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Policial do DF que baleou criança no coração culpa a família da vítima

Sílvio Moreira Rosa, 54 anos, foi ouvido pela primeira vez em audiência em Goiânia. Preso, o policial diz que a vida dele “virou um inferno”

atualizado

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IMAGENS TV CMN
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1 de 1 policialsílvio - Foto: IMAGENS TV CMN

Mais de quatro meses após a ocorrência que deixou o pequeno Luís Guilherme, 6 anos, entre a vida e a morte na BR-070, o policial civil Sílvio Moreira Rosa, 54 anos, foi ouvido pela Justiça. Em audiência realizada na última semana, o responsável pelo tiro que atingiu a criança afirmou que estava apenas se defendendo: “Nunca eu ia imaginar que tinha uma criança dentro daquele carro. Se eu soubesse, não teria atirado”. Sílvio, que tem um histórico de violência, tenta transferir a responsabilidade do caso às vítimas.

O Metrópoles teve acesso à íntegra do depoimento do policial, prestado no último dia 2 de maio, em Goiânia. Por mais de uma hora, Sílvio Moreira Rosa apresentou sua versão sobre os fatos ocorridos no dia 6 de janeiro. À ocasião, o agente atirou contra o carro onde estavam Erlon Caxias, 29 anos, a esposa dele, Paula Coelho, 33, e o filho do casal, Luís Guilherme, que foi atingido com um tiro no peito. Confira abaixo alguns trechos do depoimento:

Versão de Sílvio
No testemunho, o policial civil afirma que, no dia 6 de janeiro deste ano, saiu do plantão às 8h da manhã e buscou a namorada Carla dos Anjos, 20 anos, em Taguatinga. Além da companheira, a irmã e uma prima dela também teriam seguido com o casal, que viajava em direção à cidade de Pirenópolis (GO) para passar o fim de semana.

De acordo com Sílvio, já na BR-070, próximo a Águas Lindas (GO), o carro dirigido por Erlon Caxias teria se aproximado. “Eu tive que tirar meu carro para o acostamento porque ele vinha em alta velocidade. No que ele passou, jogou o carro na minha frente, me fechou. Do nada. Fiquei sem entender o que estava acontecendo”, afirmou.

Ainda segundo o policial, o carro era todo escuro, o que tornava impossível a identificação dos ocupantes. Silvio diz que tentou ultrapassar o carro, mas foi impedido: “Ele não deixou eu passar. Me fechava, freava para eu (sic) bater na traseira do carro dele. […] As meninas ficaram apavoradas com a situação”.

O agente então afirma que tentou se identificar como policial aos ocupantes do outro veículo, sem sucesso. Alega também que, mais à frente no caminho, voltou a ser assediado pelo carro de Erlon e imaginou que se tratava de uma tentativa de assalto ou retaliação. “Dei um tiro para cima, ele fez foi piorar a situação. Aí que ele freou mesmo, aí que ele queria que eu parasse na BR. Aí eu pensei, tá cheio de bandido dentro desse carro.”

Sílvio afirma então que atirou em direção ao veículo para interceptá-lo. Segundo o policial, o disparo foi direcionado ao pneu do automóvel. Após o tiro, de acordo com o agente, Erlon deu meia volta e ele alega ter temido um tiroteio. Diz que, por isso, entrou em uma rua sem saída buscando a delegacia de Águas Lindas. Quando saiu da estrada, teria sido avisado do ocorrido. “O policial chegou e falou: […] Você acertou uma criança dentro do carro. Assim que aconteceu.”

Ainda de acordo com Sílvio Moreira Rosa, o pai de Luís Guilherme teria zombado da situação na delegacia. “Agora o que mais me deixou chateado, foi o filho dele estar entre a vida e a morte,  […] ele passar no corredor, ficar rindo da minha cara e rindo da cara das meninas que estavam lá sentadas. Foi isso o que mais me chateou.”

Motivação para a atitude
Questionado pela advogada de defesa se teria agido por impulso, o policial responde que atirou para proteger a própria família: “Eu agi por proteger quem estava comigo e a mim próprio. Era o que ele deveria ter feito com o filho dele. Proteger o filho dele. Ele não protegeu hora nenhuma. Porque ele não quis que eu soubesse que tinha uma criança dentro do carro hora nenhuma (sic)”.

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Família da vítima
A mãe de Luís Guilherme, Paula Coelho, classifica o testemunho de Silvio Moreira Rosa como uma “total mentira”. “Quando eu vi o depoimento dele, passei mal. Senti medo de que ele seja inocentado porque fala com tanta tranquilidade”, afirma a mulher. “Ele pegou tudo que eu disse nas entrevistas e falou que foi o Erlon que fez. Fico impressionada com o cinismo”, diz.

De acordo com a mãe do garoto, foi o policial que entrou abruptamente na frente do carro da família no dia 6 de janeiro. “Ele começou a frear, querendo fazer a gente bater. Depois, emparelhou o veículo com o nosso e, quando eu pedi para o meu marido ultrapassar porque estava com medo, o Sílvio começou a atirar contra a gente.”

Paula nega ainda que o marido tenha zombado de Sílvio, como o policial alega no depoimento: “Eles nem se viram na delegacia. Nem faria sentido colocar os dois no mesmo ambiente”.

Luís Guilherme continua sua recuperação. Segundo a mãe, o garoto voltou à escola nesta semana. “Ele ainda se sente cansado e está com um edema no pulmão. Mas estava muito tristinho e com saudade de ir para o colégio, por isso decidimos mandar ele de volta”, explica.

A próxima audiência do caso está marcada para o dia 8 de junho, quando serão ouvidas as testemunhas, inclusive Erlon Caxias e Paula Coelho. O réu será julgado no Tribunal do Júri da cidade de Cocalzinho (GO) e a família está preocupada. “Fico apreensiva porque não sei se as pessoas lá tiveram tanto acesso ao caso quanto os brasilienses. Espero que tenham se informado”, finaliza Paula.

Histórico de violência
Contra Sílvio Moreira Rosa também pesa um histórico de violência. O agente chegou a ser demitido da Polícia Civil por tentativa de fraude em aposentadoria, mas acabou reintegrado ao órgão. Ele está preso preventivamente preso em Goiânia (GO) desde a data do crime.

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