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Para brasilienses, Renato Santana “falou o que não devia” em grampos

Pesquisa do Instituto Paraná feita a pedido do Metrópoles revela que a maioria da população local acredita no pagamento de propina envolvendo contratos da saúde pública no DF. Para os entrevistados, o governador estava ciente das irregularidades e o vice tem “jogado contra” o chefe do Executivo

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
renato santana
1 de 1 renato santana - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas feito a pedido do Metrópoles revela que o vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana (PSD), terá um trabalho extra na acareação desta segunda-feira (15/8), na CPI da Saúde da Câmara Legislativa. Além de explicar aos distritais as denúncias de corrupção no GDF — flagradas em conversas gravadas pela sindicalista Marli Rodrigues, do SindSaúde —, Santana vai ter que se esforçar para reverter o estrago que o episódio fez na própria imagem. Para 28,8% da população, o vice-governador “falou o que não devia”.

Outros 15% acreditam que o pessedista tem agido contra o governador Rodrigo Rollemberg. Os dados constam de levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. Em contrapartida, a sondagem aponta que, para 18,3% dos entrevistados, Renato Santana tentava apenas denunciar o esquema.

Outro dado interessante é que 31% da população do DF sequer tinha conhecimento do escândalo comentado pelo vice-governador com Marli Rodrigues. Em áudios divulgados em 15 de julho, os dois falam em um esquema de propinas em contratos da Secretaria de Saúde que giraria em torno de 10% e 30%.

A expectativa é de que os dois falem juntos na manhã desta segunda (15), esclareçam as denúncias e comentem contradições em depoimentos prestados separadamente à comissão. Santana, por exemplo, disse que só havia se encontrado com Marli uma vez. Mas a sindicalista apresentou outro grampo, de uma segunda reunião com o vice-governador.

Rollemberg
A crise que se abateu no Palácio do Buriti desde que o episódio veio a público também afetou a credibilidade no governador. A mesma pesquisa do Instituto Paraná revela que, para 60,4% dos brasilienses, Rollemberg tinha conhecimento das denúncias de corrupção. Outros  31,5% acreditam que o governador não sabia do caso. Não souberam ou não responderam 8,1%.

A proporção é maior ainda quando a pergunta é se o esquema de corrupção na Secretaria de Saúde de fato existe. Do total de entrevistados, 71,6% acreditam que há pagamento de propina, tal qual comentado por Santana e Marli. Mas 22,8% acham que a denúncia é infundada.

Comentários de Rollemberg
Rollemberg disse ao Metrópoles que a percepção dos brasilienses tem relação com a quantidade de notícias negativas veiculadas nos últimos meses. Esse cenário, diz o socialista, contribui para “afetar o humor da população”.

Há mais de dois anos, estamos vivendo um ambiente em que o cidadão é bombardeado com denúncias de corrupção a todo momento. Há um senso comum de que a corrupção nos governos é uma epidemia. O que posso dizer é que, em nossa gestão, temos mudado as práticas, buscando garantir lisura e fazer licitações em muitas áreas em que os serviços são prestados sem contratos

Rodrigo Rollemberg, governador do DF

Ainda segundo o governador, “à medida que descobrimos irregularidades, tomamos medidas para corrigi-las”.

Ao ser procurado, o vice-governador do DF estava com o celular desligado e a assessoria dele não atendeu aos telefonemas para comentar o assunto.

O Paraná Pesquisas ouviu 1.302 pessoas no DF entre os dias 6 e 8 de agosto. O índice de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro, de 3%. Os entrevistados foram selecionados aleatoriamente para responder aos questionários, de acordo com cotas de sexo, idade e escolaridade.

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