Casa do festival de cinema mais tradicional e politizado do país, Brasília também se destaca na produção de filmes por diretores da cidade. Em 2017, pelo menos nove longas-metragens estão em processo de filmagem, finalização ou prestes a serem lançados.
Mesmo não sendo tão frequente ver longas candangos estreando no circuito comercial – em 2016, por exemplo, tivemos “Uma Loucura de Mulher” (Marcus Ligocki) e “Cícero Dias, o Compadre de Picasso” (Vladimir Carvalho) –, a safra brasiliense é farta em estilo e quantidade: documentários, ficções e temas como identidade de gênero e intolerância inspiram as produções.
Confira abaixo detalhes de nove longas brasilienses em produção ou perto de estrear:
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"O Homem Cordial", de Iberê Carvalho. O roteiro do segundo longa de Iberê Carvalho ("O Último Cine Drive-in", 2015) está sendo escrito em parceria com o roteirista e cineasta uruguaio Pablo Stoll ("Whisky", 2004). O longa deverá ser rodado em 2018 e terá como protagonista o roqueiro e ator Paulo Miklos ("O Invasor" e "É Proibido Fumar"). Discutindo temas atuais, a película fala sobre intolerância, racismo, linchamentos e o tratamento midiático dado a todos esses temas. "A ideia é relacionar esses assuntos sem fazer um filme panfletário", afirma Maíra Carvalho, produtora e diretora de arte
Divulgação
festival
"O Colar de Coralina", de Reginaldo Gontijo. Estreia prevista para outubro ou novembro. "O Prato Azul-Pombinho", poema de Cora Coralina, inspira o primeiro longa de ficção de Reginaldo Gontijo, que assinou com Luiz Fernando Suffiati o documentário "O Mar de Mário" (2010), sobre o mítico Mário Peixoto, autor do clássico "Limite" (1931). Com Letícia Sabatella no papel de Jacinta, mãe de Cora, a trama narra a infância da escritora a partir de um velho costume de punir crianças que quebravam louça. À época, fim do século 19, os pequenos usavam colares de cacos feitos das porcelanas despedaçadas. O filme será atração no Festivalzinho, segmento infantil do 50º Festival de Brasília
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Pôster de "O Colar de Coralina"
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"Maria Luiza", de Marcelo Díaz. A primeira mulher transexual das Forças Armadas brasileiras, Maria Luiza da Silva, terá sua
vida retratada pelo documentarista Marcelo Díaz (curta "Oficina do Perdiz"). A película, realizada com recursos do FAC, narra a história da cabo da Aeronáutica que ainda luta para ser aceita como mulher dentro da corporação. "Vamos retratar as questões que ela viveu dentro das Forças Armadas, seus sonhos e seus desejos. Por exemplo, ela gostaria de poder usar a farda feminina pelo menos em cerimônias oficiais. Até hoje, isto não foi possível para ela", revela Díaz
Diego Bresani/Diazul de Cinema
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Filmagens de "Maria Luiza", sobre a primeira transexual das Forças Armadas brasileiras
Diego Bresani/Diazul de Cinema
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"Pureza", de Renato Barbieri. O longa encontra-se em fase de planejamento de produção, mas já garantiu R$ 6 milhões em recursos captados. É resultado da parceria do diretor com o cineasta e produtor Marcus Ligocki ("Uma Loucura de Mulher"). A ficção, baseada em fatos reais, narra a história de Pureza, uma mulher que parte em busca do filho Abel, desaparecido no interior do estado do Pará (os nomes do elenco ainda não estão confirmados). Essa é a terceira parceria entre Barbieri e Ligocki ("Três Vidas de Maria" e "Félix Varela"). "A busca de Dona Pureza mudou a vida de muitas pessoas no Brasil. É esse aspecto da história dela que nós vamos enfocar", esclarece Ligocki
Reynaldo Zangrandi Júnior/Divulgação
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"Servidão", de Renato Barbieri. Outro projeto de Barbieri é um documentário sobre trabalho escravo no Brasil contemporâneo. Concentradas em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, as filmagens registram entrevistas com personagens reais e especialistas. Deve ser finalizado até março de 2018 e lançado no fim do ano. "O governo Temer suspendeu a verba para a fiscalização do trabalho escravo. O cenário é preocupante, assustador", diz Nina Rodrigues, diretora de produção do longa.
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"Ainda Temos a Imensidão da Noite", de Gustavo Galvão. Autor dos longas "Nove Crônicas para um Coração aos Berros" (2012) e "Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa" (2013), Gustavo Galvão começa a rodar seu novo filme em setembro, em Brasília. Depois, a produção ficará uma semana em Berlim, no mês de outubro. Dois músicos brasilienses dividem história de amor, compromissos na mesma banda e angústias pessoais e profissionais. Lee Ranaldo, guitarrista e fundador do Sonic Youth, assina a produção musical do longa. Animal Interior, banda formada por músicos da cidade, foi criada especialmente para o projeto
Cristiane Oliveira/Divulgação
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"A Roda da Vida", de William Alves (foto no topo). Codiretor ao lado de Zefel Coff, Alves estuda fazer o filme circular em festivais internacionais antes de lançá-lo no circuito brasileiro. "O Kleber Mendonça Filho usou essa estratégia com 'O Som ao Redor' (2012)", lembra o cineasta. Entre psicologia budista, política e metalinguagem, a história segue Osmar (Marcelo Pelúcio), sujeito inquieto e insatisfeito com a vida. Enquanto planeja como será a carreira de "A Roda da Vida", Alves e Coff iniciam a produção de "Lucinda", baseado em "Sem Olhos" (1876), conto de terror escrito por Machado de Assis
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"Triz", de André Carvalheira. Selecionado para a mostra Futuro Brasil do 50º Festival de Brasília, o primeiro longa do fotógrafo André Carvalheira passará pelo crivo de curadores de festivais internacionais. As sugestões dos convidados podem servir como inspiração para futuras alterações em "Triz", película que discute a especulação imobiliária em Brasília ao entrecruzar as histórias de um arquiteto (Renan Rovida) e um operário da construção civil (Wellington Abreu, foto). "É uma etapa que nós queremos passar para sentir o filme e depois mexer na ilha de montagem", acredita Carvalheira sobre a película, orçada em R$ 1 milhão
Alisson Machado/Divulgação
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Candango – Memórias do Festival, de Lino Meireles. Pela primeira vez desde a sua criação há 53 anos, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ganha um documentário totalmente dedicado à sua existência. A produção do portal Metrópoles, dirigida pelo cineasta Lino Meireles e coproduzida por Marcus Ligocki, narra a história do festival de cinema mais longevo do país por meio das memórias e afetos de cerca de 71 entrevistados, entre atores, diretores, produtores, roteiristas e organizadores do certame
Arquivo Público do DF/Divulgação
claudio assis
Além de Brasília, a produção passou por Rio de Janeiro, São Paulo e Recife para registrar os depoimentos de grandes nomes do cinema brasileiro, como Cacá Diegues, Ruy Guerra, Anna Muylaert, Dira Paes e Cláudio Assis (foto). Murilo Grossi, José Eduardo Belmonte, Vladimir Carvalho, Chico Sant’Anna, Iberê e Maíra Carvalho são alguns dos nomes de Brasília que também prestaram depoimentos ao filme. Rodada entre dezembro de 2016 e março de 2017, a película encontra-se em fase de pós-produção e será montada por Felipe Lacerda, responsável pelas montagens de mais de cinquenta longas, incluindo "Ônibus 174" (2002), dirigido por José Padilha, e "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles
Daniel Ferreira/Metrópoles
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