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Fomos a uma consulta com Marcos Harter, do BBB, e contamos como foi

O Metrópoles agendou um horário com o cirurgião no seu consultório em São Paulo e conta como o ex-participante do BBB atende

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Marcos Harter_Ensaio_Fts Paduardo (54)
1 de 1 Marcos Harter_Ensaio_Fts Paduardo (54) - Foto: paduardo/R2

Nada denuncia que o casarão antigo de porta de madeira na rua Apeninos, no bairro do Paraíso, em São Paulo, é uma clínica médica. Quem entra só descobre ao tocar a campainha e dar de cara com um tapete onde se lê “Montenegro Cirurgia Plástica”.

Além do próprio Montenegro – Wagner Montenegro, o médico que assina a logo do empreendimento -, atende ali um cirurgião que, chutando por baixo, deve andar com a agenda mais concorrida do que a do proprietário: Marcos Harter, médico e ex-BBB, que responde a um inquérito por agressão à ex-namorada Emilly Araújo, vencedora do programa.

A clínica onde o gaúcho atende em São Paulo não guarda luxos particulares nem ostenta grandes fachadas, como algumas espalhadas pela Avenida Brasil, na capital paulista. A sala de espera dá para um jardim de inverno com uma cascata em uma parede de pedra. Uma TV de plasma faz propaganda de alguns procedimentos realizados na clínica. Edições da revista Caras ficam espalhadas em uma bancada e um porta-retratos digital mostra fotos de Montenegro com pacientes e personalidades. Entre elas, o quadrinista Maurício de Sousa.

“Tudo isso torna a Montenegro Cirurgia Plástica a casa da beleza que faz tudo para devolver a autoestima e a autoconfiança a seus pacientes”, define a própria clínica no site, junto a um breve currículo de Montenegro. Já Harter tem site próprio. Uma secretária também. Nenhuma consulta ou pagamento é realizado diretamente na recepção da clínica de SP. Pelo WhatsApp, uma moça chamada Viviane dá conta dos horários e cobranças pelos 20 minutos com o médico em todas as três clínicas onde ele atende hoje – na capital paulista; Sorriso, no Mato Grosso, e Curitiba, no Paraná.

A única coisa feita na recepção é o preenchimento de um formulário com informações básicas para uma primeira consulta de cirurgia — supondo que quem entra ali está minimamente disposto a cair no bisturi. Nome, idade, doenças e cirurgias prévias, hábitos como tabaco ou álcool, ciclo menstrual, funcionamento intestinal e medicamentos.

Marcar a consulta, na época – meados de maio – , não foi difícil. Entre a conversa com Viviane e o encontro com o participante mais polêmico do BBB 17, demorou cerca de duas semanas, a um custo razoável para o padrão das consultas particulares: R$ 600. Alguns dias depois, ao UOL, informaram que o valor da mesma consulta era R$ 1,2 mil. Na clínica Duo, em Sorriso (MT), da qual ele é sócio-proprietário, a secretária informa que a consulta sai a R$ 1 mil, mas que o valor pode ser diminuído do custo da cirurgia, se ela acontecer.

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Segundo o médico contou ao Metrópoles, o consultório em São Paulo recebe gente de todo o país — da capital e do interior do estado, além do Nordeste, Minas, Rio e Espírito Santo. Sorriso concentra as pacientes do Mato Grosso e as do Norte do país. Em Curitiba, recebe as paranaenses. “Às vezes tenho a impressão de que todos viriam até mim se eu ficasse em um só lugar”, acredita. “Mas eu gosto dessa minha vida de cirurgião cigano”.

Os seus narizes
Desde que foi expulso do reality show global, no último dia 10 de abril, por ter agredido a namorada Emilly Araújo, Marcos leva uma vida oposta à da ex. Enquanto a gaúcha não sai do noticiário de celebridades, o médico tenta levar uma vida normal. Retomou os atendimentos e voltou aos treinos de crossfit. Não tem feito presenças VIP em eventos.

No consultório, impera também a regra da normalidade. Não fosse o fato de o médico atrás da mesa ter o peso da alcunha de “ex-BBB”, a consulta seria padrão. Questionado sobre uma prótese, opinou sobre o local do corte e o tamanho ideal. Sugeriu por conta própria uma bioplastia no maxilar – procedimento para aumentar a angulação do rosto. Mostrou fotos de “antes e depois” de Tom Cruise e de Megan Fox no celular para ilustrar do que o procedimento é capaz. “Eu tenho também, coloca a mão”, sugeriu.

Não são rostos angulosos nem seios fartos, no entanto, sua especialidade. “Finalmente o Brasil descobriu os meus narizes!”, disse, por e-mail, à reportagem.

Na sala de espera, embora ninguém mencione o Big Brother Brasil, todo mundo sabe quem é o médico que está atrás da porta. Quando ele sai para se despedir da última paciente, algumas senhoras que aguardavam outro médico fazem coro para o famoso: “Oi, doutor Marcos!”. A paciente, além do “tchau”, dá também os “parabéns” para o ex-BBB.

O cirurgião e a soja
O cirurgião tem atendido por duas semanas em cada uma de suas “bases” – SP, Curitiba e Mato Grosso. Harter é gaúcho, formado pela Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, e depois emendou uma série de especializações no Rio, São Paulo e no exterior. Há três anos, levou seus certificados do sul para o interior do país.

“Foi um grande amor que me trouxe ao Mato Grosso”, contou o médico. O argumento, na época, era de que ele teria sucesso se mostrasse seu trabalho “no eixo nacional da soja”. Trabalhou em Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde antes de chegar em Sorriso, no Mato Grosso.

Embora muita gente nem saiba localizá-la no mapa, Sorriso, com pouco mais de 80 mil habitantes, é conhecida por multiplicar dinheiro em um curto espaço de tempo. Segundo dados de 2013 do IBGE, de 2011 para 2012, a produção agropecuária do município passou de R$ 322,9 milhões para R$ 745,6 milhões, um salto astronômico da 19ª posição no ranking das mais ricas do estado para a 2ª, atrás apenas de Cuiabá.

Enquanto o PIB per capita do Brasil esbarra nos R$ 30 mil, a cidade matrogrossense, em 2012, tinha média de R$ 53 mil. Isso porque, até os anos 1970, a cidade não passava de uma vila agrícola, até que o o governo militar passou a dar incentivos para que pequenos agricultores largassem seus pedaços de terra e investissem no interior matogrossense.

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Deu certo. Hoje, a cidade é a maior produtora de soja do Brasil e não fica muito atrás em assunto de algodão e milho. Guarda prédios de apartamento vistosos e condomínios residenciais luxuosos. O aeroporto da cidade só passou a operar com voos comerciais em junho do ano passado, mas há mais tempo já ocupava a pista com jatos particulares – o Mato Grosso tem a segunda maior frota de aviões privados do país, parte dela está em Sorriso.

Longe das plantações, a riqueza da cidade também ajudou Marcos a construir a sua. “Fui parar na capital do agronegócio, um lugar onde as pacientes nem me perguntavam o preço da cirurgia quando viam o meu trabalho”, comenta. De rinoplastia em rinoplastia, o doutor fez seu pé-de-meia – e não esconde que pretende usar a fama repentina para engordá-lo.

“Minha ascensão financeira foi muito rápida nessa cidade. Comprei casa, clínica, equipamentos cirúrgicos e estéticos. Com a estrutura montada, a equipe treinada e depois dessa exposição nacional, acho que as coisas só tendem a melhorar”, torce.

Quando seu nome saiu entre os dos participantes do BBB 17, os jornais da cidade noticiaram. O RD News, um portal do MT, destacou em um perfil que o médico vive em um bairro nobre de Sorriso e tem entre suas paixões “estar em contato com a natureza”.

Um mês depois de ter saído pelas portas do fundo do reality show, avalia que leva uma vida “normal, mas nada comum”. “Abri mão de quase tudo pela medicina”, avalia. “Mesmo assim ainda dou conta de uma atividade física diária, nem que seja à meia-noite”.

Divide as aparições em sites de fofoca, nas consultas e operações com leituras diárias sobre psiquiatria, filosofia e “temas que abordam inteligência”, segundo ele, além de marketing e negócios. “Inclusive, curso um MBA em gestão empresarial”, conta.

O médico, que assumiu ares de monstro em um dos reality shows de maior audiência da TV nacional quando foi acusado de agredir Emilly Araújo, também descansa. Uma vez por ano cai no mundo durante um mês. Conhece, ele diz, “lugares fantásticos”. Invariavelmente reserva um período da viagem para alguma “atividade médica” — na cirurgia ou em prol de pessoas carentes, diz. E ensina: “A vida é um ciclo de energia. Para receber temos de dar”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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