Por segurança, alunos de escola pública do DF pagam por catraca
Os pais dos estudantes do Caseb, na 909 Sul, desembolsarão R$ 30 para a instalação do equipamento. Nem todos concordam
atualizado
Compartilhar notícia
Os pais de alunos do Centro de Ensino Fundamental (Caesb) 909 Sul vão pagar pela instalação de uma catraca na porta da instituição. O valor a ser desembolsado é de R$ 30 e deve ser entregue até a próxima segunda-feira (13/3), de acordo com aviso dado em sala de aula no início do ano letivo, em fevereiro, e reforçado nesta quinta-feira (9).
A discussão sobre o pagamento da taxa foi feita em uma reunião entre os pais e a direção da escola, uma das mais tradicionais do Plano Piloto. Só que há, entre os responsáveis pelos estudantes, gente que não concorda com a cobrança, por se tratar de uma instituição pública de ensino.
A auxiliar de serviços gerais Maria de Jesus Souza, 52 anos, está neste time. Ela tem uma neta que estuda no colégio e questiona a decisão. “Não concordo porque acredito que não são os estudantes quem têm que pagar por isso, mas sim o governo. É uma escola pública e não particular. Entendo que é uma medida de segurança, mas já pagamos impostos e temos tantos outros gastos”, argumenta.
A consultora de seguros Maria Gildete Olímpio, 40, diz aprovar a medida e não se importar com o pagamento da taxa. “Concordo. Isso vai garantir mais segurança aos alunos.” Amanda, 14, é filha de Maria Gildete e aluna do 8º ano do Caseb. Ela também vê com bons olhos a novidade. “É uma coisa boa. Além de aumentar a segurança, evita que os alunos matem aula.”
A assistente social Gabriela Silva Arana, 37, é mãe de Vitória Luna, 11, que cursa o 6º ano do ensino fundamental no Caseb. Ela diz que os pais não podem mais esperar pelo governo.“Penso que R$ 30 é um valor irrisório perto da segurança da minha filha. É uma necessidade real. Trata-se de uma escola grande, com muitos alunos circulando. Foi um acordo feito entre os pais e a direção”, disse a assistente social.
Com a instalação dos bloqueios, o objetivo é não só garantir maior segurança aos alunos e controlar a frequência, pois, no momento em que eles passarem o cartão na catraca, os pais receberão uma mensagem de texto com data e horário de entrada e saída dos filhos do colégio. Desta forma, seriam evitadas as faltas.
O presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal, Luís Cláudio Megiorin, também apoia a medida, mas ele faz uma ressalva: “Os pais de alunos carentes que não puderem arcar com o valor não podem ser penalizados. Acreditamos que a direção da escola vai saber resolver a situação.”
De acordo com ele, caso não arrecade todo o valor total para a instalação da catraca, a escola pode utilizar a verba do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira, destinada a despesas de custeio das escolas públicas, como compra de material didático, manutenção de equipamentos e pequenos reparos, além de execução de projetos pedagógicos.
A direção do Centro de Ensino Fundamental Caseb não quis se pronunciar. Consultada, a Secretaria de Educação do DF respondeu que “a medida foi tomada somente após acordo firmado com os pais e responsáveis dos alunos. Os próprios pais e responsáveis apoiaram a iniciativa, que partiu da direção da unidade escolar. O sistema implementado na escola permite identificar os horários de entrada e saída, bem como fornecer maior segurança aos estudantes.”
Ainda de acordo com a pasta, o valor cobrado “visa custear as despesas com a implantação do sistema. Porém, aqueles que não tiverem condições de pagar esse valor (R$ 30) podem procurar a direção do Caseb e pedir isenção do pagamento da taxa. Ressalte-se que nenhum dos 1,2 mil estudantes ficará impedido de entrar na escola caso o valor não seja pago.”