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Matou a ex por não aceitar o fim do relacionamento. Como é que é?

Quantas vezes por dia é possível ler a seguinte frase em uma reportagem: “Matou a ex por não aceitar o fim do relacionamento”? É fácil perder a conta já que, a cada dia, em média, 15 mulheres são assassinadas no Brasil. Eu, no entanto, não consigo, achar normal que sejamos massacradas covardemente por homens incapazes […]

Autor Thaís Cieglinski

atualizado

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Quantas vezes por dia é possível ler a seguinte frase em uma reportagem: “Matou a ex por não aceitar o fim do relacionamento”? É fácil perder a conta já que, a cada dia, em média, 15 mulheres são assassinadas no Brasil. Eu, no entanto, não consigo, achar normal que sejamos massacradas covardemente por homens incapazes de receber um não.

São maridos, namorados, noivos que veem as companheiras como propriedade, objetos que devem satisfazer seus desejos – o que inclui apanhar caso eles assim queiram. Exigem que não usem saia curta, esmalte chamativo, batom vermelho. Querem que sejam “belas, recatadas e do lar”. Não podem reclamar, recusar, questionar. Devem apenas dizer: sim, senhor!

Quebrar essa cultura exige um esforço monumental, mas que pode começar dentro de casa, com a educação das crianças. Esta semana, minha filha pré-adolescente teve sua primeira desilusão amorosa. Com o coração partido, me disse que o menino do qual gostava, gosta de outra amiguinha. Dei um abraço nela e disse: “Querida, isso infelizmente ainda vai acontecer muitas vezes. Mas é assim mesmo, logo passa”.

Deixei claro que nem sempre os nossos desejos podem ser atendidos e que precisamos, simplesmente, aceitar isso. Minha pequena pareceu entender. Ponto. Mais uma lição aprendida. Sei, no entanto, que o meu maior desafio será colocar a mesma ideia na cabecinha do meu bebê de apenas nove meses.

Acabar com o machismo e, consequentemente, com a violência contra a mulher passa necessariamente por criar uma nova geração de homens. São meninos que, desde pequenos, têm de entender que dividir as tarefas domésticas é obrigação. Que respeitar as mães, as colegas de escola e as namoradas é lei. Pelo menos na minha casa, ele vai aprender isso.

Quando uma garota quebrar o coração do meu filho, vou dar um abraço nele, quem sabe enxugar umas poucas lágrimas, e dizer a mesma frase: “Querido, isso infelizmente ainda vai acontecer muitas vezes. Mas é assim mesmo, logo passa”. Que outras mães possam ensinar aos meninos e meninas de hoje que o mundo não gira em torno deles. E, por mais que doa, aceitar o fim de um relacionamento faz parte. Vida que segue.

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