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Conheça a polêmica de implantes hormonais que interrompem a menstruação e prometem o corpo dos sonhos

Com nome popular de “tubinhos” ou “chips”, o método, desenvolvido pelo médico baiano Elsimar Coutinho, é febre entre mulheres do Distrito Federal, mas a implantação divide opiniões

atualizado

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Manter o corpo em dia, eliminar aquela gordurinha indesejada e colocar o biquíni sem culpa neste verão. Esses são os objetivos de algumas mulheres brasileiras, mas tudo isso exige dedicação e muito esforço. Malhar cinco vezes durante a semana, cortar os doces, contar calorias e focar na dieta. E se existisse uma pílula milagrosa na qual ajudasse e acelerasse esse processo? Algumas mulheres acreditam ter encontrado.

Conhecido popularmente como “tubinho” de silicone, os tão famosos “chips” possuem diâmetro de um milímetro e podem conter até seis tipos de hormônios como a elcometrina, nomegestrol, gestrinona, estradiol, testosterona e progesterona.

Vendido, em sua essência, como método anticoncepcional alternativo à pílula, os implantes hormonais aumentam o tônus muscular, ajudam na perda de peso, reduzem medidas e o diminuem as celulites.

O médico baiano criador dos implantes hormonais Elsimar Coutinho garante que o método é seguro. “Imagina, se ao invés da mulher tomar 365 comprimidos por ano, a mulher coloque um chip uma vez só? É muito mais econômico e prático. ”

De fácil aplicação, o implante é colocado geralmente de baixo da nádega ou braço, locais de fácil absorção e o procedimento é indolor, basta injetar um anestésico local e aplicar o “tubinho”. Com duração de seis meses, um ano ou dois anos, a dosagem dos implantes precisa ser trocada de acordo com a absorção do paciente e os valores variam de R$3 mil a R$5 mil por implante.

Há mais de 10 anos aplicando o método, Elsimar afirma que a maior vantagem é a liberação gradual de hormônios. “O chip consiste em liberar hormônio aos poucos, é como se fosse um comprimido por dia”, confirma. Pós-graduado em endocrinologia pela Universidade de Sorbonne, na França, ele afirma que não há efeitos colaterais.

Os hormônios que eu implanto, são iguais aos que todo mundo usa. Não há efeitos colaterais, se o silicone for esquecido dentro da mulher, não há problema. Não faz mal à saúde. 

Elsimar Coutinho

Enfermeira e assistente do médico baiano Elsimar Coutinho há 27 anos, Claudia Erdens conta que a dosagem dos hormônios é definida pelo médico e que depende da necessidade da paciente. “É quase um remédio homeopático. Por isso não há uma fórmula certa, nem nome de divulgação.”

Outro ponto de vista

No entanto, não é o que afirma a mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e endocrinologista Mariana Farage. Segundo a médica os chips não têm autorização legal para uso e que câncer no fígado, risco de infarto, aumento do risco de trombose e derrame, acne, engrossamento da voz, aumento do clitóris são alguns dos efeitos colaterais causados pelo implante.

Questionada sobre os estudos referentes na área, Mariana afirma:“Nenhum dos médicos que adotam essa prática e afirmam seus benefícios sequer se propõe a conduzir um estudo científico avaliando os benefícios e riscos e se baseiam apenas em suposições e observações individuais que não respaldam a prática”, declara a médica.

Em entrevista ao Metrópoles, a diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Amanda Athayde, afirma que a instituição é contra o uso de chips que contenham hormônios masculinos.

“Esses hormônios manipulados, muitas vezes não são necessários ao corpo da mulher. Nós somos a favor daquilo que é autorizado pela Anvisa como o Implanon”. Amanda explica que o Implanon é um contraceptivo recomendado para mulheres que possuem endometriose e tensões pré menstruiais intensas.

“Isso sim, é autorizado e tem registro, mas chips manipulados a SBEM não recomenda e é extremamente contra. Para ter o corpo bonito é só praticar atividade física e se alimentar bem.”, defende a endocrinologista.

Há quem gosta e quem não gosta

Fã do implante, a administradora de empresa, Karine Midori, de 41 anos, utiliza o chip há cinco anos. Karine conta que conheceu o produto na academia através de um professor e procurou o médico baiano Elsimar Coutinho para implantar o método. Para ela o “tubinho” só trouxe benefícios.

Arquivo Pessoal
A administradora de empresas, Karine Midori

O chip é um estimulador de ânimo, melhora tudo. Eu recomendo muito, com malhação e dieta regrada, não tem erro. O implante facilita todo o processo.

Karine Midori

A administradora afirma que seu chip é composto por estradiol e gestrinona e que não sofreu nenhum efeito colateral. “Eu tinha muitos problemas com anticoncepcionais, eu ficava toda inchada. Agora é só sossego, paz e alegria”, confessa.

Já a cirurgiã dentista Eline Priscilla de Souza, de 27 anos, pagou caro pelo sonho. Em 2012, recebeu a indicação do implante chamado bioidêntico por uma amiga de sua mãe e procurou saber detalhes sobre o procedimento.

“Fui à uma médica de São Paulo e ela me prometeu que não teria mais cólicas fortes, que meus miomas iriam sumir e que eu emagreceria, ou seja, era milagroso. Só que foi exatamente ao contrário.”, conta a cirurgiã dentista

Em um ano, a ela engordou 12 quilos, teve acnes em várias partes do corpo e ficou sangrando durante todo este tempo. Eline conta que todas as vezes que ia a São Paulo para consulta médica, era implantado mais um chip.

“Como tive complicações, eu fui várias vezes em São Paulo. A cada ida me colocavam mais um implante, cheguei a ter nove chips no meu corpo.” Traumatizada com o tratamento, hoje a dentista leva uma vida normal e voltou ao uso de pílulas contraceptivas.

Vivi um verdadeiro filme de terror. Sou contra esses chips hormonais, não recomendo a ninguém.

Eline Priscilla

Em nota, a Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Distrito Federal (SGOB) afirma que os implantes não são autorizados pela Anvisa e que por isso, a instituição não se manifestaria sobre o assunto. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos hormônios que podem ser utilizados nos tubinhos, a gestrinona e o nomegestral tiveram seus registros cancelados no órgão.

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