Aluna do DF vence Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa
Ana Karolina Alves Amorim foi premiada na categoria “Artigo de opinião”, que tratou sobre machismo e estupro
atualizado
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Uma aluna do Centro Educacional 03 de Brazlândia, em Brasília, foi uma das vencedoras da 5ª edição da Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa. Os estudantes premiados foram conhecidos nesta quarta-feira (13/12), em São Paulo, e Ana Karolina Alves Amorim, 18 anos, ganhou na categoria “Artigo de opinião”, com o texto “Também, olha a roupa dela”, que fala da cultura do machismo.
“É surreal. Representei não só a minha escola, mas também meu estado. Fiquei muito honrada de representar a cidade com um tema que eu considero muito relevante. É muito bom ver o meu trabalho reconhecido”, contou Ana Karolina ao Metrópoles.
Ela foi orientada pela professora Mayssara Reany de Jesus Oliveira, que fala sobre a conquista: “Orientar a Ana Karolina foi ótimo. Pude acompanhar todo o processo e ver como ela desenvolveu bem a prática textual. Para mim, como educadora, é algo muito gratificante.”
Confira trecho do texto “Também, olha a roupa dela”, de Ana Karolina Alves:
“Não existe apenas a cultura do estupro no Brasil. Existe, sobretudo, a cultura do machismo, e o estupro, no que lhe concerne, é uma consequência disso. O que é cultural aqui é o fato de a mulher, na maioria dos casos, levar a culpa por ter sido violentada. Frases como “também, olha a roupa dela” ou “mexia com a coisa errada, ela mereceu”, elucidam a tendência da sociedade de idealizar a mulher, seja para transformá-la numa dama “bela, recatada e do lar”, imagem veiculada pela revista Veja, seja para sexualizá-la com músicas que dizem “Dei todo amor, tratei como flor, mas no fim era uma trepadeira”, do cantor Emicida. A postura da mulher como justificativa para a violência é expressão de uma cultura machista que deve ser combatida, por meio do resgate da luta pela igualdade de gênero.”
As redações foram divididas em quatro gêneros literários: Poema, Memórias Literárias, Crônica e Artigo de Opinião, de acordo com as séries. Mais de 40 mil escolas de todo o Brasil participaram da Olimpíada, que contou com cerca de 170 mil redações inscritas e envolveu um total de 5 milhões de estudantes, desde as oficinas de produção de texto até as fases finais.
A Olimpíada teve duração de 10 meses, com início em fevereiro. Neste período, professores e alunos realizaram oficinas de produção de texto. No total, 152 finalistas foram a São Paulo participar da premiação. Cada gênero literário contou com cinco ganhadores. Também foram premiados 25 docentes, considerados os melhores orientadores da prática textual.“A festa de hoje premia um grande esforço de todos em prol do ensino da Língua Portuguesa no país, da formação do professor para a didática da produção de textos, do despertar do gosto do aluno pela escrita e da mobilização das equipes das escolas e das redes para que tudo isso aconteça”, disse a superintendente da Fundação Itaú (patrocinadora do evento), Ângela Dannemann.