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Pesquisa: 60,6% dos brasilienses não sabem o que é Operação Drácon

Ação revelou suposto esquema de corrupção na Câmara Legislativa envolvendo emendas da Saúde e afastou a Mesa Diretora da Casa, em agosto

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
polícia civil, câmara legislativa, operação drácon
1 de 1 polícia civil, câmara legislativa, operação drácon - Foto: Michael Melo/Metrópoles

No dia 23 de agosto deste ano, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil deflagraram uma operação que afastou a Mesa Diretora da Câmara Legislativa e colocou em xeque o mandato de deputados investigados por suspeita de desvio de emendas destinadas à Saúde. Batizada de Drácon, em alusão a injustiças praticadas na democracia ateniense, a operação que atingiu diretamente o Legislativo local, no entanto, é desconhecida por mais da metade dos brasilienses. O dado é revelado na pesquisa do Instituto Dados, feita a pedido do Metrópoles.

Realizada entre os dias 16 e 21 de dezembro, a pesquisa ouviu 1,2 mil pessoas presencialmente em 26 regiões administrativas do DF. A margem de erro é de 2%. Do total, 60,6% não souberam dizer o que é Drácon. A leitura de que se trata de uma investigação de combate à corrupção ou de esquema de propina foi feita por 22,9% dos entrevistados.

Apenas 1,5% relacionou o nome da operação a deputados investigados em roubo e menos de 1% sabia que a Mesa Diretora da Câmara Legislativa foi afastada do cargo por determinação da Justiça. O nome foi ligado por 1,7% dos entrevistados a um braço da Operação Lava Jato.

Na avaliação do cientista político David Fleischer, o alto índice de pessoas que desconhecem a Drácon não está relacionado diretamente à falta de informações sobre o esquema investigado por promotores e policiais. “Houve bastante cobertura pela imprensa local e a população acompanhou. Talvez as pessoas não tenham ligado o nome ao que viram e acompanharam. Podem não saber o que é Drácon, mas sabem os nomes dos deputados e sobre o caso, sim”, diz Fleischer.

Para ele, a falta de punição dos distritais também pode influenciar na desinformação dos brasilienses. “Apesar de muitos dados coletados, ninguém sofreu punição política, como afastamento, cassação do mandato ou condenação. O que vai acontecer, provavelmente, é que essa operação vai ser muito usada na campanha de 2018 entre os deputados que querem atacar os outros. É importante que a população acompanhe os políticos para decidir em quem votar”, acredita o cientista político.

Investigados
No dia em que a Drácon foi deflagrada, promotores e policiais civis cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva. Os principais alvos da operação foram os então integrantes da Mesa, composta à época por Celina Leão (PPS), presidente; Raimundo Ribeiro (PPS), 1º secretário; Julio Cesar (PRB), 2º secretário; e Bispo Renato Andrade (PR), 3º secretário. Cristiano Araújo (PSD) também é investigado.

Celina, Raimundo, Julio Cesar e Bispo Renato foram afastados do comando da Casa acusados de integrar esquema envolvendo emendas para a rede pública de saúde. Em outubro, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios manteve o afastamento de Celina, por 11 votos a 9. Raimundo Ribeiro foi autorizado a voltar à Mesa, por 11 votos a 10. A decisão favorável a Ribeiro se estendeu aos outros, com exceção de Celina. No mês seguinte, o MPDFT denunciou os cinco deputados por corrupção passiva.

Entenda o caso
Os deputados começaram a ser grampeados por Liliane Roriz (PTB) no fim de 2015, quando os parlamentares decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa. Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao GDF para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado e o dinheiro – R$ 30 milhões de um total de R$ 31 milhões – acabou realocado para a Saúde. O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em UTIs da rede pública.

Arte/Metrópoles

Na ocasião, usando um gravador, Liliane questionou a presidente da Câmara sobre a mudança na votação. No áudio, é possível ouvir a presidente da Câmara, Celina Leão (PPS) falando que o “projeto” seria para um “cara” que ajudaria os deputados. A presidente da Casa disse ainda que Liliane não ficaria de fora: “Você (Liliane) tá no projeto, entendeu? Você tá no projeto. Já mandei o Valério (ex-secretário-geral da Câmara Legislativa) falar com você.”

Outros parlamentares
As denúncias feitas por Liliane atingiram os outros distritais investigados. Segundo é possível ouvir nas gravações, Bispo Renato e Julio Cesar, então líder do governo na Casa, teriam tentado fazer uma negociação com Afonso Assad, presidente da Associação Brasiliense de Construtores. De acordo com os áudios, o empresário poderia intermediar contratos com a Secretaria de Educação. Mas Assad não teria levado a cabo o “compromisso”.

Com a negativa do empresário de participar do tal “compromisso”, segundo as investigações, o deputado Cristiano Araújo (PSD) teria conseguido o “negócio” das UTIs e todos os integrantes da Mesa Diretora tinham conhecimento do acordo. Todos os envolvidos negam as denúncias reveladas pela Drácon.

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