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Brasileiros identificam proteínas que podem prever gravidade da Covid-19

Estudo da USP descobriu 7 moléculas no plasma sanguíneo que podem sinalizar como doença se desenvolverá no paciente

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1 de 1 coronavírus covid sars-cov-2 vírus 2 - Foto: Getty Images

Uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) identificou 7 proteínas no sangue de pacientes internados por coronavírus que podem servir como indicadores da gravidade da doença. No futuro, a expectativa é que o teste aponte, também, alternativas de tratamento. O estudo foi publicado na plataforma medRxiv e ainda precisa passar pela revisão de outros cientistas.

De acordo com o trabalho, a ação das moléculas está relacionada à resposta imunológica do corpo. Outros sintomas comuns em pacientes infectados por Sars-CoV-2, como problemas pulmonares, complicações vasculares e descontrole inflamatório (tempestade de citocinas) também estão associadas a estas moléculas.

Os pesquisadores explicam que alterações nos níveis de proteínas presentes no plasma sanguíneo indicam como ocorre o desenvolvimento das doenças, inclusive das infecções virais. A equipe, então, analisou a variação da expressão proteica [proteômica] de pacientes hospitalizados e selecionou 7 moléculas que estariam mais relacionadas com a fisiopatologia da Covid-19. Agora, o objetivo dos pesquisadores é descobrir mais detalhes sobre o efeito destas moléculas no agravamento da doença.

A ideia dos cientistas é que o plasma sanguíneo de pacientes com Covid-19 possa ser um primeiro passo para identificar novos alvos terapêuticos e biomarcadores, que ajudarão profissionais de saúde a tomarem decisões mais acertadas no tratamento de pacientes.

Para realizar o estudo, os pesquisadores avaliaram 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru de 4 de maio a 4 de julho de 2020. Todos os participantes tinham testes RT-PCR positivos para Covid-19. Os médicos retiraram o sangue dos voluntários assim que eles deram entrada no hospital e a cada semana do estudo.

Os cientistas, então, dividiram os voluntários em três grupos: Casos Leves, formado por 76 pessoas que tiveram alta do hospital sem precisar passar pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI); Casos Severos, formado por 56 indivíduos que foram internados por curtos períodos na UTI e, por fim, Casos Críticos, grupo com 31 pacientes que morreram mesmo após a internação.

A análise do plasma sanguíneo dos voluntários mostrou que, entre os pacientes dos casos leves, as proteínas IREB2, GELS, POLR3D, PON1, SFTPD e ULBP6 apresentaram níveis altos. O mesmo não ocorreu entre os indivíduos dos outros grupos.

Somente os casos graves e críticos apresentaram a proteína Gal-10. Se a pesquisa for validada, os médicos podem procurar esta proteína no sangue de pacientes infectados para tentar prever a gravidade da doença que ele apresentará.

A proteína Gal-10 é um marcador clássico na medicina para casos em que ocorre a morte de eosinófilos, um tipo de célula de defesa. Por isso, a presença desta molécula no sangue pode indicar, segundo os pesquisadores, que o sistema imune está comprometido. O aumento de Gal-10 em pessoas com Covid-19 crítica pode, ainda, estar associada à tempestade de citocinas que causa a inflamação generalizada e descontrolada do organismo.

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