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Distritais não se convencem com explicações de Márcia de Alencar

Segundo deputados, as respostas da titular da pasta de Segurança não foram suficientes para contornar o desgaste causado pelos recentes episódios que motivaram abertura de inquérito no MPDFT e investigação da Controladoria-Geral do DF

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

As explicações da secretária da Segurança Pública e da Paz Social, Márcia de Alencar, durante reunião na Comissão de Segurança da Câmara Legislativa nesta segunda-feira (9/5), não foram suficientes para convencer os deputados distritais. Em diversos momentos, os parlamentares se irritaram com as respostas de Márcia, que atendeu a convite para comentar os três episódios publicados pelo Metrópoles nas últimas semanas. As reportagens revelaram que parentes da secretária são levados e buscados da escola em viaturas oficiais descaracterizadas, com um policial militar como motorista. Além disso, Márcia de Alencar nomeou uma ex-empregada doméstica para o próprio gabinete e o filho dela passeou em um helicóptero do Detran durante sobrevoo a Brasília.

O presidente da Comissão de Segurança, Robério Negreiros (PSDB), subiu o tom, interrompendo as declarações de Márcia. O tucano recomendou à secretária que pedisse exoneração do cargo. “Não me venha com factoides. Até mesmo porque, se a senhora está se privando da sua família, peça exoneração do cargo”, disparou o distrital, que cobrou objetividade nas respostas da secretária.

Márcia de Alencar cobrou elegância do parlamentar, reclamando que ele a interrompeu no momento de sua explicação. Mas Robério não recuou. “Eu sou o presidente. Aqui, quem dá a palavra sou eu”, retrucou o parlamentar, sem atender aos pedidos dos colegas Wellington Luiz (PMDB) e Júlio César (PRB) para que parasse de falar daquela maneira com a secretária.

Robério estava inconformado com as declarações de Márcia de Alencar. A secretária tentou sensibilizar os deputados ao explicar que o motivo da escolta aos filhos foram as ameaças que estava sofrendo. “Não há indenização que pague a minha vida para os meus filhos, meu marido”, repetia ela. A versão contradiz as declarações iniciais dadas para explicar o uso das viaturas. O próprio GDF havia informado que ela nunca sofreu qualquer ameaça.

Em 27 de abril, o Palácio do Buriti ressaltou que a medida foi tomada de forma preventiva, já que não houve qualquer ameaça a Márcia de Alencar e a seus familiares desde que ela assumiu o cargo. “A gente tem que primar pela prevenção”, justificou o chefe da Casa Militar, coronel Cláudio Ribas.

“Blá blá blá”
Robério classificou as declarações de Márcia como “blá blá blá. Em seguida, disse um palavrão: “Grandes merdas. Não me venha com chorumelas. Desculpe a forma de falar. Aqui são pontos objetivos. Vossa Excelência errou, e o Ministério Público vai investigar”, concluiu. (Veja vídeo)

 

“Informações pela metade”
A presidente da Casa, Celina Leão (PPS) foi mais amena que o colega. Ela cobrou da secretária a falta de divulgação das ameaças. “A senhora deveria ter comunicado, porque recebemos informações pela metade”, disse Celina.

Durante a reunião, o deputado Wellington Luiz incluiu uma pergunta que não estava na ordem do dia. “A senhora dispensou seus funcionários duas horas mais cedo para que pudessem vir aqui?”, questionou, ao ser informado de que havia uma claque da secretária acompanhando a sessão.

Márcia respondeu de forma irônica. “Nós temos aproximadamente 2,5 mil servidores. Para liberá-los, no mínimo, eu deveria ter feito um memorando fazendo com que essas pessoas estivessem aqui”, disse, sob aplausos do público composto por servidores da pasta que acompanhavam a reunião.

Após o fim da sessão, Wellington Luiz afirmou que as declarações de Márcia de Alencar não foram convincentes. “Ela não conseguiu explicar as questões levantadas. Foi muito escorregadia”, criticou o peemedebista.

Denúncias
Desde que teve o nome anunciado para comandar o órgão, a secretária sofre resistência de integrantes das forças de segurança do DF. No entanto, o desgaste foi potencializado após a série de denúncias publicadas pelo Metrópoles.

Em 27 de abril, a reportagem flagrou parentes de Márcia sendo levados e buscados da escola em viaturas descaracterizadas. Os familiares têm à disposição veículos e servidores para fazer o transporte escolar. No mesmo dia, o Metrópoles revelou que a ex-empregada da secretária foi nomeada para o cargo de assessora no gabinete de Márcia. Os dois episódios motivaram o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) a abrir uma ação cível pública para apurar a conduta da secretária.

Em 6 de maio, nova denúncia publicada pelo Metrópoles: em 17 de abril, durante a votação do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, Márcia levou o próprio filho para passear no helicóptero do Detran-DF durante voo sobre a Esplanada dos Ministérios.  Após a nova denúncia, a Controladoria-Geral do Distrito Federal decidiu investigar se houve irregularidade durante a atual gestão da pasta.

Na sessão desta segunda (9), Márcia de Alencar disse que, “se for o caso”, poderá indenizar os cofres públicos pelo passeio que o próprio filho fez no helicóptero do Detran, em 17 de abril, o domingo no qual a Câmara dos Deputados votou a favor da continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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