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Presidente das Filipinas ameaça abandonar cooperação militar com EUA

Reação veio após decisão dos EUA de abandonar um grande pacote de ajuda por preocupações com abusos contra os direitos humanos no país

atualizado

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1 de 1 Rodrigo_Duterte_showing_diagram_of_drug_trade_network_1_7.7.16 - Foto: Wikipedia

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ameaçou neste sábado (17/12) revogar um pacto segundo o qual tropas norte-americanas podem visitar as Filipinas. Duterte reagiu de maneira furiosa ao que avaliou ser uma decisão dos Estados Unidos de abandonar um grande pacote de ajuda por preocupações com abusos contra os direitos humanos no país asiático.

Uma agência de ajuda do governo dos EUA, a Millennium Challenge Corporation, disse nesta semana que seu conselho definiu que um pacote de assistência ao desenvolvimento nas Filipinas deve passar por revisão, diante de preocupações com o Estado de Direito e as liberdades civis no país. A agência não votou para acabar com o pacote de ajuda, mas Duterte atacou o episódio ao chegar à sua cidade natal de Davao, após visitar Camboja e Cingapura.

“Nós podemos sobreviver sem dinheiro americano”, afirmou Duterte Segundo ele, porém, o acordo de 1998 que prevê a presença de tropas norte-americanas nas Filipinas para exercícios militares conjuntos pode ser revogado. “Não é uma via de mão única”, comentou o presidente. “Bye-bye América”, afirmou.

A embaixada dos EUA em Manila não havia comentado o episódio
Duterte, de 71 anos, que se define como um político de esquerda, havia feito ameaças similares antes de chegar ao poder em junho. Enquanto chama os norte-americanos de “filhos da mãe” e “hipócritas”, ele elogiou a China por ter “a alma mais boa de todas” e por oferecer o que ele qualificou como assistência significativa. “Então, para que eu preciso dos EUA?”, questionou Duterte também disse que a Rússia é outro importante aliado. “Eles não insultam as pessoas, não interferem.”

O governo dos EUA, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas mostram preocupações com a repressão às drogas nas Filipinas, que deixou mais de 2 mil supostos usuários mortos em supostos confrontos com a polícia. Mais de 3 mil outras mortes estão sob investigação para determinar se teriam ligação com a guerra às drogas comandada por Duterte.

Em fala anterior, Duterte disse que matou suspeitos pessoalmente quando era prefeito de Davao. Questionado novamente sobre o assunto, ele disse que pode ter matado “talvez um, dois ou três” Segundo ele, talvez seus disparos tenham atingido os suspeitos, talvez não. “Quando eu digo a vocês que eu matei, não chamem essas pessoas de suspeitos porque todas elas morreram enquanto combatiam gente do governo”, afirmou.

Duterte, que tem uma relação difícil com o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o presidente eleito norte-americano, Donald Trump. Segundo ele, os dois tiveram uma conversa e “ele foi muito legal”. “Eu vou apenas esperar”, comentou sobre o próximo líder dos EUA. “Nós falamos na mesma linguagem”, analisou Duterte. O presidente filipino disse que telefonou a Trump e disse: “Eu gosto da sua língua, é igual a minha”. Trump teria respondido, no relato de Duterte: “Sim, sr. presidente, nós somos similares.” Fonte: Associated Press.

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