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Oficiais acusam coronel do Corpo de Bombeiros de golpe milionário

Corporação abre inquérito para investigar denúncia contra tenente-coronel que teria dado prejuízo de R$ 1 milhão a colegas

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Bombeiros de costas
1 de 1 Bombeiros de costas - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Corregedoria-Geral do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar golpes financeiros que teriam sido aplicados por um tenente-coronel da reserva contra oficiais da corporação. Alexandre Nestor Souza é acusado de provocar um rombo de R$ 1 milhão nas contas dos colegas.

O militar se aposentou da instituição há cerca de três anos. Nos últimos 14 meses, coronel Nestor, como é conhecido, teria lesado pelo menos sete oficiais, entre coronéis, majores, capitães e tenentes. Um deles amargou um prejuízo de R$ 200 mil, após fazer um empréstimo bancário a pedido do tenente-coronel.

Oficial do Centro de Inteligência (CI) da corporação durante anos e instrutor da academia do Corpo de Bombeiros, Nestor teria usado de todo seu conhecimento para persuadir os colegas oficiais e conseguir altas quantias em dinheiro. Entre os argumentos, estaria um diagnóstico de câncer do qual Nestor teria tratado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Após se aposentar, em 2015, Nestor abriu um comércio em Goiânia (GO). Faliu logo em seguida. Depois, começou a construir casas populares, também sem sucesso. A vida financeira do oficial teria entrado em colapso e a saída foi recorrer a colegas oficiais que conhecia na corporação.

O Metrópoles conversou com alguns bombeiros que afirmam serem vítimas de Nestor. Um major contou ter feito um empréstimo de R$ 200 mil para ajudar o tenente-coronel. Conforme relatou, o oficial não imaginava se tratar de um golpe. Ainda segundo ele, assim que o dinheiro entrava na conta de Nestor, as ligações do major não eram mais atendidas.

Tendo de honrar os compromissos com o banco, o major foi obrigado a se mudar para uma cidade mais afastada do Plano Piloto, pois já não conseguia arcar com o aluguel do apartamento no qual vivia na região central de Brasília. Ele também passou a andar de ônibus após vender o carro para quitar parte da dívida.

Um coronel aposentado do Corpo de Bombeiros também foi vítima de Nestor e emprestou cerca de R$ 250 mil. O valor jamais foi quitado. Os credores não conseguem mais localizar o oficial da reserva pelos telefones que ele costumava usar.

Militar escapou
Um outro militar disse ter escapado do suposto golpe porque seu carro quebrou quando ele estava levando o tenente-coronel para pegar o empréstimo no banco. “O Nestor usa de vários subterfúgios para arrancar dinheiro, entre eles, um apelo dramático sobre esse diagnóstico de câncer, que aparentemente ele teve”, contou o bombeiro.

Conforme relatou o bombeiro, ele se sentiu coagido e vítima de extorsão, pois foi praticamente obrigado a ir até ao banco na companhia do coronel. O militar suspeitou, inclusive, que Nestor estaria armado. “Por sorte, o carro quebrou e Nestor desistiu do empréstimo e seguiu para Taguatinga”, contou.

Procurado pela reportagem, o Corpo de Bombeiros confirmou, por meio de nota oficial, que existe um inquérito em andamento para investigar o caso. “Ao receber denúncia, por meio de nossa ouvidoria, sobre supostos golpes financeiros aplicados por militar da reserva da corporação, imediatamente foi aberto um IPM para a apuração dos fatos”, diz o documento.

 

Reprodução/CBMDF

De acordo com o CBMDF, após o encerramento do procedimento apuratório, o processo será encaminhado para apreciação da Justiça Militar, a quem caberá a decisão final. “O Corpo de Bombeiros ressalta o interesse da corporação na elucidação dos fatos e reafirma o compromisso de transparência, verdade e zelo pela boa conduta de seus integrantes, seja da ativa ou da reserva”, finaliza o documento.

A reportagem tentou, durante dois dias, entrar em contato com o tenente-coronel Nestor, por meio de dois telefones celulares. No entanto, ele não atendeu nem retornou as ligações.

 

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