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Padre Moacir presta depoimento à Lava Jato em Curitiba

Organizador da festa de Pentecostes, o religioso foi a Curitiba explicar, aos investigadores da Lava Jato, as doações de empreiteiras para financiar o evento de 2014. Constrangimento com o episódio fez o arcebispo de Brasília proibir a presença de políticos no palco da celebração

atualizado

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Moacir Anastácio
1 de 1 Moacir Anastácio - Foto: Facebook/Reprodução

Às vésperas do início da festa de Pentecostes na Paróquia São Pedro, em Taguatinga Sul, o padre Moacir Anastácio de Carvalho teve de fazer uma pausa nos preparativos para a celebração, que começa no próximo domingo (8/5). Na quinta-feira (28/4), o religioso viajou a Curitiba para explicar a investigadores a origem e o uso dos R$ 950 mil recebidos de empreiteiras para a realização do Pentecostes em 2014. Parte desse dinheiro teria sido doado por empresas citadas na Operação Lava Jato.

O padre Moacir prestou depoimento, durante uma hora e meia, ao delegado Luciano Flores de Lima. O pároco levou documentos que mostrariam como as doações foram feitas: recibos e comprovantes de transferências bancárias.

No dia 12 de abril, o líder da Paróquia São Pedro acabou tragado à 28ª Fase da Operação Lava Jato, que teve como um dos alvos o ex-senador Gim Argello (PTB-DF). O político foi preso e o padre, obrigado a se explicar. Ele recebeu R$ 350 mil da construtora OAS, doação que teria sido intermediada por Argello. Além disso, padre Moacir contou ter recebido dinheiro da Andrade Gutierrez (R$ 300 mil) e da Via Engenharia (R$ 300 mil). As construtoras OAS e Andrade Gutierrez são citadas na Operação Lava Jato. A Via Engenharia e a Andrade Gutierrez são suspeitas de superfaturamento nas obras do Estádio Mané Garrincha. Elas formaram o consórcio responsável pela construção da arena.

Além de colocar a paróquia e o religioso no centro da Operação Lava Jato, o constrangimento causado pelo episódio deve acabar com um antigo costume: o de transformar a festa em palanque para políticos.

Deputados, senadores e até mesmo o governador devem assistir e participar da celebração, mas como meros espectadores. Nada de fazer discursos. A decisão é do arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sérgio da Rocha, que se reunirá com o padre Moacir Anastácio para passar as orientações.

A festa de Pentecostes será entre 8 e 15 de maio, no Taguaparque. Considerado o maior evento paroquial do mundo, costuma ter a participação de muitos políticos. Por lá, já passaram figuras como os ex-governadores José Roberto Arruda (sem partido) e Agnelo Queiroz (PT), o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) e o ex-deputado distrital Washington Mesquita (PTB). No ano passado, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) também marcou presença na cerimônia.

Doações
Foi justamente essa proximidade com políticos que rendeu dor de cabeça ao padre Moacir. O Ministério Público Federal do Paraná cobrou explicações do responsável pela Paróquia São Pedro, que enviou um documento aos investigadores em abril.

Em entrevista ao Metrópoles no dia 12 de abril, padre Moacir negou qualquer irregularidade e disse, inclusive, que deu recibos às empreiteiras após receber as doações.

Com o dinheiro de Pentecostes, nós pagamos todas as contas. E o restante que sobra, a gente investe em construção, em evangelização, enfim, numa série de necessidades que existem dentro de uma paróquia. Agora não existe essa de lavar dinheiro na paróquia. Isso é conversa. Existe dinheiro de doação que foi gasto com as coisas da paróquia e com a festa

Padre Moacir

Pentecostes
A festa de Pentecostes está na 17ª edição e deve atrair público maior do que no ano anterior. Segundo a organização do evento, a expectativa é de que 3 milhões de pessoas passem nos três dias de celebração.

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