Crítica: “Rifle” narra conflitos por terra no Brasil rural
Filme gaúcho narra embates entre agricultura familiar e agronegócio. Venceu prêmios de som e roteiro no Festival de Brasília 2016
atualizado
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Com uma estética naturalista e quase documental, o longa gaúcho “Rifle”* narra uma série de situações extremas ambientadas no Brasil rural. Mais curioso ainda é perceber como o filme parte das tensões entre agricultura familiar x agronegócio para compor um personagem enigmático, dono de angústias misteriosas e capaz de atos abruptos de violência.
Dione, um jovem interiorano do Rio Grande do Sul, é abordado certo dia na cerca da propriedade por um suposto empresário, que revela interesse pelas terras. É a modernização se avizinhando de uma família simples. A namorada de Dione até prefere que as terras sejam vendidas. O pai dela, aqui e ali, também dá sinais de cansaço.
Faroeste regionalista
Pois Pretto está mais interessado em expedientes pessoais do que sociais. Há uma longa sequência em que Dione, depois de tanto alisar o rifle, protagoniza uma sequência de filme de ação.
Ele ainda não sofreu nenhuma nova abordagem ou assédio dos figurões que desejam adquirir as terras. Mesmo assim, Dione ajeita a mira e atira em carros que trafegam pelos arredores. Dentro de uma fabricação de filme de suspense, Pretto encontra a medida certa para um faroeste minimalista de defesa de forte.
Entre caminhadas solitárias e contradições pessoais, “Rifle” funciona como a crônica de um pária perdido entre a cidade e o campo. Apesar de certas arestas de roteiro, Pretto consegue transcender o mero registro de fundo social e formar uma narrativa que se equilibra bem entre naturalismo regional e elementos de filme de gênero.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “Rifle”.
*Crítica originalmente publicada durante a cobertura do Festival de Brasília 2016