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Delatores da Odebrecht divergem sobre valor repassado a Arruda

Enquanto dois ex-executivos da empresa falam que o ex-governador recebeu R$ 966 mil, um terceiro diz que a cifra chegou a R$ 1,166 milhão

atualizado

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Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/AE
André Felipe foi secretário de Esportes do GDF, em 2007, ainda na gestão de José Roberto Arruda (foto)
1 de 1 André Felipe foi secretário de Esportes do GDF, em 2007, ainda na gestão de José Roberto Arruda (foto) - Foto: Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/AE

As explosivas delações de executivos da Odebrecht lançaram estilhaços da Operação Lava Jato sobre políticos do Distrito Federal. Mas, ao mesmo tempo que foi revelado como grandes obras, serviram para distribuir propina, outras dúvidas surgiram. Uma delas diz respeito à quantia que José Roberto Arruda (PR) teria recebido.

Os delatores divergem sobre os valores. Enquanto dois deles falam que o ex-governador foi destinatário de R$ 966 mil, outro fala em R$ 1,166 milhão — uma diferença de R$ 200 mil.

Segundo os ex-executivos da Odebrecht Ricardo Roth e João Pacífico, o pagamento de R$ 966 mil ocorreu em 2014, quando Arruda concorria ao GDF — ele tentava voltar ao cargo após ter o mandato cassado em 2010, devido ao envolvimento no escândalo da Caixa de Pandora.

A transação, que teria sido operada por intermédio do empresário Sérgio de Andrade do Vale, ficou a cargo do Departamento de Operações Estruturadas, o setor da empreiteira responsável pelas propinas.

Campanha ao GDF
Segundo Pacífico, o reforço na campanha ao GDF foi pedido diretamente pelo então candidato do PR. O pleito foi atendido e dividido em duas parcelas. Em junho de 2014, o político teria recebido R$ 500 mil. O dinheiro estaria vinculado à polêmica obra do Centro Administrativo do GDF, o Centrad, executada pela Odebrecht em parceria com a brasiliense Via Engenharia.

Três meses depois desse aporte, a Odebrecht teria liberado mais R$ 466 mil para o caixa 2 de Arruda, conforme depoimento de Pacífico. O curioso é que, dessa vez, o dinheiro estaria vinculado a uma obra em outro estado: a construção do VLT de Goiânia. O empreendimento foi executado pela Odebrecht (90%) em parceria com o consórcio da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (10%).

 

Valor maior
No entanto, segundo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente de Infraestrutura da Odebrecht, o valor da propina repassada a Arruda seria maior, chegando a R$ 1,166 milhão. O delator entregou uma planilha à Justiça na qual esse montante aparece como a cifra repassada a Arruda.

Questionado pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre a quantia, Benedicto confirma que ele próprio autorizou o pagamento dos recursos ilegais ao ex-governador. “Tenho ciência e foram (repassados por) pessoas da área de Operações (da Odebrecht)”, afirma. No depoimento, Benedicto confirma ainda que o codinome Parreira era atribuído a José Roberto Arruda.

 

Ao Metrópoles, o advogado de Arruda, Paulo Emílio Catta Preta, afirmou que as divergências nos valores apenas reforça a tese da defesa, de que há muitas informações incongruentes. “Isso comprova que só estão olhando números e codinomes sem muita precisão ou seriedade. Não se pode, numa delação, prestar informações inseguras, sem muita certeza. Isso só demonstra a inconsistência dos delatores”, disse.

Outros políticos do DF
A propina paga pela Odebrecht relativa à construção do Centrad, em Taguatinga, não teria chegado ao bolso apenas de Arruda. Segundo o depoimento do delator João Antônio Pacífico, o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e seu vice, Tadeu Filippelli (PMDB), também foram beneficiados.

Pacífico afirma que o peemedebista recebeu R$ 2 milhões em recursos ilícitos do consórcio formado pela Odebrecht com a Via Engenharia. O pagamento a Filippelli, que hoje é assessor especial do presidente Michel Temer, teria sido feito em 17 de fevereiro de 2014. Agnelo teria recebido R$ 500 mil em 8 de setembro, e os partidos de ambos, outros R$ 15 milhões (veja tabelas abaixo). Quatro anos antes, em 2010,  Agnelo teria sido favorecido com R$ 1 milhão, também no âmbito do Centrad.

Ao Metrópoles, Filippelli disse estar indignado e que coloca, desde já, a quebra do seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição da Justiça. “Estou tranquilo e nada tenho a temer sobre a denúncia. O próprio depoimento, aliás, prova que o delator mente ao afirmar que nunca tratou com o vice-governador sobre pagamento de propina”, destacou. Reafirmou também que “nunca houve interlocução com esse indivíduo fora de assuntos técnicos”.

Já o advogado de Agnelo, Paulo Machado Guimarães, afirma que “enquanto não se tem conhecimento do inteiro teor das investigações, é impossível emitir qualquer opinião a respeito do que apenas a imprensa tem noticiado. Não obstante, o ex-governador Agnelo Queiroz mantém-se convicto e sereno quanto à regularidade de todos os atos por ele praticados em suas campanhas eleitorais e na administração do GDF”.

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