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Lô Borges e Samuel Rosa, uma história de amizade e música

Saiba como começou a parceria que já dura 20 anos e deu origem ao show, CD e DVD “Ao Vivo no Cine Theatro Brasil”, em cartaz nesta sexta (2/9) no Net Live Brasília

atualizado

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samuel rosa e lo borges
1 de 1 samuel rosa e lo borges - Foto: Divulgação

Em 1996, Lô Borges estava numa festa, no norte de Minas Gerais, na qual tocava o disco “Calango”, da Skank, à época uma banda emergente. Gostou do que ouviu, especialmente de duas músicas, “O Beijo e a Reza” e “Te Ver”.

Acabou escolhendo a segunda — uma composição de Chico Amaral, Lelo Zaneti e Samuel Rosa — para incluir no álbum “Meu Filme”, que ele estava gravando com o grupo Uakti e o percussionista Marcos Suzano. 

Aí começou uma história de afinidades pessoais e musicais que já dura 20 anos — embora Lô e Samuel Rosa só tenham se encontrado pessoalmente quase três anos depois disso.

Foi na festa de aniversário de um amigo comum, o Chico Amaral. Samuel falou da alegria que sentiu por eu ter gravado a música dele, disse que sempre fui um ídolo para ele, que acompanhava os lançamentos de meus discos…

Lô Borges

Gelo quebrado
Curiosamente, apesar da admiração, o jovem Samuel Rosa relutava em soar como o pessoal do Clube. “Na adolescência, não pegava bem dizer que gostava do Clube da Esquina”, contou numa recente entrevista..

No entanto, quando Lô Borges gravou “Te Ver”, quebrou o gelo. “Aí eu tive que admitir que era fã pra caralho”. Viraram amigos e parceiros, apesar das diferenças de geração — Lô Borges tem hoje 64 anos; Samuel, 49 –, musicais e da falta de tempo causada pelas carreiras de cada um.

O produto mais recente dessa aproximação é o show “Ao Vivo no Cine Theatro Brasil”, que os dois mineiros apresentam em Brasília nesta sexta-feira (2/9), no Net Live Brasília.

A apresentação foi gravada em um histórico teatro do centro de Belo Horizonte. O repertório é uma coleção de hits: mistura canções emblemáticas do Clube da Esquina, de discos solo de Lô  e do repertório do Skank.

Entram na lista músicas fáceis para o público de cantar junto, como “Para Lennon e McCartney”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Feira Moderna”, “Paisagem da Janela”, “As Noites”, “Te Ver”, “Balada do Amor Inabalável”…

Ensaiamos bastante buscando uma unidade entre minha música e a do Skank — que naquela época era grande. Eles eram da bateria eletrônica, do ska, do reggae; eu das baladas, da beatlemania, das canções…

Lô Borges

Juntos no palco
Porém, até chegarem ao registro ao vivo, Lô Borges e Samuel Rosa tiveram alguns “ensaios”. A partir de 2000, quando as agendas permitiam, passaram a fazer show juntos. “Foi o produtor Marcelo Pianetti quem sugeriu: ‘Olha, já é hora de vocês fazerem alguma coisa juntos no palco'”, Lô Borges conta.

“Topamos a ideia e começamos a ensaiar bastante, buscando uma unidade entre minha música e a do Skank — a diferença naquela época era maior. Eles eram da bateria eletrônica, do ska, do reggae; eu, das baladas, da beatlemania, das canções”.

Nesse meio tempo, o líder do Skank participou do disco “Feira Moderna” (2001), de Lô; Os dois compuseram (com Nando Reis) “Dois Rios”, que entrou no álbum “Cosmotron” (2003), do Skank, e voltaram a gravar juntos no especial de Lô para a série “Intimidade” (2008) do Canal Brasil (lançado em CD e DVD).

Também nesse período compuseram “Nenhum Segredo” (com Patricia Maês, mulher de Lô) e “Horizonte Vertical” (mais uma vez com Nando Reis). As duas estão no repertório do show. Há outras guardadas. Nas contas de Lô Borges, “se quisermos fazer um disco de inéditas, diria que temos pelo menos metade do que precisamos”.

Meu verbo é transitar, gerações acima ou abaixo da minha, com outras estéticas. Gosto de lidar com coisas diferentes do que eu faço

Lô Borges

Dois artistas, não uma dupla
O desafio no momento, porém, é seguir com a turnê de “Ao Vivo no Cine Theatro Brasil”. “Sabíamos que não seria uma agenda superativa. Não somos uma dupla, somos dois artistas solo. Mas essa turnê não teve data pra começar nem tem para acabar. Não temos pressa. Já disse ao Samuel que se eu estiver com 100 anos e ele quiser, a gente ainda se apresenta”.

Lô Borges não esconde o orgulho de poder se aproximar, não só do líder do Skank, mas de outros artistas de gerações posteriores à dele. “Em Minas, as gerações que se seguiram ao Clube da Esquina foram muito baseadas no que fazíamos, fortemente influenciadas. A geração do Samuel queria demonstrar que nem só de Esquina vivia a música mineira”.

Nas visitas de camarim, nos convites que recebe para gravar com artistas de diferentes lugares do Brasil.que se dizem influenciadas pelo Clube da Esquina, o cantor e compositor tem a medida da importância de sua música.

Ele lembra o que lhe disse Pablo Castro, ex-integrante do Sgt. Pepper’s Band (cover mineiro dos Beatles): “Eu era um garoto que amava os Beatles e quando ouviu Lô Borges passou a se interessar por MPB”.

“Meu verbo é transitar, gerações acima ou abaixo da minha, com outras estéticas. Gosto de lidar com coisas diferentes do que eu faço”, diz o artista que teve chance de encontrar nomes como Dorival Caymmi e Fernando Lobo e que na lista de parcerias Tom Zé, Arnaldo Antes, Nando Reis, Chico Amaral… Além, é clado dos irmãos Márcio e Telo Borges, Milton Nascimento, Beto Guedes, Tavinho Moura, Ronaldo Bastos, Fernando Brant…

Lô Borges e Samuel Rosa — “Ao Vivo no Cine Theatro Brasil”
Dia 2/9 (sexta), às 21h30. No Net Live Brasília (Setor de Hotéis e Turismo Norte, Trecho 2, Conjunto 5, Vila Planalto). Ingressos de R$ 60 (pista), R$ 600 (mesa outro para quatro pessoas/ R$ 400 (mesa prata para quatro pessoas), R$ 200 (camarote) e R$ 2 mil (lounge para quatro a oito pessoas). Os valores são de meia-entrada. À venda no site Eventim. Não recomendado para menores de 16 anos.

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