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Venezuela: manifestantes morrem durante protestos contra Maduro

Um jovem de 17 anos e uma mulher de 24 anos morreram após levarem tiros durante os protestos. Pelo menos 30 pessoas foram detidas

atualizado

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1 de 1 venezuela1 - Foto: Reprodução

Dois manifestantes que protestavam contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, morreram nesta quarta-feira (19/4). Milhares de venezuelanos estão nas ruas em uma manifestação classificada pela oposição de “a mãe de todas as marchas”. Em resposta, o chavismo organizou um ato em Caracas de apoio ao presidente.

Na capital, um jovem de 17 anos levou um tiro e foi levado a um hospital, onde morreu durante uma cirurgia. “Ele estava em um ponto da concentração da oposição e recebeu um tiro disparado por um dos agentes motorizados que antes jogavam bombas de gás lacrimogênio contra a concentração”, declarou à agência AFP o presidente do Hospital Clínicas Caracas, Amadeo Leiva, acrescentando que a bala ficou alojada no cérebro.

No Estado de Táchira, perto da fronteira com a Colômbia, uma mulher de 24 anos morreu após ser baleada, informaram parentes e testemunhas. Segundo o presidente Maduro, ao menos 30 pessoas foram presas nesta quarta “por planos de causar violência nos protestos”. Pouco depois dos primeiros relatos de confrontos durante as marchas, a procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega, que nos últimos meses vem se distanciando da cúpula chavista, prometeu receber denúncias contra o governo de abusos contra o direito à livre manifestação.

A Guarda Nacional Bolivariana tenta, com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha, dispersar os manifestantes e impedir que cheguem ao prédio da Defensoria Pública, no oeste da capital – área majoritariamente chavista. Os manifestantes se negam a desocupar a autopista Francisco Fajardo, via expressa que é a principal ligação entre as duas zonas da cidade.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou nesta quarta que os EUA acompanham “de perto e com preocupação” a situação na Venezuela. “O governo Maduro não deixa que a voz da oposição seja ouvida”, disse Tillerson. Manifestantes da oposição deixaram 26 pontos de encontro no começo da manhã desta quarta para bloquear a autopista. Nas últimas semanas, a oposição, liderada pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), organizou atos similares, que acabaram com ao menos cinco mortos.

A série de protestos começou depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), alinhado ao chavismo, anular os poderes da Assembleia Nacional e decidir assumir as funções do Congresso. A Corte voltou atrás na decisão, mas isso não impediu a oposição de convocar protestos denunciando um autogolpe chavista contra o Legislativo, controlado pela MUD.

Crise
A Venezuela vive desde 2013 uma grave crise econômica provocada pela escassez de divisas em moeda forte e agravada pela queda no preço do petróleo no mercado internacional. Para conter a falta de dólares, o governo restringiu a venda da divisa ao setor privado. Como a Venezuela importa a maior parte do que é necessário para produzir alimentos e bens de primeira necessidade, isso provocou escassez e inflação.

Entre os manifestantes que estão nas ruas hoje, estão opositores de classe média e também de setores mais populares, descontentes com o chavismo.

 

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