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Vaqueiro mentiu para viúva após matar procurador e filho

Durante o velório de pai e filho, nesta quinta-feira (15/9), parente das vítimas disse que assassino confesso falou por telefone na segunda-feira (12) que ambos já tinham voltado para Brasília, mas eles estavam mortos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Enterro dos procuradores
1 de 1 Enterro dos procuradores - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os corpos dos procuradores Saint’Clair Martins Souto, 78 anos, e do filho Saint’Clair Diniz Martins Souto, 38, foram enterrados por volta das 17h30 nesta quinta-feira (15/9) no Cemitério Campo da Esperança. Eles foram executados na fazenda da família em Vila Rica, Mato Grosso, e o assassino confesso é o vaqueiro José Bonfim Alves, que trabalhava para pai e filho no local. Por telefone, na segunda (12), o homem informou para a viúva do procurador aposentado que pai e filho tinham voltado para Brasília, mas já eles estavam mortos.

O crime teria ocorrido na sexta-feira (9), mas os corpos foram encontrados na quarta (14). Entre os presentes no velório, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que chegou por volta das 15h15 e não falou com a imprensa. Rollemberg foi embora pouco tempo depois.

Segundo o delegado Gutemberg de Lucena Almeida, de Vila Rica (MT), o vaqueiro chegou na noite desta quarta-feira (14/9) ao município, e na manhã desta quinta, prestou depoimento. Ainda de acordo com Almeida, ele apresentou a mesma versão do crime e confessou mais uma vez o duplo homicídio. A polícia investiga se o vaqueiro agiu sozinho ou teve ajuda de um comparsa.

O suspeito deverá ser transferido para Cuiabá, que fica a 1,3 mil quilômetros de distância de Vila Rica, ainda nesta quinta. Ele está preso temporariamente, mas a polícia estuda transformar a prisão em preventiva. O inquérito deve ser fechado até o fim do mês, de acordo com o delegado.

O crime choca pela frieza e crueldade. O servidor público Elvécio Martins, 56 anos, sobrinho e primo das vítimas, diz que vaqueiro era uma pessoa de extrema confiança da família. “A viúva do pai, Elizabeth, ligou para ele segunda perguntando pelo marido e pelo filho. O vaqueiro falou que eles já tinham voltado pra cá (Brasília), sendo que eles já estavam mortos”, contou.

Ele era uma pessoa de extrema confiança, já esteve na minha casa, trabalhava com eles (os procuradores assassinados) havia oito anos. A gente nunca imaginou isso

Elvécio Martins, servidor público, sobrinho e primo das vítimas

O velório está lotado. O clima é de indignação, tristeza e perplexidade com a brutalidade do crime. Luis Cláudio Abreu, que era sócio de pai e filho em um escritório de advocacia, no Lago Sul, disse que as vítimas eram pessoas extraordinárias. “Não tem explicação um crime brutal, uma tragédia como essa”, disse.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Emoção e revolta no enterro dos procuradores

Outro sócio, Rene Rocha Filho, disse que foi para Vila Rica na segunda atrás de notícias de pai e filho. Ele nega que os procuradores estivessem desconfiados do vaqueiro. Segundo Rene, eles foram até a fazenda para vender gado. Rene ficou no município de Mato Grosso até os corpos serem trazidos, nesta quinta, e garante que, de acordo com o legista, o procurador aposentado levou quatro tiros e o filho teria sido executado com um tiro na nuca.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção DF (OAB-DF), Juliano Costa Couto, e o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Estado (Anape), Marcelo Terto, também estão no velório. As duas entidades acompanham as investigações sobre o crime. Os corpos foram enterrados por volta das 17h30. As viúvas e os filhos das vítimas ficaram sentados próximo aos caixões chorando muito enquanto o padre fazia a última oração. Mais de mil pessoas acompanharam o enterro.

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