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Máfia das Próteses: vítimas seguem denunciando cirurgias

Desde 1º de setembro, 150 pessoas procuraram a Polícia Civil. Caso mais recente é de uma mulher que pode ter passado por cirurgia desnecessária

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Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Desde que foi deflagrada a Operação Mr. Hyde, em 1º de setembro, pelo menos 150 supostas vítimas prestaram depoimento na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Um dos últimos relatos colhidos pelos investigadores, em 20 de outubro, foi o de um paciente de 41 anos, que operou em 2009 com o neurocirurgião Jhonny Wesley. Os exames a que ela foi submetida serão periciados por médicos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pois existe a suspeita de que a mulher tenha passado por uma cirurgia desnecessária.

Ela conta que sentia fortes dores na virilha, que irradiavam para a perna direita, causando dores ao longo do dia. A suposta vítima procurou um ortopedista, que receitou um anti-inflamatório. O medicamento, no entanto, não causou efeitos. O ortopedista, então, encaminhou a paciente para um neurocirurgião.

Considerando pelos investigadores um dos chefes da Máfia das Próteses, Jhonny Wesley foi o escolhido, pois, à época, era um dos especialistas de referência no DF. O atendimento foi feito na clínica Spine Center, na L2 Sul. Após os exames, o especialista afirmou que a vítima estava com quatro hérnias de disco.

O exame apresentado pela mulher à polícia, que não será identificada por motivos de segurança, contudo, mostra que, na ressonância, não foram visualizadas hérnias de disco. A orientação dada por Jhonny Wesley era de que a vítima poderia fazer RPG e hidroginástica, contudo, ao adotar os métodos alternativos, ela estaria “adiando o problema, pois a cirurgia seria inevitável.

Reprodução
Trecho do depoimento

O médico ressaltou que o procedimento cirúrgico deveria ser feito com urgência porque, caso contrário, a paciente poderia ficar sem andar ou até mesmo de morrer durante a cirurgia. Segundo Wesley disse à época, “pessoas mais velhas correm mais riscos de não suportarem a anestesia”.

Diante das explicações dadas pelo médico, a paciente optou por fazer a cirurgia. O prazo para a aprovação junto ao plano de saúde era, inicialmente, de 20 dias. Nesse caso, todos os trâmites foram resolvidos em apenas uma semana. Em 15 dias, a operação foi feita em um hospital do Sudoeste.

Quatro dias depois, quando a vítima ainda estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Jhonny Wesley explicou que, ao abrir a coluna, encontrou cinco hérnias e, com isso, colocou 10 parafusos na região.

A paciente contou que a sua recuperação foi normal, porém, seguiu com o problema na perna e, agora, sofre com dores na coluna, que não sentia antes da operação. A mulher está desempregada e não consegue se restabelecer no mercado de trabalho, devido às dores que limitam seus movimentos. Procurada, a defesa do médico Jhonny Wesley ainda não se manifestou sobre o caso.

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