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Quatro investigados da Máfia dos Concursos passam a réus no processo

Eles responderão pelos crimes de organização criminosa, fraudes em concursos e falsificação de documento público

atualizado

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GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES
Bruno-Ortiz
1 de 1 Bruno-Ortiz - Foto: GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES

A Vara Criminal de Águas Claras aceitou nesta segunda-feira (11/9) a denúncia oferecida pelo Ministério Público local (MPDFT) contra quatro acusados de integrarem a Máfia dos Concursos que agia no Distrito Federal.

Com a decisão do juiz Gilmar Rodrigues da Silva, Hélio Ortiz, o filho Bruno Ortiz (foto em destaque), Rafael Rodrigues da Silva e Johann Gutemberg dos Santos se tornam réus pelos crimes de organização criminosa, fraudes em concursos e falsificação de documento público.

A quadrilha foi desmontada durante a Operação Panoptes, deflagrada pela Polícia Civil no dia 21 de agosto. Os criminosos, de acordo com os investigadores, cobravam dinheiro de alunos de cursinhos prometendo garantir vagas em concursos públicos e até mesmo em vestibulares concorridos de universidades federais. A suspeita é de que pelo menos 100 pessoas tenham sido beneficiadas com o esquema.

As investigações continuam e podem gerar novas ações penais. Nesta terça (12), a PCDF cumpriu um mandado de busca e apreensão contra Charlie Rangel, acusado de falsificar diplomas que seriam utilizados por candidatos inscritos em certames e até por servidores já contratados.

Segundo as apurações, os interessados chegavam a pagar R$ 200 mil para conseguir a aprovação. Era dado um sinal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Se o nome constasse entre as primeiras colocações na divulgação do resultado, os aprovados desembolsavam até 20 vezes mais para concretizar o negócio.

As investigações da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil do DF, apontaram que as fraudes ocorriam, geralmente, de quatro formas. Uma delas era a utilização de ponto eletrônico pelos candidatos, que recebiam as respostas de membros da organização criminosa, denominados “pilotos”. Eles seriam os responsáveis por fazer a prova e sair do local com as soluções. Outra forma de operação era a utilização de celular escondido no banheiro, para transmissão das respostas.

Também foi verificado o envolvimento de bancas organizadoras, que recebiam as folhas de resposta quase em branco e faziam o preenchimento de acordo com o gabarito oficial. O último método consistia na realização da prova por outra pessoa, que não o inscrito, com o uso de documentos falsificados.

Chefia
O grupo agia sob a liderança do ex-servidor do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) Hélio Ortiz. E envolvia até o dono de uma faculdade, que fornecia diplomas de curso superior aos candidatos. Ortiz foi preso pela primeira vez em 2006. Julgado e condenado, acabou solto por não existir, à época, a tipificação do crime de fraudes em concursos públicos.

Segundo a Polícia Civil, Bruno, morador de Águas Claras, era o executor do esquema e aliciava os candidatos; Rafael trabalhava sempre ao seu lado, auxiliando nas atividades ilícitas; e Johann viabilizava diplomas falsos de graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem. Os quatro continuam presos.

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