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Crítica: “Auê” mistura teatro, música e circo com grande honestidade

O espetáculo segue em cartaz até este domingo (12/3) no Teatro da Caixa

atualizado

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Marcelo Rodolfo/Divulgação
Aue- – Fotografia Marcelo Rodolfo 02
1 de 1 Aue- – Fotografia Marcelo Rodolfo 02 - Foto: Marcelo Rodolfo/Divulgação

Se você gosta de enquadrar os espetáculos em caixinhas de gênero artístico, boa sorte. Ao sentar-se nas poltronas do Teatro da Caixa para ver “Auê”, espetáculo em cartaz até este domingo (12/3), encontrará uma montagem que atravessa o teatro, a música, a performance, a dança e até o circo, sem tomar partido de nenhuma delas. E o mais importante: pegando emprestado verdade e potência de todos esses gêneros artísticos.

A música é o fio condutor da jornada: são 21 composições, criadas coletivamente por sete integrantes da trupe Barca dos Corações Partidos (há integrantes que não estão em cena como a atriz Laila Garin, vencedora do Shell de melhor atriz por “Elis — O Musical”). Eles já dividiram o palco em musicais dirigidos por João Falcão (“Gonzagão — A Lenda” e “Ópera do Malandro”) e, diante do entrosamento e das afinidades, montaram a trupe. Entre aviões e quartos de hotel, compuseram as canções e textos, e decidiram levá-los ao palco com uma leitura cênica de alta voltagem.

O tecido que trama as canções é o amor, em todos os seus formatos, devaneios e fases. Os multiartistas cantam, tocam e encenam o deslumbramento, a paixão platônica, a saudade, a dor de cotovelo, a aceitação às diferenças. Tudo em tom de galhofa e brincadeira, como o próprio nome sugere. “Auê” quer dizer confusão, agitação, tumulto.

Em cena, eles aprontam uma algazarra organizada. Dançam, trocam de lugar no tablado, fazem acrobacias e até se alternam nos instrumentos musicais. Por trás do aparente caos, existe uma precisão nos movimentos para que a frenética ciranda de coreografias funcione. Importante dizer que os sete são homens, dirigidos por uma mulher, Duda Maia, e imprimem uma energia masculina visceral durante os 80 minutos de apresentação.

Além de exímios multi-instrumentistas, todos cantam bem (alguns muito bem, como Adren Alves, com sua voz de timbre feminino) e estão presentes em cena com todo o preparo corporal de um ator/performer/bailarino. É possível perceber, em cada um deles, a predominância do ator, ou do músico, mas o mais divertido é borrar essas fronteiras, como a própria montagem propõe.

Outro elemento sempre presente é o humor. A interpretação vocal, a presença em cena, as coreografias e os trejeitos arrancam risadas constantes da plateia. Um exemplo é a música que usa borboletas para fazer uma metáfora da liberdade, e ganhou uma hilária coreografia coletiva.

O resultado funciona, principalmente, porque o material musical que a trupe apresenta é de ótima qualidade, e ganhou ainda mais riqueza nos arranjos dos diretores musicais Beto Lemos e Alfredo Del Penho.  A trilha sonora virou CD, que fica à venda ao final das sessões, no hall do teatro.

Nos últimos meses, o espetáculo foi consagrado por premiações importantes, como o Cesgranrio, além de concorrer em três categorias ao prêmio Shell, o mais concorrido troféu teatral. Que venham muitos outros.

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