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Livros oferecem munição para quem quer ir fundo na acalorada discussão política do momento

“Como Conversar com um Fascista”, de Marcia Tiburi, e “A Graça de Falar Mal do PT”, de David Coimbra, estão entre os títulos publicados no rastro da polarização coxinhas-petralhas

atualizado

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Ilustração: Kácio Pacheco
livros política
1 de 1 livros política - Foto: Ilustração: Kácio Pacheco

A onda começou a crescer durante a Copa do Mundo e se intensificou desde então. Em poucos momentos da história o Brasil se viu tão polarizado politicamente quanto agora. O mercado editorial sentiu o clima e correu atrás. Nas prateleiras das livrarias, é possível encontrar alguns livros que aproveitam o calor do debate para pôr mais lenha na fogueira.

Dependendo do posicionamento político do leitor, ele há de se identificar com um dos cinco que listamos aqui. Aliás, quanto mais leitura melhor. Conhecer o passado e enxergar o presente de diferentes perspectivas é o caminho para se descobrir que não estamos em um Fla-Flu, em um mero “coxinhas versus petralhas”.

Como Conversar Com um Fascista — Reflexões Sobre o Cotidiano Autoritário Brasileiro, dMárcia Tiburi (2015, Record, 196 págs., R$ 42)
O livro de título assumidamente provocativo é um ensaio filosófico-político em que a professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo) reflete sobre o ódio que tem dominado as relações em nosso país diante do atual panorama político. Marcia lança olhar crítico sobre o que ela considera “tentativas de perversão da democracia” e “incapacidade de debater diferenças de forma civilizada”.

As hordas de zumbis antipolíticos desejam sangue. Ele terá de vir do mesmo lugar de sempre, das classes menos favorecidas e dos que, em algum momento, tentaram defendê-las

Marcia Tiburi, filósofa

A Graça de Falar Mal do PT,  de David Coimbra (2015, L&PM Editores, R$ 39,90)
Calma! Apesar do título, não se trata de um livro exclusivamente contra o PT. O jornalista gaúcho David Coimbra segue a cartilha de Millôr Fernandes, que afirmava: “Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”. Dessa forma, o autor gira a metralhadora em direção aos de esquerda e os de direita nas crônicas aqui reunidas, todas escritas para o jornal Zero Hora, entre 2013 e 2015.

Não acredito no jornalismo engajado, defendido por pensadores respeitáveis, como o Veríssimo. Nem no jornalismo engajado da revista Veja, nem no da Mídia Ninja. Não acredito no jornalismo engajado com boas nem com más intenções

David Coimbra, jornalista

Pare de Acreditar no Governo — Por Que os Brasileiros Não Confiam nos Políticos e Amam o Estado, de Bruno Garscheagen (2015, Record, 322 págs., R$ 39,90)
O senso crítico do brasileiro nunca esteve tão evidente quanto nesta era de redes sociais, em que todo mundo compartilha com o mundo o que lhe vem à cabeça. O falar mal do governo, então, é exercitado com a mesma facilidade com que se recorre a esse governo para solução de problemas. Desse paradoxo fala Garscheagen, mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Oxford

Temos que parar de acreditar no governo para que a gente passe a valorizar a iniciativa privada. Enquanto continuarmos pedindo que ele faça um montão de coisas, vamos continuar colocando esses políticos no poder. É parar de acreditar para que a gente possa construir uma sociedade saudável e próspera 

Bruno Garscheagen, cientista político

Esquerda Caviar — A Hipocrisia dos Artistas e Intelectuais Progressistas no Brasil e no Mundo, de Rodrigo Constantino (2013, Record, 434 págs, R$ 54,90)
Nos últimos anos, Constantino se tornou um porta-voz da direita, com opiniões expressas semanalmente na revista Veja. Crítico do “tudo pelo social” e das cotas raciais; defensor da privatização da Petrobras e da floresta Amazônica, ele aqui tem como alvo o que chama de “comunistas de salão”, ícones da cultura que se posicionam à esquerda, se engajam em causas sociais e ambientais e defendem o politicamente correto.

Há um pequeno detalhe: normalmente muitos deles são ricos graças ao capitalismo que atacam; vivem no conforto do Ocidente que desprezam; gozam da liberdade de expressão que inexiste na Cuba que tanto proclamam; e desfrutam da paz e da segurança conquistadas pelo poder militar do Tio Sam que abominam

Rodrigo Constantino, jornalista

O quarto poderO Quarto Poder — Uma Outra História, de Paulo Henrique Amorim (2015, Hedra, 568 págs., R$ 49,90)
Jornalista com cinco décadas de experiência, Amorim passou pelos maiores veículos de comunicação do país, como Globo, Veja, Jornal do Brasil e Band — onde trabalha atualmente. Neste livro ele conta a experiência de ver a história de dentro das redações, destrinchando a relação entre imprensa e poder desde Getúlio Vargas – “a primeira vítima do Partido da Imprensa Golpista”. Revela assim como a mídia brasileira é uma das mais partidarizadas do mundo.

A Segurança Nacional precisava de uma rede nacional de televisão. E a Globo, para sua própria segurança, precisava de uma infraestrutura nacional de distribuição de áudio, vídeo e, principalmente, mensagens publicitárias

Paulo Henrique Amorim, jornalista

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