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Coletivo cubano expõe no CCBB as contradições da América Latina

Mostra, que abre ao público nesta quarta (2), faz retrospectiva da obra de Dagoberto Rodríguez e Marco Castillo, a dupla Los Carpinteros

atualizado

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7 – Dos Camas (2008)
1 de 1 7 – Dos Camas (2008) - Foto: Reprodução

“Um testemunho sobre o que se passa em Cuba e na América Latina”. Com esta frase, o artista cubano Dagoberto Rodríguez resume a próxima exposição do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), chamada “Los Carpinteros: Objeto Vital”. A mostra, aberta ao público geral nesta quarta-feira (2/11), faz uma retrospectiva pela obra do grupo tocado por Dagoberto e seu conterrâneo Marco Castillo.

O impacto das obras pode ser percebido em todas as galerias. As esculturas da dupla são inusitadas e irônicas, com múltiplos significados, que colocam em xeque as mudanças que ocorreram no continente durante as últimas décadas.

Há críticas sobre a influência europeia na América Latina, sobre os modelos políticos vigentes – tanto de esquerda como de direita – e uma forte investigação sobre o estado físico e psicológico do ser humano em meio às novidades.

Em mapa feito exclusivamente pelo Metrópoles, apontamos o local exato das principais obras da retrospectiva, com breve texto explicativo sobre cada uma delas. Confira:

Por dentro da exposição
A exposição tem curadoria de Rodolfo de Athayde, também responsável por mostras apresentadas no CCBB anteriormente, como “Kandinsky: Tudo Começa num Ponto” e “Virada Russa” – dois grandes sucessos de público na capital. Ele dividiu a retrospectiva dos cubanos em três momentos que seguem uma linha cronológica.

No primeiro, “Objeto de Ofício”, os visitantes podem encontrar as peças feitas no início dos anos 1990, quando Cuba enfrentava um grave problema econômico com o colapso da União Soviética. Os materiais são reciclados e a técnica, em grande parte, academicista.

Foi nesse momento que o país se abriu para o turismo e os artistas viram um modo de apresentar os paradoxos de viver um regime socialista. Essa crítica é palpável na obra “Dos Pesos” (abaixo), em que uma cédula de dinheiro feita em madeira guarda, em seu interior, imagens dos trabalhadores no campo. Uma ironia: não existe cédula de dois pesos cubanos.

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Intitulado “Objeto Possuído”, o segundo momento mostra claramente o avanço tecnológico nas peças produzidas e um abandono quase que total do modo clássico de fazer arte. Porém, a madeira ainda é referência na produção de suas esculturas.

É neste momento que se encontra algumas das mais famosas obras da dupla, como a “Estanteria II” (abaixo), numa clara alusão à liquidez do mundo atual, em que saberes são contestados e desconstruídos com facilidade.

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Por fim, a “Espaço-Objeto” traz as últimas produções feitas pelo coletivo, esta com duas vertentes quase que opostas. Numa delas, há uma grande crítica social e política à educação e à cultura da América Latina.

Entre elas, uma pequena reprodução de uma escola cubana sem portas nem janelas (como se não houvesse nem entradas nem saídas) sobre o base frágil de papelão com os dizeres “El pueblo se equivoca”, uma das mais famosas frases de Fidel Castro.

No outro braço deste momento está a produção de imagens que se afastam de tal forma da realidade que, em tese, não poderiam ser reproduzidas em esculturas.

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Galeria de vidro e jardim
Para Dagoberto, a escultura é a melhor forma de se expressar, pois “a arte ganha um valor testemunhal e passa ser um objeto com funções que vão para além da estética”. Partindo desse pensamento, os artistas produziram algumas obras em grande escala, que também tiveram vez na mostra.

Divulgação

A bela “Sala de Lectura” (acima) é feita de tal modo que é possível entrar nela e imaginá-la dentro de uma casa. Em formato de estrela, coloca o leitor no centro do ambiente, em posição privilegiada, já que é possível ver todos os pontos da estante de um mesmo local.

Porém, o que poucos sabem é que esse também é o formato da prisão em que Castro ficou preso em momentos antes de estourar a revolução cubana, em 1955.

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O jardim do CCBB também serve de ambiente para uma das obras do coletivo. A “Ciudad Transportable” parece, à primeira vista, uma série de cabanas típicas de acampamento. Porém, quando verificada com cuidado, percebe-se que cada uma delas representa uma instituição (governo, parlamento, igreja, indústria, etc). Um poderoso questionamento à solidez dos poderes vigentes na atualidade, tão inconstantes quanto frágeis.

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