito contágio é a ordem de apagar todos os vídeos que descrevem suicídios, “mesmo quando esses vídeos são compartilhados por alguém que não seja a vítima, com o objetivo de aumentar a conscientização”. Isso não se aplica àqueles de interesse jornalístico.