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Carlos Maranhão lança em Brasília “Roberto Civita – O Dono da Banca”

Jornalista autografa na Livraria Cultura do Iguatemi o livro em que conta a trajetória do homem que comandou a Editora Abril e criou a Veja

atualizado

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Reprodução
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1 de 1 roberto-civita-editora-abril-1972 - Foto: Reprodução

Faziam 42 anos que o jornalista Carlos Maranhão trabalhava no Grupo Abril. Passara pelas redações das revistas Veja, Placar, Playboy e Veja São Paulo. Era experiência suficiente para conquistar a confiança do patrão, o editor e empresário Roberto Civita (1936-2013).

“No dia 4 de junho de 2012, ele me chamou à sua sala e contou que pensara algumas vezes em escrever suas memórias. Acabou desistindo por falta de tempo e, admitiu, de disposição. Mas voltara a considerar o projeto por insistência da filha. Ele então me perguntou: ‘Topa fazer comigo?'”, conta.

roberto-civita-o-dono-da-bancaNesta segunda-feira (17/10), na Livraria Cultura (Shopping Iguatemi), a partir das 19h, Maranhão autografa “Roberto Civita — O Dono da Banca” (Companhia das Letras, R$ 69.90), livro em que realiza, em 533 páginas, o desejo de Civita.

O livro chegou às livrarias em setembro, pouco mais de três anos depois da morte do biografado, mas tem uma significativa colaboração dele. Naquele mesmo encontro em 4 de junho de 2012, foram agendados 37 encontros para entrevistas entre o jornalista e o dono da Abril. Seriam sempre às sextas-feiras.

Apenas oito delas se realizaram, deixando gravadas 16 horas de entrevistas. Carlos Maranhão complementou a biografia básica com depoimentos dos três filhos de Roberto Civita, Giancarlo, Victor Neto e Roberta Anamaria. Recorreu também ao acervo da Memória Abril e a documentos de família.

Seria um livro dele. Eu teria o papel de pesquisar, entrevistar, checar e redigir, como um ghost writer

Carlos Maranhão, autor

Fugiu, contudo, à facilidade de uma biografia chapa-branca — apesar do subtítulo “A Vida e as Ideias do Editor da Veja e da Abril”. Com a morte de Roberto Civita, em maio de 2013, Maranhão decidiu escrever “uma biografia não oficial, de minha inteira responsabilidade”. Teve a sorte de contar com o apoio irrestrito dos filhos de Civita.

No primeiro capítulo, “A Árvore Desfolhada”, o jornalista consegue traçar um sucinto e franco perfil do personagem — decisivo para quem, não tendo ideia de quem seja Roberto Civita, possa continuar ou interromper a leitura. Confira em cinco trechos um resumo da personalidade controversa do editor e empresário.

WORKAHOLIC
“Era um workaholic. Dizia, porém, que não trabalhava. ‘Eu me divirto’, afirmava. De certa forma, tinha razão. Exceto nas reuniões de orçamento — para ele, enfadonhas — das quais se via obrigado a participar, evitava demonstrar seu mau humor e cansaço. Sem procurar esconder os dentes encavalados, amarelecidos por fumar cachimbo compulsivamente durante mais de cinquenta anos, abria o sorriso em qualquer encontro por cortesia e temperamento. (…) Nunca desligava. Nem no almoço, com convidados de fora, nem nos jantares ou em reuniões sociais e encontros familiares”.

PELA ‘LIVRE INICIATIVA’
“Carregava convicções inabaláveis. Era um defensor do capitalismo (preferia a expressão ‘livre inciativa’), da democracia representativa, da liberdade de expressão, do livre-comércio e do liberalismo econômico. Combatia a presença do Estado na economia e na vida dos cidadãos, da burocracia, os excessos da regulamentação, qualquer tipo de censura, os regimes autoritários, o socialismo, o comunismo, a esquerda, e o Partido dos Trabalhadores (PT)”.

LEITOR COMPULSIVO
“Era um homem de grande cultura. Ele a adquiriu não só em sua formação escolar e universitária, destacando-se quase sempre como o primeiro ou segundo aluno da classe em instituições de ponta no Brasil e nos Estados Unidos, mas também por leituras que pareciam infindáveis. Dos cerca de 5 mil livros que tinha em casa e no escritório, é possível afirmar que leu a  maioria”.

VEJA, UMA PAIXÃO
“Mais do que os três filhos, os seis netos, as três esposas, as namoradas e as amantes, ou os outros 51 títulos publicados regularmente pela editora por ocasião de sua saída de cena, sem contar dezenas que ficaram pelo caminho, a entrada no universo digital, os investimentos na área de educação, a descoberta e a formação de talentos, para não falar nas incursões no mundo da televisão, que por um triz não o levaram a quebrar — sim, mais do que tudo isso foi a revista Veja, durante 45 anos e cerca de 2.300 edições, a suprema paixão e sua razão de viver”.

INTIMIDADE COM O PODER
“Foi uma pessoa poderosa. Ajudou a derrubar um presidente e conheceu a maior parte dos principais protagonistas da vida política e econômica do Brasil nos últimos quarenta anos. Acreditava que a educação deveria ser uma prioridade nacional e investiu nela tanto por convicção como por negócio”.

 

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