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“A 13ª Emenda”: o documentário sobre racismo que pode ganhar o Oscar

Documentário “A 13ª Emenda”, da diretora Ava DuVernay, analisa a situação desigual dos negros nos Estados Unidos

atualizado

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Reprodução/Netflix
A 13ª Emenda, filme
1 de 1 A 13ª Emenda, filme - Foto: Reprodução/Netflix

“A 13ª Emenda”, documentário lançado na Netflix, abre com informações assustadoras. Os Estados Unidos concentram cerca de 5% da população mundial. E, também, 25% da população carcerária do planeta. Um a cada três negros corre sérios riscos de ir para a cadeia. Entre os brancos, a estatística cai de 1 para 17.

Ava DuVernay, diretora de “Selma – Uma Luta pela Igualdade” (2014), volta a falar sobre racismo na América. Desta vez, a cineasta desenha um painel informativo e analítico sobre a grave situação dos afro-americanos no país. As cadeias inchadas servem apenas como ponto de partida. A criminalização das comunidades negras vem de um processo histórico lento e pontuado por sutis reformulações.

Antes de entrar em pormenores, vale explicar o título. A 13ª emenda da Constituição Americana aboliu a escravidão e o trabalho involuntário. Mas há uma vírgula importante na lei: a exceção permite o cerceamento da liberdade em caso de “punição por crime”. É a brecha que ajuda a explicar a superlotação das cadeias e a permanente marginalização de negros, latinos e até imigrantes.

Uma aula de história
Reunindo entrevistas de acadêmicos, legisladores e ativistas, DuVernay assume o tom de aula de história desde o início. O que é bom, em certo sentido: um filme que pretende e consegue educar. Mas há também uma ambição de historiadora nesse projeto.

A cineasta enumera os diferentes contextos sociais e culturais que os negros viveram nos Estados Unidos para, então, chegar ao cenário atual: de encarceramento em massa, violência policial contra as comunidades e o lucrativo esquema dos convênios com empresas privadas nas prisões.

DuVernay faz uma cronologia óbvia, mas necessária sobre o racismo nos Estados Unidos. Mesmo com a escravidão abolida, os negros sofreram com um longo processo de criminalização após a Guerra Civil. Quando a intolerância atingiu seu ápice violento com a Ku Klux Klan, o preconceito se reajustou na forma da segregação.

Reprodução/Netflix
A cineasta Ava DuVernay: “A 13ª Emenda” pode chegar ao Oscar

 

Da escravidão ao #BlackLivesMatter
Nos anos 1960 e 1970, época dos movimentos pelos direitos civis, o ex-presidente Nixon usou a prisão como saída para sufocar o ativismo. A seguir, políticos e legisladores adotaram a famosa guerra às drogas nos governos Reagan, Bush e até do democrata Bill Clinton. Há, nas entrelinhas, uma preocupação com o que Donald Trump fará se eventualmente vencer as eleições 2016.

Entre um ano e outro, mais negros lotam as prisões e povoam o noticiário policial. DuVernay encontra o tom certo, entre a indignação e a crônica analítica, para mostrar como a construção da imagem do negro como bandido (uma “evolução” do selvagem estuprador pós-Guerra Civil) contribui para a manutenção de toda uma indústria prisional baseada no medo e na repressão.

Por fim, ela busca refúgio e um sopro de esperança em iniciativas como o #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam), que invadiu as ruas e as redes sociais em protesto pela morte de jovens negros. Num sentido até utópico, mas confiante, “A 13ª Emenda” tenta ser parte desse movimento por meio da intensa articulação de dados, falas e desabafos.

“A 13ª Emenda” está disponível na Netflix

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