metropoles.com

Exoneração de comandantes da PM causa temor de que crise atinja tropa

Secretário-chefe da Casa Militar nega que saídas de oficiais tenham relação com atrito ocorrido entre comandantes e a secretária de Segurança, Márcia de Alencar, e que substituições são comuns

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Os atritos entre a secretária de Segurança Pública e Paz Social, Márcia de Alencar, e a cúpula da Polícia Militar aumentaram nesta sexta-feira (10/6), com a exoneração e a substituição de pelo menos 15 membros do alto escalão. As mudanças não agradaram a oficiais superiores, que veem como ingerência a forma como a chefe da pasta trata as forças de segurança. Para eles, os problemas na esfera superior podem influenciar negativamente a tropa, que observa apreensiva.

A Casa Civil, por sua vez, nega que as alterações tenham relação com o bate-boca do último sábado (4), quando o secretário-adjunto de Segurança, coronel Cláudio Carvalho, pediu exoneração, e aponta a medida como uma “adequação”, com o fim de melhorar o funcionamento da PMDF.

Segundo um coronel que não quis se identificar, os problemas entre a Polícia Militar e o governo é o nível de ingerência política sobre a corporação. “Medidas, como no caso do Torre Palace Hotel, são políticas, mas a execução é técnica. A Polícia Militar é uma instituição que sempre estará ao lado do governo, mas oficiais foram desrespeitados, sobretudo no último sábado”, afirmou o oficial, referindo-se ao bate-boca que resultou no pedido de exoneração do coronel Cláudio Carvalho.

Menosprezo e desrespeito
Por mensagens de WhatsApp, os militares têm repudiado as trocas dentro da corporação. Eles afirmam que o governo deve apoiar a atual secretária, Márcia de Alencar, mas que isso não ocorra às custas do menosprezo da tropa. Nas trocas de mensagens, os militares dizem, ainda, que não são baderneiros, mas que não admitiram ser desrespeitados.

Entre os nomes afastados nesta sexta-feira, estão os coronéis Alexandre Sérgio, chefe do Departamento Operacional, e o comandante do Policiamento Especial, Agrício Silva.

Mudanças normais
O secretário-chefe da Casa Militar, coronel Cláudio Ribas, explicou que o governo e o comandante da Polícia Militar, coronel Nunes, já esperavam que as mudanças no primeiro escalão da corporação fossem ligadas ao incidente do último sábado, mas que as mudanças são normais.

“Por mais que se diga que não, eu já tinha dito ao coronel Nunes que as pessoas ligariam as mudanças ao ocorrido, mas não tem nada a ver. Foi feito pelo comandante um pacotão de mudanças, que é normal. Os oficiais apenas mudam de posição, pois não há, ainda bem, a hipótese de demissão”, declarou coronel Ribas. “É uma prerrogativa do comandante, não será a primeira nem a última mudança.”

Ribas conta que, na avaliação do comando da PMDF e da Secretaria de Segurança, a atitude dos militares durante a discussão com a secretária Márcia de Alencar, ao saírem da reunião, não desabonou os militares ao ponto de motivar a exoneração deles.

Tropa
Os problemas que afetam a relação entre a cúpula da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança, segundo os militares que falaram com nossa reportagem, ainda estão na esfera institucional, mas já causam apreensão em oficiais intermediários e na própria tropa, onde as consequências podem ser maiores.

“Enquanto o problema for institucional, a tropa não sentirá, mas, à medida que esse problema chegar na tropa, que ainda está observando, haverá transtornos”, afirma o oficial, que continua: “Os oficiais intermediários, que incluem comandantes de batalhão, já estão ficando irritados”.

Compartilhar notícia