Em meio à crise na Saúde, cai o secretário Fábio Gondim
Saída foi anunciada nesta quarta-feira (2/3), no Palácio do Buriti, pelo governador Rodrigo Rollemberg. Novo titular também é servidor do Senado
atualizado
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O secretário de Saúde, Fábio Gondim, não é mais o titular da pasta. Ele pediu demissão. A vaga será ocupada por Humberto Fonseca, advogado formado em medicina da família. Nem bem assumiu o cargo, o novo titular teve que dar explicações sobre a acusação de ter contas na Suíça e de trabalhar em duas unidades da rede pública do DF e no Senado ao mesmo tempo. A substituição foi anunciada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) na manhã desta quarta-feira (2/3).
A saída de Gondim ocorreu um dia depois de o governador se reunir com os deputados distritais e afirmar que entre as prioridades do Executivo para 2016 está a aprovação do projeto que vai permitir ao GDF contratar profissionais para a área por meio das organizações sociais.É o terceiro secretário de Saúde desde o início do governo de Rollemberg. O primeiro a assumir a gestão da pasta foi o médico João Batista de Sousa, que pediu exoneração do cargo em 22 de julho e foi substituído pelo consultor do Senado Federal Fábio Gondim.
“A nova gestão dará continuidade ao processo de regionalização da saúde no DF. Toda a equipe permanece empenhada nos projetos que foram iniciados. Vamos dar seguimento a ações que estão à altura da confiança da população de Brasília”, disse o governador Rodrigo Rollemberg. A secretária-adjunta da pasta, Eliane Berg, foi mantida no cargo.
Em sua primeira entrevista como titular da pasta, Fonseca afirmou estar preparado para os desafios que vai enfrentar: “Conheço os problemas e não acho que seja exagero dizer que estamos enfrentando uma crise na saúde.”
Fonseca substitui Fábio Gondim, que ocupava o cargo desde julho de 2015. Antes do anúncio, Gondim reuniu-se com subsecretários, superintendentes regionais e diretores de hospitais para informá-los da saída. Entregou também uma carta de demissão expondo suas justificativas para deixar a chefia da Saúde, mostrada pelo Metrópoles. O novo gestor é servidor da Saúde desde 2010 e atua como médico nos Hospitais de Apoio de Brasília e de Base do Distrito Federal. É consultor legislativo do Senado Federal desde 2002.
Perfil
Nascido em Santos (SP), Humberto Fonseca é médico formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde em 2010, tem 39 anos, e está em Brasília desde 2000. Especialista em medicina de família e comunidade e em medicina paliativa e clínica médica, também é bacharel em direito e mestre em direito comercial. Atuou como procurador no Banco Central de 2000 a 2002.
Entrou como consultor legislativo do Senado Federal em 2002 e, de 2011 a 2012, trabalhou na Secretaria de Assistência Médica e Social da casa. Em 2014 e 2015, assumiu o cargo de diretor-geral adjunto de contratações do Senado. Na Secretaria de Saúde, passou pelos hospitais regional de Sobradinho, de Apoio de Brasília e de Base — atualmente, é médico dessas duas últimas unidades.
Rollemberg também resolveu recriar a secretaria de Esportes, que será liderada por Leila Barros. Ele ainda criou a secretaria de Cidades, mas ainda não anunciou quem será o secretário.
Desabafo
A relação entre Gondim e o governador Rollemberg estavam estremecidas desde dezembro, quando em entrevista ao Metrópoles, o então secretário fez um desabafo, criticando as atuações do Ministério Público (MPDFT) e do Tribunal de Contas do DF (TCDF). Na ocasião, Gondim disse que 2016 não seria muito diferente para quem procura atendimento na rede pública do DF.
Ao falar sobre a recomendação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) de suspender uma contratação emergencial, sem licitação, no valor de R$ 18 milhões, o titular da pasta não economizou nas críticas: “Quando não é o Tribunal de Contas é o Ministério Público. A gente não consegue fazer nada para melhorar o atendimento. Agora, entendo por que os secretários de Saúde ficam seis meses no cargo e as empresas, décadas”.
Em sete meses de gestão, Fábio Gondim não conseguiu reduzir a insatisfação dos brasilienses que precisam recorrer à rede pública de saúde do DF para tratamento. Os problemas vão desde a falta de profissionais, equipamentos e medicamentos até a explosão do número de casos de dengue.
O agora ex-secretário afirmou que está tranquilo e que fez tudo o que esteve ao seu alcance dentro da pasta. “Claro que errei, porque sou humano. Mas acho que acertei muito mais do que errei. Durmo tranquilo, porque sei que fiz tudo o que poderia ter sido feito”. Ele justificou a saída ao dizer que “o trabalho impedia que eu tivesse alguma vida além do lado profissional e o outro lado começou a pesar, então achei melhor me afastar”.