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Por segurança, alunos de escola pública do DF pagam por catraca

Os pais dos estudantes do Caseb, na 909 Sul, desembolsarão R$ 30 para a instalação do equipamento. Nem todos concordam

atualizado

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Bruno Medeiros/Metrópoles
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1 de 1 WhatsApp Image 2017-03-10 at 14.29.57 - Foto: Bruno Medeiros/Metrópoles

Os pais de alunos do Centro de Ensino Fundamental (Caesb) 909 Sul vão pagar pela instalação de uma catraca na porta da instituição. O valor a ser desembolsado é de R$ 30 e deve ser entregue até a próxima segunda-feira (13/3), de acordo com aviso dado em sala de aula no início do ano letivo, em fevereiro, e reforçado nesta quinta-feira (9).

A discussão sobre o pagamento da taxa foi feita em uma reunião entre os pais e a direção da escola, uma das mais tradicionais do Plano Piloto. Só que há, entre os responsáveis pelos estudantes, gente que não concorda com a cobrança, por se tratar de uma instituição pública de ensino.

A auxiliar de serviços gerais Maria de Jesus Souza, 52 anos, está neste time. Ela tem uma neta que estuda no colégio e questiona a decisão. “Não concordo porque acredito que não são os estudantes quem têm que pagar por isso, mas sim o governo. É uma escola pública e não particular. Entendo que é uma medida de segurança, mas já pagamos impostos e temos tantos outros gastos”, argumenta.

A consultora de seguros Maria Gildete Olímpio, 40, diz aprovar a medida e não se importar com o pagamento da taxa. “Concordo. Isso vai garantir mais segurança aos alunos.” Amanda, 14, é filha de Maria Gildete e aluna do 8º ano do Caseb. Ela também vê com bons olhos a novidade. “É uma coisa boa. Além de aumentar a segurança, evita que os alunos matem aula.”

A assistente social Gabriela Silva Arana, 37, é mãe de Vitória Luna, 11, que cursa o 6º ano do ensino fundamental no Caseb. Ela diz que os pais não podem mais esperar pelo governo.

“Penso que R$ 30 é um valor irrisório perto da segurança da minha filha. É uma necessidade real. Trata-se de uma escola grande, com muitos alunos circulando. Foi um acordo feito entre os pais e a direção”, disse a assistente social.

Com a instalação dos bloqueios, o objetivo é não só garantir maior segurança aos alunos e controlar a frequência, pois, no momento em que eles passarem o cartão na catraca, os pais receberão uma mensagem de texto com data e horário de entrada e saída dos filhos do colégio. Desta forma, seriam evitadas as faltas.

O presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal, Luís Cláudio Megiorin, também apoia a medida, mas ele faz uma ressalva: “Os pais de alunos carentes que não puderem arcar com o valor não podem ser penalizados. Acreditamos que a direção da escola vai saber resolver a situação.”

De acordo com ele, caso não arrecade todo o valor total para a instalação da catraca, a escola pode utilizar a verba do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira, destinada a despesas de custeio das escolas públicas, como compra de material didático, manutenção de equipamentos e pequenos reparos, além de execução de projetos pedagógicos.

A direção do Centro de Ensino Fundamental Caseb não quis se pronunciar. Consultada, a Secretaria de Educação do DF respondeu que “a medida foi tomada somente após acordo firmado com os pais e responsáveis dos alunos. Os próprios pais e responsáveis apoiaram a iniciativa, que partiu da direção da unidade escolar. O sistema implementado na escola permite identificar os horários de entrada e saída, bem como fornecer maior segurança aos estudantes.”

Ainda de acordo com a pasta, o valor cobrado “visa custear as despesas com a implantação do sistema. Porém, aqueles que não tiverem condições de pagar esse valor (R$ 30) podem procurar a direção do Caseb e pedir isenção do pagamento da taxa. Ressalte-se que nenhum dos 1,2 mil estudantes ficará impedido de entrar na escola caso o valor não seja pago.”

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