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Rollemberg vai à Europa descansar, mas GDF paga gastos com seguranças

O governador foi a Portugal com a esposa em caráter particular e decidiu levar dois servidores públicos para cuidar de sua segurança pessoal e de sua família. A conta disso pode chegar a R$ 71 mil

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
marcia rollemberg
1 de 1 marcia rollemberg - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), tirou uns dias para descansar o corpo e a cabeça. Justo, justíssimo. Difícil é aceitar que cada um dos brasilienses vai ter que dividir a conta de uma viagem que ele e a primeira-dama, Márcia Rollemberg, estão fazendo em caráter pessoal. A família vai passar a Semana Santa em Lisboa (Portugal). No roteiro, está incluída uma visita à cidade de Fátima. E essa viagem a Europa pode custar aos cofres públicos do DF até R$ 71 mil.

A despesa corresponde aos gastos com passagens, hospedagem, aluguel de veículo, seguro saúde e diárias de duas pessoas do staff governamental: um segurança e um ajudante de ordens, ambos lotados na Casa Militar do GDF.

Informações colhidas do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo) e obtidas pelo Metrópoles informam os valores empenhados para a realização das despesas com a viagem a Portugal.

Ao todo, o governo empenhou R$ 70.908,14 para gastos com passagens ao exterior, segundo registra o demonstrativo de despesa 339033 de 2016. Desse total, foram usados R$ 6.600,37 com o deslocamento aéreo dos dois servidores para essa viagem a Portugal.

O gerente de segurança pessoal da Casa Militar major Keldison Almeida de Sousa embarcou para Lisboa no dia 21 de março. E o ajudante de ordens capitão João Marcelo Holanda Noronha foi nesta quarta-feira (23), mesmo dia do voo do governador. A primeira-dama já estava em terras lusitanas. O retorno do governador está previsto para segunda-feira (28/3).

O major Keldison, no entanto, só volta ao Brasil em 30 de março. A passagem do gerente de segurança foi emitida por R$ 2.906. As diárias custaram outros R$ 16.500,36 e o seguro-saúde saiu a R$ 262. O total empenhado para custear as diárias do ajudante de ordens João Marcelo foi de R$ 9.553,84, as passagens consumiram mais R$ 3.754,37 e o seguro fechou em R$ 192,72. Tudo pago pelo governo.

Além disso, ainda foram empenhados outros R$ 38 mil referentes à rubrica de suprimentos de fundos. Essa quantia está disponível para o governador gastar, em caso de emergência, como achar necessário nos próximos dois meses. Desse total, uma parte (R$ 30 mil) ele pode dispor em euros. Os outros R$ 8 mil, só no Brasil. Quando gastos, esses valores precisam ser devidamente justificados por meio de notas até 60 dias após a viagem. Assim, o montante para bancar a segurança pessoal do governador e de sua esposa de cara vai custar R$ 33.169,29. Mas pode chegar a R$ 71.169,29.

O Decreto 34.258 de 2013 estabelece que a Casa Militar tem a obrigação de “dar apoio logístico e de segurança” para o governador, inclusive nas viagens internacionais. A ele e a seus familiares. No documento, no entanto, não está claro que esse apoio deva se estender ao governador até mesmo quando ele e seus familiares estiverem desfrutando de momentos de descanso e de lazer.

A decisão do governador Rollemberg de levar servidores públicos em uma viagem pessoal é pouco usual entre a maioria de seus antecessores. Cristovam Buarque, Agnelo Queiroz, José Roberto Arruda e Rogério Rosso nunca se valerem do staff do GDF em deslocamentos privativos. Todos viajaram para fora do país em missões internacionais, aí sim com a segurança e outras despesas custeadas pelo Poder Público. Joaquim Roriz é o único entre a galeria de ex-chefes do Executivo que tinha o hábito de viajar ao exterior acompanhado por seguranças pagos pelo Estado.

De acordo com a assessoria de Rollemberg, “será usado o mínimo possível de suprimento de fundos, somente para pagamento de aluguel de carros e de meios para garantir a segurança de Rollemberg.”

Claro que um governador tem se preocupar com sua integridade física e a de seus familiares. Porém bom senso nunca é demais, especialmente numa época em que os brasilienses assim como o resto dos brasileiros andam vendendo o almoço para comprar o jantar. No ano passado, os médicos do Hospital de Base deixaram de fazer tratamentos de insuficiência cardíaca devido à falta da dobutamina, um medicamento de uso injetável. Com a verba para bancar a ida de seguranças de Rollemberg ao exterior daria para estocar 7.000 ampolas do remédio.

Diante dessa seleção de prioridades, não seria exagero imaginar que Rollemberg corra mais riscos de ser afrontado em Brasília do que além-mar, ora pois.

 

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