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Crítica: “O Botão de Pérola” investiga massacres históricos no Chile

Documentário de Patricio Guzmán parte de uma crônica sobre o oceano para falar sobre massacre de indígenas e assassinato de pessoas durante a ditadura de Pinochet

atualizado

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CineSesc/Divulgação
O Botão de Pérola
1 de 1 O Botão de Pérola - Foto: CineSesc/Divulgação

Autor do elogiado documentário “Nostalgia da Luz” (2010), o chileno Patricio Guzmán volta a investigar a alma de seu país em mais um trabalho que revela uma dupla camada temática – ecológica e política. Em “Botão de Pérola”, o cineasta utiliza o oceano para falar tanto sobre os encantos da natureza quanto os horrores que a água esconde, abriga e depois mostra.

Com narração em off do próprio Guzmán, o filme começa como uma crônica até bastante tradicional sobre a Patagônia, região sul do país. A água está por toda parte, em planos-detalhe e panorâmicas. O cineasta vai, então, fiando um ensaio sobre o caráter atemporal do litoral chileno: é a água na condição de elemento cultural e fundamental para a vida no país, ontem e hoje.

A partir daí, pouco a pouco, Guzmán usa bem a curta duração (82 minutos) para infiltrar temas caros a ele: o massacre dos indígenas da Patagônia, entre o século 19 e o início do século 20, e o assassinato de pessoas durante a ditadura militar de Pinochet, que destituiu Salvador Allende do poder e lançou o país num longo período de violência e repressão (1973-1990).

A história do Chile de um ponto de vista pessoal
Há uma clara relação pessoal do diretor com os personagens e temas tratados. Os últimos sobreviventes dos povos indígenas – poucas dezenas de pessoas – contam histórias sobre aventuras e antepassados. Num determinado momento, dois entrevistados são estimulados a falarem palavras e a narrarem eventos na língua nativa, hoje em extinção.

Ao recuperar os massacres da ditadura, Guzmán relembra os corpos que foram jogados ao mar de helicópteros. Reconstitui até a maneira como as pessoas eram preparadas para a desova – envoltas em sacos de pano e plástico, presas a um trilho de ferro.

O oceano devolve para o cineasta um símbolo dos dois massacres: botões de pérola. A partir disso, “O Botão de Pérola” se molda como um documentário de metáforas simples, mas poderosas. Tudo do ponto de vista pessoal de um cineasta preocupado em entender as contradições, belezas e mazelas de seu país.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “O Botão de Pérola”.

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