Professores reclamam da falta de reposição de aposentados

Entre 2015 e o fim de maio deste ano, 1.260 professores se aposentaram no Distrito Federal e apenas 400 foram repostos pela Secretaria de Educação. A frieza dos números apresentados pelo sindicato da categoria (Sinpro) é traduzida na realidade das salas, com milhares de estudantes prejudicados diariamente. É o caso dos alunos das quatro turmas de 7º ano do Centro de Ensino Fundamental 8 do Guará, que estão sem professor de educação física há mais de um mês. A docente que ministrava as aulas se aposentou em 29 de abril, e a vaga não foi preenchida desde então.

O diretor do sindicato, Samuel Fernandes, enfatiza que existe um cadastro reserva de 1.100 aprovados do último concurso, de 2013. “O governo precisa fazer essas nomeações. Chamar os professores das disciplinas que ainda estão no cadastro. Para os casos em que houve aposentadorias e não foram selecionados docentes da área, é preciso fazer novo concurso público”, afirmou.

 

Fernandes enfatiza que o governador Rodrigo Rollemberg prometeu a abertura de um novo certame para suprir essas necessidades, mas a iniciativa ainda não saiu do papel. “Ele fez a promessa no ano passado, mas o concurso não aconteceu. Todas as vacâncias de aposentadoria precisam ser preenchidas por concursados, não pode ser por temporários”, ressalta o diretor do Sinpro.

Concurso
Por meio de nota, a Secretaria de Educação informou que o certame está previsto. “No momento, a pasta aguarda autorização do número de vagas a ser preenchido pelo certame. Após esta etapa, haverá a elaboração do edital. Não há, no entanto, previsão de data para a publicação”, diz o documento. Segundo a secretaria, neste ano, 496 professores da rede pública estarão aptos a requerer a aposentadoria, mas não vão, necessariamente, pedir o benefício.

A secretaria afirmou ainda que as ausências de professores em salas de aula são pontuais e surgem, eventualmente, no decorrer do dia letivo. “O número oscila, pois, ao mesmo tempo em que um professor, de qualquer uma das disciplinas, entra de licença, outro retorna para a atividade-fim. Quando a equipe gestora constata uma carência, solicita o substituto para a respectiva Coordenação Regional de Ensino”, informou.

Precariedade
O problema na educação local não se restringe à carência de docentes. Falta de ventilação e de isolamento acústico nas salas de aula, janelas quebradas, rede elétrica comprometida, pisos rachados e com buracos, violência. Na visita feita a duas unidades da rede pública de ensino em 22 de março, o presidente do Tribunal de Contas do DF (TCDF), Renato Rainha, e uma equipe de auditores constataram a má conservação das escolas públicas e os problemas que afetam o rendimentos dos alunos brasilienses. Segundo os especialistas, as dificuldades são comuns em outros colégios públicos do DF.

Já o presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa, deputado Reginaldo Veras (PDT), disse que, em alguns casos, a situação é tão crítica que os edifícios deveriam ser demolidos. O parlamentar visitou mais de 50 colégios nas 14 regionais de ensino e elaborou um relatório com as observações feitas nos locais. Em março, Veras chegou a dizer que alguns deveriam ser implodidos antes que causassem danos mais graves aos alunos.