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Sem atendimento na rede pública, mulher rifa Fusca para tratar câncer

Maria José Cardoso Gomes, 55 anos, está com câncer no reto em estágio avançado. A família está rifando o Fusca “de estimação”

atualizado

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Arquivo Pessoal
Maria José Câncer
1 de 1 Maria José Câncer - Foto: Arquivo Pessoal

Maria José Cardoso Gomes, 55 anos, cansou de esperar. Depois de ser diagnosticada com um câncer no reto em estágio avançado e após diversas tentativas frustradas de receber atendimento apropriado no sistema público de saúde, a cozinheira e os familiares decidiram agir para conseguir um tratamento. Por isso, eles estão rifando um Fusca “Itamar”, ano 1994, com o objetivo de custear contas de quimioterapia, radioterapia e de uma possível cirurgia.

Antes de recorrer à solidariedade de parentes e amigos, a moradora do Paranoá tentou ser socorrida pelo sistema público de saúde do DF. Em outubro do ano passado, ela afirma que começou a sentir desconforto e, inicialmente, achou que poderia estar sofrendo com hemorróidas. No entanto, como cinco de suas 10 irmãs já haviam sido diagnosticadas com câncer, decidiu procurar auxílio médico.

Primeiro, ela informou a situação a uma ginecologista da rede pública. A especialista fez um encaminhamento para que a mulher fosse examinada por um proctologista. Maria José diz que, até hoje, aguarda ser chamada para essa consulta. O tempo passou e os sintomas foram se agravando.

Em agosto deste ano, Maria José conseguiu uma consulta com uma gastroenterologista no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), e a médica pediu exames de endoscopia e colonoscopia. Na primeira tentativa, a cozinheira afirma que só conseguiu fazer a endoscopia, porque teve uma reação a um dos remédios necessários para a colonoscopia.

Uma nova tentativa foi marcada para setembro, no entanto, Maria José diz que, com poucos dias de antecedência, o exame foi cancelado e remarcado apenas para novembro. A essa altura, ela já estava debilitada, e uma de suas irmãs conseguiu uma consulta com um proctologista na rede particular. O diagnóstico foi categórico.

“Ele disse que eu não tinha tempo, pois o câncer podia romper a qualquer momento e não podia esperar pelo tratamento na rede pública. A doença estava muito avançada”, afirma Maria José. “Pensei: Como vou fazer? Não tenho dinheiro nem de onde tirar”, explica.

Foi aí que a solidariedade da família veio à tona. Após saber da situação, um dos cunhados da cozinheira ofereceu o seu Fusca “de estimação” para ajudar no pagamento do tratamento de Maria José. A família, então, decidiu fazer uma rifa — cada um dos bilhetes custa R$ 40. O sorteio será realizado em 31 de dezembro.

Reprodução

Maria José já está passando por sessões de quimioterapia e radioterapia. O primeiro tratamento custa cerca de R$ 6 mil e o segundo, R$ 16 mil. Há ainda o preço da cirurgia de retirada do tumor, que só pode ser realizada após a diminuição do cisto. Ainda não há estimativa de custo para o procedimento.

Ao ser questionada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do DF afirmou que, um ano após o encaminhamento pedido pela médica, Maria José “já foi inserida na lista para a consulta de proctologia”, e que “a convocação ocorre de acordo com a prioridade de cada caso”.

Quem quiser contribuir com a rifa para o tratamento de Maria José pode mandar mensagem para algum dos seguintes números: (61) 99552-4116, (61) 99674-3001, (61) 99631-9292, (61) 99508-0795.

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