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Gaymada: o jogo que virou festa dedicada aos jovens LGBTs da periferia

Metrópoles esteve na última edição do evento, que ocorreu no domingo (30/4), e conta o que viu por lá

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Ricardo Botelho/Especial Metrópoles
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1 de 1 gaymada 3 - Foto: Ricardo Botelho/Especial Metrópoles

Todo último domingo do mês, o estacionamento 11 do Parque da Cidade ganha uma nova função: abrigar a Gaymada, uma festa cheia de carros de sons, DJ e jovens estilosos da periferia brasiliense. A balada LGBT começa às 16h e só acaba quando o último participante decide ir embora.

Gratuita e aberta ao público, a balada começou a ocorrer no mesmo local há cinco anos. O estacionamento 11 foi escolhido por conta da proximidade com o Bar Barulho — tradicional ponto LGBT da cidade. Antes, era apenas um jogo de queimada entre amigos que viviam fora nas Regiões Administrativas. Atualmente, o esporte não ocorre mais, porém, a tradição desses encontros permaneceu e virou uma grande festa.

O Metrópoles esteve na festa que ocorreu no último domingo (30/4) e pôde constatar que boa parte dos cerca de 1,5 mil participantes eram jovens com menos de 20 anos. Muitos, inclusive, ainda não tinham 18 anos.

“Para muitos LGBTs, a Gaymada é a primeira festa somente entre amigos. É aqui que podemos nos soltar e ser quem quisermos. De quebra, ainda conseguimos dar uns beijinhos e fazer novas amizades”, diz um participante do evento que preferiu não se identificar.

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Juventude
O corretor imobiliário Jhonata Cezar, de 18 anos, é um dos responsáveis pela organização do evento. “Como já é uma tradição, o povo se movimenta sozinho, faz a própria festa. Nós cuidamos de uma página oficial da Gaymada no Facebook para dar informações e divulgar os agitos”, explica.

A balada é democrática até na música. É possível encontrar diversos carros de som tocando ritmos diferentes – que vão do pop ao funk – e comerciantes vendendo comidas e bebidas. Além das tradicionais cervejas, havia uísque, catuaba e o juvenil “gummy”, mistura de vodca com suco em pó.

Outro lado
Nem tudo é diversão na noite da Gaymada. Como não se trata de um evento organizado, não há banheiros químicos, suporte policial e apoio para limpeza. Por isso, o estacionamento amanhece com lixo acumulado no chão e odor desagradável de urina em áreas verdes próximas.

Outra observação feita pela reportagem é que os comerciantes vendem bebidas alcoólicas para jovens sem pedir qualquer identificação, mesmo sabendo que muitos deles são menores de idade. O excesso de consumo dos variados tipos de “baygon” (gíria usada para falar de drinques) causa dor de cabeça aos frequentadores do parque.

Para Jhonata, o comércio ilegal não é responsabilidade da organização do evento. “Eu deixo bem claro ao público da festa que o problema é de quem vende”. Na festa, havia até mesmo jovens com menos de 18 anos comercializando copos cheios de “gummy” por R$ 2.

A Administração do Parque da Cidade afirmou que conhece a festa e que a acompanha de perto, entrando em contato com outros órgãos para que seja realizada uma fiscalização na área. “Não posso e nem quero impedir que os encontros aconteçam, mas também não posso deixar que ocorram irregularidades no local”, afirma o administrador do parque Alexandro Ribeiro.

Jhonata confirmou que a Polícia Militar aparece na festa em alguns momentos. “Eles dão uma olhada em volta e depois vão embora. Nunca causaram problemas para o evento”, disse o organizador.

Morte
A consumo excessivo de bebida alcoólica pode ter vitimado uma pessoa no último domingo. Kelry Oliveira morreu atropelada em área próxima da plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto. Ela havia acabado de sair da Gaymada e, de acordo com alguns participantes do evento, havia ingerido muita bebida alcoólica.

Sua morte motivou uma postagem da organização da Gaymada no Facebook pedindo mais consciência por parte dos participantes. “Faço um apelo a todos os manos e manas: se forem beber, bebam menos ou peçam para um amigo ficar sóbrio, para que não aconteçam mais tragédias como essa”, declaram os organizadores.

Testemunhas no local do acidente relataram que ela atravessava a rua quando o motorista do ônibus fez uma curva e a atingiu. Em depoimento, o condutor do coletivo informou que, após o semáforo abrir, fez a curva acentuada à direita, vindo a sentir um solavanco na roda traseira do veículo, mas que, em nenhum momento, observou se tratar de uma pessoa.

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