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Sindicato protesta e denuncia suposta exploração em embaixadas

Embaixada da Angola foi o local escolhido para a manifestação de ex-funcionários que apontam desrespeito no cumprimento de leis trabalhistas

atualizado

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Mirelle Pinheiro/Metrópoles
embaixada da angola
1 de 1 embaixada da angola - Foto: Mirelle Pinheiro/Metrópoles

Representantes do SindNações, sindicato filiado à CUT e que representa os funcionários das embaixadas, se mobilizaram, na manhã desta terça-feira (4/4), para denunciar supostas explorações trabalhistas, cobrar pagamento de direitos e denunciar abusos por parte de embaixadas africanas em Brasília.

O local escolhido para a manifestação foi a embaixada da Angola, na QL 6 do Lago Sul. De acordo com o presidente do SindNações, Raimundo de Oliveira, a decisão de fazer o ato na quadra se deve a uma reunião de embaixadores africanos, marcada para ocorrer no local.

“Eles não cumprem as obrigações trabalhistas. Recebemos denúncias de auxiliares administrativos, motoristas, vigilantes e assessores. Todos falam em assédio e exploração por parte dos patrões”, explicou.

Valter Santos, 52 anos, explica que foi vigilante da embaixada da Argélia de 2002 a 2007. “Me colocavam para trabalhar como se eu fosse escravo. Não tinha descanso. Eu não tinha sequer as chaves do portão, mesmo sendo o vigilante. Ficava preso sem guarita e só podia sair depois que o embaixador chegasse”, denunciou.

Santos relata que entrou com um processo e ganhou em primeira instância, mas ainda não recebeu seus direitos porque a embaixada recorreu. “Até o meu casamento terminou. Não tinha tempo para a família e o dinheiro não entrava. Hoje, moro de favor”, concluiu.

O africano Mahamed Nabe relata que era assessor de imprensa na embaixada da República de Guiné e foi expulso do trabalho depois que apontou irregularidades no pagamento. “Encontrei documentos que mostram o repasse feito para a embaixada pagar os funcionários. O embaixador dizia que pagava um valor superior para cada trabalhador, mas só ganhávamos o piso”, afirmou.

Atualmente, Nabe também conta com a ajuda de amigos para se manter. O Metrópoles pediu para falar com os embaixadores que participavam do encontro na QL 6, mas funcionários da segurança afirmaram que ninguém se manifestaria sobre o assunto. A Polícia Militar acompanhava a manifestação, que seguia de forma pacífica até a última atualização dessa reportagem.

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