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Merenda da rede pública vai ser investigada pela Vigilância Sanitária

Alimentos servidos nas escolas serão coletados nesta terça (21). Divisa-DF diz que uma das fornecedoras dos colégios é investigada pela PF

atualizado

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1 de 1 WhatsApp Image 2017-03-20 at 19.42.25 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Operação Carne Fraca pegou de surpresa não só os consumidores como a Diretoria de Vigilância Sanitária do Distrito Federal (Divisa-DF). Responsável pela fiscalização nos estabelecimentos da capital, o órgão promete alterar, ainda nesta semana, a norma que norteia o comércio de alimentos. A Divisa vai verificar também, nesta terça-feira (21/3), se há problemas com a merenda escolar servida na rede pública de ensino do DF. O primeiro alvo da operação é um colégio no Cruzeiro.

Técnicos da Divisa farão a coleta da carne fornecida às escolas para análise. Eles querem saber se o alimento servido aos estudantes pode trazer algum dano à saúde. A Divisa não citou nome, mas confirmou que uma das fornecedoras do alimento está entre as investigadas na Operação Carne Fraca. “Mesmo que não haja risco de morte, no mínimo, essa fraude preocupa”, disse o gerente de Alimentos da Divisa, André Godoy.

Outra medida que será tomada nos próximos dias diz respeito à Instrução Normativa nº 10. Publicada em 1º de abril de 2016, no Diário Oficial do Distrito Federal, ela traz o regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos e serviços de alimentação.

“Vou alterá-la essa semana. Há itens específicos, como moer a carne na frente do consumidor, e alguns controles mais rigorosos, também no que diz respeito à contaminação cruzada, que precisam ser incluídos na norma”, adianta Godoy.

Amostra é pequena
O gerente diz que a Divisa-DF faz uma coleta semestral de mil amostras de alimentos. Nas visitas a supermercados e demais estabelecimentos, os técnicos analisam a qualidade da farinha, de leites e carnes, entre outros produtos. De acordo com André Godoy, o número está longe do ideal. “É uma amostra pequena”, admite.

As visitas aos supermercados do Distrito Federal ocorrem duas vezes por semana e são feitas por aproximadamente 30 fiscais. O corpo de funcionários da Divisa para todos os atendimentos é de aproximadamente 100 profissionais. Eles ficam espalhados nos 22 núcleos que atendem às regiões administrativas do DF.

O escândalo revelado pela operação da Polícia Federal fará com que haja um reforço no grupo de trabalhadores da Vigilância para fiscalizar as carnes. Uma operação especial também deve ser programada para os próximos dias.

Procon
O Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) faz uma inspeção parecida com a da Vigilância Sanitária nos estabelecimentos do DF. Mas a assessoria de comunicação explica que o órgão esbarra em “limitações técnicas” para investigar se um produto é próprio ou não para consumo.

No Distrito Federal, apenas 15 fiscais são responsáveis por checar todo o comércio da capital. O instituto diz que a rotina é feita diariamente, geralmente por duplas ou trios de fiscais.

Em relação aos alimentos de origem animal, o Procon verifica se não há fraude ou algum problema com a embalagem, data de validade, rótulo e aparência dos produtos. O órgão alega não ter técnicos para colher amostras de carne, por exemplo, e checar os nutrientes, coloração ou cheiro.

O Procon diz que, nesse primeiro momento, sem conhecimento dos lotes de carnes que apresentaram problema, os consumidores não têm como pedir reembolso ou fazer denúncia apenas pelo fato de ter comprado carne das marcas denunciadas.

Caso verifiquem problemas, eles devem, porém, levar a denúncia a um dos nove postos do Procon no DF. Fotos, vídeos e outros tipos de prova sempre podem fortalecer os relatos. A queixa deve ser feita pessoalmente ou pelo telefone 151. A empresa, quando notificada, tem 10 dias para responder à demanda.

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Consumidores
Nos supermercados, consumidores prometem adotar uma nova postura após se decepcionarem com a notícia de que podem estar levando carne podre à mesa. “É um absurdo o que está acontecendo. Mas ainda bem que descobriram essa fraude”, diz o aposentado Alfredo Mendes, 66 anos.

A decoradora Janete Torres segue o mesmo tom de Alfredo. “Achei ótima (a operação). Demorou a ser noticiado algo desse tipo. Sempre evitei comprar carne a vácuo. A partir de agora, vou ser mais cautelosa ainda”, garante. Há quem esteja pensando em algo mais radical. É o caso do taxista Valdecir Ferreira. “Com uma crise dessas, lá em casa, vamos trocar a carne vermelha por legumes.”

 

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