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No DF, idosos seguem em atividade mesmo após a aposentadoria

Pesquisa revela que uma em cada cinco pessoas acima de 60 anos continua trabalhando, e muitas moram sozinhas

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jaime e Maria dos Anjos
1 de 1 Jaime e Maria dos Anjos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em meio às discussões sobre a Reforma da Previdência, que deve prolongar o tempo de trabalho dos brasileiros, uma pesquisa feita com os idosos da capital chama a atenção. Um em cada cinco moradores de Brasília com mais de 60 anos continua exercendo atividade remunerada. Em regiões mais carentes, como Santa Maria, esse percentual é ainda maior — 36,9% — contra 10,9% de Taguatinga, a cidade com o menor índice.

Os números constam do estudo intitulado “Situações de saúde, vida e morte da população idosa residente no Distrito Federal”, feito por um grupo de pesquisadores da área da saúde do idoso, com o apoio da Secretaria de Saúde e da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde (Fepecs).

Proprietários do Armarinho Buritis, em Planaltina, Jaime Casado de Oliveira, 81 anos, e Maria dos Anjos Araújo (foto em destaque), 75, estão no time dos que continuam trabalhando. Jaime conta que tem o comércio desde 1973. “O sustento vem daqui. Só com a aposentadoria que recebemos, não conseguiríamos viver. Abrimos às 8h e ficamos até as 19h, de segunda a sábado”, diz.

Maria dos Anjos dá a sua receita para chegar com disposição aos 75 anos. “A gente precisa viver bem com todo mundo. O respeito é importante, não só dos jovens para com o idoso, mas também do idoso para o jovem. O meu pai sempre me ensinou a ter paciência e calma. Viver tranquila, independentemente da situação”, ensina.

Arte Metrópoles

 

A pesquisa foi dividida em três etapas: perfil das internações hospitalares de pessoas idosas residentes no Distrito Federal, condições de saúde, vida e mortalidade.

Senhores do lar
Outro número que merece destaque é o de idosos que moram sozinhos no DF: 21,7%. No Plano Piloto, esse percentual é maior (26,3%). É no centro da capital que eles têm a maior renda, estão menos vulneráveis e têm mais autonomia para viver sós.

O estudo revela ainda as principais causas de mortes precoces nas regionais de saúde do DF. De 2008 a 2014, foram 1.168 óbitos causados por neoplasias malignas do órgão digestivo; 1.168 em função de doenças isquêmicas do coração; 1.147 de outras formas de doenças de coração; 731 de diabetes mellitus; e 728 de doenças cerebrovasculares.

Mortalidade precoce
Outro indicador que chamou a atenção dos pesquisadores foi a taxa de mortalidade precoce dos idosos do sexo masculino, que é quase o dobro da feminina — 16,6 % de homens entre 60 e 69 anos contra 9% de mulheres na mesma faixa etária.

O relatório também traz dados sobre as internações hospitalares, de 2008 a 2012. No primeiro ano avaliado, foram 178.607 contra 178.780, em 2012. Porém, houve aumento das internações de idosos, de 27.209 para 29.620 no mesmo período analisado, ou 8,86%.

O médico geriatra Renato Maia destaca que a capital ainda apresenta indicadores favoráveis em relação ao resto do país. Mesmo assim, ele ressalta que, nos últimos anos, aumentou o número de idosos que buscam ajuda médica. Para ele, é preciso haver uma melhoria na qualidade dos serviços públicos que influenciem na qualidade de vida dos que têm mais de 60 anos.

Hábitos saudáveis
Chegar bem à velhice depende de muitos fatores, entre eles, ter hábitos saudáveis e fazer atividades físicas. No DF, 32% da população idosa têm algum tipo de limitação para buscar essas fontes de saúde e prazer no dia a dia.

Renato Maia diz que o primeiro passo para manter uma boa qualidade de vida na velhice é mudar o conceito de que envelhecer é ruim. “A terceira idade é tão boa quanto as outras fases da vida. Igualdade e oportunidade são para todos”, acrescenta o geriatra.

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