Crítica: “Batman vs Superman” traz confronto entre o homem e Deus

Épico de super-heróis da DC Comics flagra as diferenças de temperamento e poder entre Batman (Ben Affleck) e Superman (Henry Cavill)

Felipe Moraes
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Atenção para possíveis spoilers!

Ansioso para agradar os fãs e finalmente fundar um universo tão grandioso quanto o da Marvel e seus Vingadores, a DC Comics vislumbra dar um passo adiante na mitologia dos super-heróis em “Batman vs Superman – A Origem da Justiça”. Mas a pressa em preparar logo o terreno para a chegada da Liga da Justiça pode ter prejudicado as pretensões de Zack Snyder, também diretor de “O Homem de Aço” (2013), o filme inaugural da atual cronologia.

As coisas já começam de um jeito aborrecedor: mais uma vez, é narrada a origem de Bruce Wayne, agora vivido por Ben Affleck. Elipses rápidas nos colocam numa era em que o Batman luta contra o crime há duas décadas. A megacidade vizinha de Gotham, Metrópolis, andou passando por maus bocados quando Superman (Henry Cavill) derrotou Zod (Michael Shannon) — matando milhares de inocentes em cada megaexplosão.

A santidade do Super-Homem passa a ser discutida publicamente por figuras como a senadora Finch (Holly Hunter) e Wallace (Scoot McNairy), funcionário das empresas de Wayne que perdeu as duas pernas por consequência do embate mítico e catastrófico entre os deuses do planeta Krypton.

Um mero prólogo (ou trailer) de Liga da Justiça
O duelo nasce da desconfiança de Batman em Superman. No primeiro encontro, o Homem Morcego deixa o alerta: “você vai sangrar”. Aliás, todo o filme é de momentos assim, construídos em torno dos tiques de sempre de Snyder: as cenas importantes (quase todas) vêm em câmera lenta, há sequências de sonhos demais para dar uma suposta profundidade aos heróis e a teimosia de alavancar um conflito por falas-síntese sobre as dualidades dia x noite e homem x deus.

No meio disso tudo, entre as crises de Superman e o crescente interesse de Batman em enfrentá-lo, Snyder precisa cumprir compromissos importantes: apresentar o novo Lex Luthor, vivido por um Jesse Eisenberg com cacoetes de Coringa, e dar tempo de tela para Gal Gadot no papel da Mulher Maravilha, personagem que deve ter aventura solo em breve.

Enquanto Luthor conspira contra Superman por meio da infalível kryptonita, a Mulher Maravilha passeia pelo filme com aparições calculadas demais para fazer algum sentido. A segunda metade do longa tenta expandir a cronologia a todo custo, bem à maneira dos filmes da Marvel, com pistas soltas (que farão sentido no próximo produto) e passagens expositivas sobre personagens futuros.

Por fim, a DC até consegue trazer algum frescor nas cenas de porrada do Batman, com menos cortes do que de costume e espertas composições sonoras que reforçam a aspereza do mascarado. Quando o Superman entra em cena, porém, vê-se o mesmo tipo de destruição em massa digital que tornou “O Homem de Aço” um filme tão épico quanto insosso.

“Batman vs Superman” é gigantesco, sem dúvidas. Mas igualmente afobado para erguer a mitologia que o selo pretende consagrar nos dois futuros filmes da Liga da Justiça.

Avaliação: Regular

Veja horários e salas de “Batman vs Superman – A Origem da Justiça”.

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