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Invasão de terras: operação da PCDF mira fiscal da Agefis e advogado

O grupo investigado teria praticado crimes de associação criminosa voltada para a invasão de área pública no Park Way

atualizado

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Nathália Cardim/Metrópoles
dema, operação terra viva, agefis
1 de 1 dema, operação terra viva, agefis - Foto: Nathália Cardim/Metrópoles

A Polícia Civil deflagrou a Operação Terra Fria, na madrugada desta sexta-feira (15/9), para desarticular um grupo criminoso que atuava invadindo terrenos públicos valiosos, de 20 mil m², localizados em uma das áreas nobres do Distrito Federal, o Setor de Mansões Park Way. Os lotes são  avaliados em torno de R$ 3,8 milhões cada. Entre os envolvidos, estão um advogado e um auditor fiscal de atividades urbanas da Agência de Fiscalização do DF (Agefis).

A investigação é da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema). Segundo a delegada Marilisa Gomes, após denúncia anônima sobre o cercamento de uma área pública na região, os policiais foram ao local e identificaram que realmente havia pessoas tentando se apropriar de terras pertencentes ao GDF.

“Utilizando-se da Justiça, o grupo estava tentando obter a posse por meio de uma ação de inventário”. Um dos presos, Marcelo Antônio Carrijo, alegou que a mãe dele, já falecida, teria adquirido o terreno há anos.

Carrijo tinha suporte da prima, Nádia Valéria Carrijo, que está foragida, tem diversas passagens por estelionato e parcelamento irregular de solo. A mulher estava em liberdade provisória. Um amigo, Edvaldo Santos de Brito, que intermediava as ações com o servidor da Agefis, também foi detido.

O agente Paulo José da Silva também acabou preso temporariamente. Ele é suspeito de tentar evitar o trabalho de fiscalização na área. “Ele solicitava dinheiro do grupo e, em troca, fornecia informações sobre operações do órgão que estavam sendo feitas em diversas cidades do DF “, explicou a delegada.

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João da Silva Reis, advogado que estaria envolvido no esquema, a esposa dele, Ranúsia Machado Reis, e Francisco José de Morais Junior foram levados coercitivamente para depor. Segundo a Dema, os três trabalhavam no escritório e facilitavam os trâmites na Justiça. “O advogado ingressava com as ações em juízo, mesmo sabendo que se tratava de documentos falsos”.  De acordo com a delegada, todos os carimbos de cartório nos documentos que comprovariam a propriedade da terra eram falsificados.

Demissão
O procurador jurídico da Agefis Jairo Lopes explicou que o órgão não compactua com práticas irregulares. “Estamos à inteira disposição da autoridade policial e do Poder Judiciário no sentido de colaborar com as investigações”, disse. Ele informou que constatada a participação do servidor, ele poderá até ser demitido do cargo.

Os investigadores cumpriram oito mandados de busca e apreensão, quatro de prisão temporária e três de condução coercitiva. As ordens foram cumpridas na Candangolândia, Sobradinho, Guará, Águas Claras, Vicente Pires e Lago Norte. As ordens foram expedidas pela Vara Criminal e pelo Tribunal do Júri do Núcleo Bandeirante.

De acordo com a delegada Marilisa Gomes, o grupo investigado teria praticado crimes de associação criminosa voltada para a invasão de área pública, uso de documento falso, fraude processual, corrupção ativa e passiva, além de violação do sigilo funcional. “As investigações ainda continuam visando apurar as suspeitas de participação de outras pessoas envolvidas no esquema criminoso, destacou a delegada.

A área cercada pelo grupo é de preservação permanente e fica na Quadra 8, conjunto 4, do Park Way. Além desse terreno, eles também tentavam se apropriar de outras duas áreas. Uma na Quadra 14, lote 0, e outra na Quadra 11, conjunto 1.

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