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Falha no sistema de digitais da PCDF ameaça identificação de bandidos

Pelos cálculos do Sindicato dos Policiais Civis, a identificação de até 1.200 criminosos pode não estar sendo feita desde 14 de julho

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A atuação dos peritos papiloscopistas do Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) está prejudicada graças a falhas no sistema de busca de impressões digitais da corporação. Pelos cálculos do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF), a identificação de até 1.200 criminosos pode não estar sendo feita desde 14 de julho, quando uma nova empresa assumiu a prestação do serviço. Dificuldades na implementação de um software próprio estão complicando o funcionamento das máquinas.

A nova empresa – Griaule Biometrics – que fornece o sistema de biometria ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi contratada emergencialmente por R$ 2,2 milhões. Conhecido por Afis – sigla em inglês para Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais –, o sistema é responsável, sobretudo, pelo trabalho de confronto de impressões digitais coletadas em locais de crime com o objetivo de identificar os autores.

Com o novo contrato, a empresa deveria implantar um software próprio trazendo uma solução na tecnologia Afis, uma vez que não tem capacidade de operar ou dar suporte à ferramenta que estava em uso desde 2008. No entanto, segundo o Sinpol, nesses quase 40 dias desde o início do contrato, o que se tem no Instituto de Identificação “é uma sequência de tentativas e erros e nenhuma confecção de laudos periciais com autoria de crimes”.

De acordo com a entidade sindical, a média diária, até maio, era de 30 laudos criminais apontando suspeitos de crimes. “Nem mesmo um teste anterior ao contrato foi exigido da nova empresa, o que indicaria a inoperância do sistema dela”, denuncia o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco.

Franco destaca que não há como lidar de forma manual com um banco de impressões digitais de quase quatro milhões de pessoas, número que corresponde à atual população do Distrito Federal. Por isso, é necessário que a solução Afis esteja em pleno funcionamento, a exemplo do que ocorre na Polícia Federal e nas polícias de todo o mundo.

Com a incapacidade técnica da empresa contratada em operar o sistema, os policiais civis do Instituto teriam que checar, manualmente, cada um dos 40 milhões de impressões digitais cadastradas – cada pessoa cadastra as impressões dos dez dedos – até encontrar semelhanças que indiquem o autor de um crime

Rodrigo Franco

Segundo ele, desde 14 de julho a comparação só pode ser feita se a delegacia de polícia oferecer algum suspeito do crime. “No DF, porém, são registradas, por dia, 600 ocorrências criminais. O volume de serviço acumulado, portanto, é imenso. Trata-se de um retrocesso de décadas em tecnologia e eficiência”, completa.

O outro lado
O Instituto de Identificação, por sua vez, informou que está ocorrendo uma transição de um sistema para o outro. Segundo o órgão, o sistema de identificação civil (emissão de carteira de identidade) está funcionando normalmente. Já o sistema de perícia criminal foi perdendo a sua capacidade de processamento gradativamente, à medida que estava sendo substituído pelo novo sistema.

“As pesquisas criminais foram interrompidas no último dia 18 (sexta-feira), em razão do esgotamento do sistema antigo. Mas esta dificuldade momentânea não impede que o trabalho de pesquisa de identificação criminal seja realizado por outros meios, até a instalação plena do novo sistema informatizado prevista para o próximo dia 30″, disse em nota.

Ainda de acordo com o órgão, o contrato com a nova empresa está estipulado em R$ 379 mil mensais, totalizando o valor de R$ 2.274.000 em seis meses.

O Metrópoles tenta contato com a empresa contratada.

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