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Unindo dança e escultura, “Pendular” narra história de casal em galpão

Novo longa de Julia Murat é o terceiro da mostra competitiva e passa neste domingo (17/9), às 21h30

atualizado

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pendular julia murat
1 de 1 pendular julia murat - Foto: Divulgação

Num galpão abandonado, o casal protagonista de “Pendular” vê as fronteiras entre trajetória artística e vida amorosa completamente embaralhadas. O novo longa da diretora carioca Julia Murat é atração neste domingo (17/9), na segunda noite da mostra competitiva do 50º Festival de Brasília. Se perder, não se desespere: tem estreia em circuito prevista já para esta quinta (21/9).

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Autora do premiado “Histórias que Só Existem quando Lembradas” (2011), Julia propõe um diálogo amoroso e artístico em “Pendular”. Se “Histórias” mostrou intensa relação com o olhar fotográfico, o novo filme parte de pelo menos três inspirações.

Julia junta a vontade de unir escultura e dança, elementos simbólicos da performance “Rest Energy” (1980), de Marina Abramovic e seu companheiro Ulay, e a convivência de seis anos com o marido Matias Mariani, com quem a cineasta tem duas filhas.

Em “Pendular”, o ateliê do escultor (Rodrigo Bolzan) e o estúdio da acrobata (Raquel Karro) são separados por uma fita laranja colada no chão. Enquanto Karro é de fato bailarina, com passagem pelo Cirque du Soleil, o ator teve ajuda de sua assistente, que também trabalha para a artista plástica Elisa Bracher, autora das peças que aparecem no filme.

Colocar uma mulher numa posição de igualdade com um homem e isso não ser questionado é um ato político. A gente só foi ter consciência disso exibindo o filme. Isso tem me feito repensá-lo como obra política

Julia Murat

Antes de Brasília, “Pendular” passou no Festival de Berlim no começo do ano, via mostra Panorama. Saiu de lá com o prêmio da crítica. Agora, Julia finalmente estreia como diretora no primeiro festival que conheceu na vida. “Eu fui como júri uma vez e antes como público, com 9 anos. Foi muito marcante. Viajei com minha mãe (Lúcia), vi Bressane. Tenho muito carinho pelo festival”, lembra a carioca.

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“Operações de Garantia da Lei e da Ordem”: filme sobre protestos de 2013 e 2014 tenta entender abordagem midiática e se conecta com a convulsão social vista hoje no Brasil.

 

À época, Lúcia venceu o prêmio Candango com “Que Bom Te Ver Viva” (1989), filme que reúne histórias de mulheres que lutaram contra a ditadura militar. Em 2017, Julia exibe ainda outro longa no festival. Selecionado na mostra paralela Terra em Transe, “Operações de Garantia da Lei e da Ordem” documenta manifestações populares que tomaram as ruas em 2013 e 2014.

A abordagem do filme é se colocar na brecha entre os manifestantes e a representação deles na mídia. “Operações” começou a ser realizado em 2013, mas só foi finalizando durante a reta final de “Pendular”. “É essencialmente um filme analítico, precisou de um tempo de maturação”, explica a diretora.

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Curta da noite: “Inocentes” (RJ)
Antes de “Pendular”, o diretor Douglas Soares propõe um passeio pela obra do fotógrafo fluminense Alair Gomes (1921-1992), especialista em enquadrar corpos masculinos e fabricar imagens com inclinação homoerótica.

Soares lançou seu primeiro longa, “Xale”, em 2016. Entre os curtas que já dirigiu, “Contos da Maré” venceu o Candango de melhor documentário no 46º Festival de Brasília, em 2013.

Mostra Competitiva 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Exibição do longa “Pendular” (RJ, 108min), de Julia Murat, e do curta “Inocentes” (RJ, 18min), de Douglas Soares. Às 21h30, no Cine Brasília. Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.

Sessões também às 20h no Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Setor Central – Gama), Teatro de Sobradinho e Riacho Fundo (em frente à Administração). Entrada franca.

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