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Marília Rocha fala sobre “A Cidade Onde Envelheço”: “Sem ensaios”

“A Cidade Onde Envelheço” foi o grande vencedor do Festival de Brasília 2016. A diretora Marília Rocha fala sobre improviso e espontaneidade

atualizado

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Luigi Angelucci/Divulgação
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1 de 1 marília_rocha_FOTO_luigi_angelucci_09 - Foto: Luigi Angelucci/Divulgação

“A Cidade Onde Envelheço”, filme vencedor do Festival de Brasília 2016, marcou a primeira experiência da diretora Marília Rocha em longas de ficção. Com uma carreira consolidada no documentário, ela adotou como método a espontaneidade e o improviso.

Para tal, a goiana radicada em Minas Gerais construiu a história em torno das atrizes portuguesas Francisca Manuel e Elizabete Francisca. Primeiro conheceu Francisca, que morou um tempo em Belo Horizonte. “Foi a principal referência para o primeiro tratamento do roteiro”, diz Marília.

Para completar a amizade entre duas portuguesas em BH, Marília buscou Elizabete em Portugal. “Filmamos dezenas de meninas que procuravam uma maneira de sair do país naquela época de crise, e que tinham muitas fantasias em relação ao Brasil”, explica a cineasta.

Saudades de casa x sentir-se em casa
A principal marca de “A Cidade Onde Envelheço” talvez seja a naturalidade com que as atrizes navegam por Belo Horizonte. Recebem amigos em casa, se divertem, trabalham, mas nutrem relações distintas com a cidade.

Esse clima de residência artística (ou cinematográfica) foi pensado por Marília. “O que trabalhamos foi manter sempre uma certa instabilidade no processo de filmagem”, ela diz. Por isso, a diretora não entregou o roteiro às atrizes e dispensou ensaiar os diálogos.

Veja entrevista com as atrizes Elizabete e Francisca no Festival de Brasília 2016:

“A casa das protagonistas era realmente habitada por elas, que podiam alterar o espaço e a decoração porque viviam ali”, continua Marília. A intimidade que transborda o filme e contamina as relações entre atrizes e diretora nasceu de uma “combinação de olhares”, segundo a realizadora.

Tanto as portuguesas como a brasileira veem o conceito de lar como algo transitório. Algo que não necessariamente depende de raízes, mas que se realiza a cada deslocamento.

“Elas trazem consigo um dilema muito português, de ficar ou partir. Curiosamente, coincide com um drama tipicamente belo-horizontino. Tem a ver com dar ou receber hospitalidade e acolhimento. Deslocar-se, mas ser acolhido, ou desejar sentir-se em casa”, reflete Marília.

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