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Jukebox sentimental: biografia resgata rock dos Engenheiros do Hawaii

Livro mostra importância de uma das mais importantes bandas gaúchas de todos os tempos

atualizado

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Engenheiros do Hawaii no Rock in Rio III
1 de 1 Engenheiros do Hawaii no Rock in Rio III - Foto: null

Há quem torça o nariz, mas o fato é que Os Engenheiros do Hawaii, com sua formação clássica — ou seja, Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto Licks –, foi a banda gaúcha de maior projeção no rock nacional. Talvez ainda seja. O auge do grupo veio nos anos 1990, na época do lançamento do disco “O Papa É Pop”, na esteira de hits como a faixa-título, a balada “Pra Ser Sincero” e o cover, “Era Um Garoto Que Amava os Beatles e os Rolling Stones”.

A história do grupo pode ser conferida agora no livro “Infinita Highway – Uma Carona Com os Engenheiros do Hawaii”, do jornalista Alexandre Lucchese, lançado recentemente pela editora Belas Letras. A obra chega às prateleiras sete anos após Humberto Gessinger, líder e vocalista da banda, ter lançado sua autobiografia “Pra Ser Sincero”.

“Os livros do Humberto já tinham esclarecido algumas questões, mas faltavam muitas outras, além de um olhar mais plural, de jornalista, que pudesse ouvir os demais envolvidos no passado do grupo”, conta Lucchese, um paranaense de Realeza radicado nas pradarias do Rio Grande do Sul desde 2001. “Sempre acreditei que a história dos EngHaw daria uma boa biografia, já que havia questões em aberto em relação a encontros e separações do grupo, além de ter sido uma banda interpretada de maneira superficial pela maior parte da imprensa”, comenta o autor, que entrevistou cerca de 100 pessoas para o projeto.

Divulgação
Jornalista Alexandre Lucchese decidiu revisitar a trajetória da banda

 

A capa maneira — combinando as cores do último disco de estúdio da formação clássica, “Gessinger, Licks & Maltz” (1992) –, estampa o famoso símbolo das engrenagens capitaneado pelo baterista da banda após conferir umas correspondências burocráticas despretensiosas. Uma delas, diz respeito ao mítico show na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com trajes deselegantes sobre o embate entre Hitler e os judeus.

“Gessinger, de origem alemã, carregava o desenho de uma estrela de Davi na camiseta, enquanto Maltz, descendente de judeus, tinha uma suástica desenhada”, narra o biógrafo. “A gente fazia piada com essas coisas preconceituosas. Não sei como a gente achava que mais alguém, além de nós, acharia graça naquilo”, refletiria, anos depois, Maltz, o fundador oficial da banda, atualmente morando em Brasília.

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Confira entrevista com o jornalista e autor, Alexandre Lucchese:

Metrópoles – Qual foi a parte mais difícil de realizar este projeto?
Alexandre Lucchese – Entrevistei cerca de 100 pessoas, fui atrás de informações em jornais e outros arquivos. A maior dificuldade foi reconstruir cenas de 30 anos atrás, tendo que ouvir muita gente para eliminar contradições e chegar o mais próximo possível dos fatos.

Metrópoles – De um modo geral, o trio foi subestimado pela crítica especializada, o que está bem registrado no livro. Você não acha que essa implicância era um híbrido de preconceito (por seres gaúchos fazendo sucesso no eixo Rio-SP), marra e esnobismo?
Alexandre Lucchese – Creio que sempre foi uma banda difícil de entender. Era uma comunidade muito forte e unida de fãs, que se fortalecia e se renovava a cada show. Quem via de longe, sentado na redação de um jornal em uma grande capital, dificilmente tinha essa sensibilidade. Por outro lado, os rapazes nunca fizeram muita questão de se explicar, de formar alianças com outros grupos. Eram os caras de fora da turma, que tinham chegado de longe e não pediram licença para quem já estava na área. Isso ajudou a criar antipatias e erros de análise.

Metrópoles – Acho o Gessinger um letrista singular, com habilidade única em construir frases de efeitos inteligentes, coisa de quem tem habilidade com as palavras. Seria exagero dizer que ele forma junto com o Renato Russo e o Cazuza a tríade do rock capaz de captar os anseios da juventude?
Alexandre Lucchese – Sou jornalista, um pesquisador e contador de histórias, não exatamente um crítico musical. Por isso, não sou a melhor pessoa para fazer esse tipo de julgamento. O que posso dizer é que a produção do Humberto segue viva e relevante para muita gente ainda hoje, de diferentes faixas etárias. É uma arte que transcendeu seu tempo, assim como a de Cazuza e de Renato Russo.

Metrópoles – Qual a importância que você credita aos Engenheiros do Hawaii no rock nacional?
Alexandre Lucchese – É uma banda com forte personalidade, que demonstrou que haverá sempre espaço para quem pretende fazer boas canções e não tem medo da estrada.

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