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Jovens empresárias driblam a crise e inovam em salão de Águas Claras

Jéssika e a sócia Marina Fortuna estão empenhadas em fazer da marca uma franquia. A palavra de ordem da dupla é planejamento

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Studio Melanina – empresas que lucram na crise
1 de 1 Studio Melanina – empresas que lucram na crise - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Abrir o primeiro negócio se tornou um desafio na vida de Jéssika Laizza, 25 anos. Foram quatro anos de sacrifício para juntar dinheiro e começar a empresa sem dívidas. O esforço valeu a pena, em menos de um ano de existência e em tempos de crise, a esmalteria que ocupava um espaço de 35m² em Águas Claras se transformou em um estúdio que oferece serviços variados, de 81m². Os quatro funcionários ganharam um reforço de mais oito. Os sonhos não param por aí. Jéssika e sua sócia Marina Fortuna, 26, estão empenhadas em fazer da marca uma franquia. A palavra de ordem da dupla é planejamento.

O começo dessa história parece um pouco improvável. Jéssika conta que levava uma vida diferente da atual. A rotina era baseada em festas, compras e pouca preocupação com o futuro profissional. “Depois de um tempo, comecei a reparar que as minhas amigas estavam prosperando, compravam carros novos e eu estava ali, parada. Decidi que também queria ter condições para adquirir o que eu desejava, mas esse dinheiro seria resultado do meu trabalho”, lembra. “Na época, chegaram a me falar que eu jamais conseguiria ter sucesso nos negócios”, completa.

O pontapé inicial foi dado em 2011, quando ela, aos 21 anos, largou o emprego como vendedora em loja de shopping e decidiu virar vigilante em uma empresa de transporte de valores. A arma e o colete à prova de balas usados pela jovem, em pouco tempo, deram lugar a esmaltes e tesouras. “Conversei com meu tio e calculamos o tempo que eu teria de trabalhar na empresa para conseguir juntar recursos e abrir a esmalteria. Tudo foi contabilizado e planejado desde o início”, conta a empresária.

Os dois anos como vigilante foram de sacrifício. A escala de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga era intercalada pelos cursos de extensão de cílios que Jéssika ministrava. “Trabalhava quase todos os dias, atendia na casa das pessoas. Parte do meu pagamento ia para a poupança e, a outra, aproveitava para comprar os móveis do meu futuro salão. Meu quarto era cheio de poltronas, cadeiras. Não comprava mais roupas nem sapatos”, ri ao lembrar.

Quando a Esmaltaria Melanina foi aberta, em 2015, a única dívida que a empresária tinha era o aluguel do próximo mês. “Me preparei bastante para chegar até aqui. Visitei os concorrentes, estabeleci o meu público-alvo e ofereci um serviço diferenciado. Hoje, podemos dizer que temos uma clientela fiel”, ressalta Jéssica.

A sócia, Marina Fortuna, já havia sido chamada, mesmo antes da inauguração, para participar dos negócios, mas, à época, ela estava em outro emprego e não tinha recursos para se juntar à amiga. “A Jéssika é a coragem que eu não tive. Sempre quis ter uma empresa, mas não tinha noção em que ramo focar. Já cheguei a pensar em ter até uma oficina mecânica porque gosto de carros”, brinca.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jéssika Laizza e Marina Fortuna

Com o crescimento dos lucros e da demanda dos clientes, a dupla se mudou para uma nova loja, maior e com ofertas de serviços variadas. A busca por inovação fez a dupla fechar uma parceria com o Uber. Dentro de poucos dias, as clientes ganharão desconto ao usar os serviços de motorista particular.

“Nossa preocupação é sempre trazer novidades e facilidades. Aqui, os horários dos serviços podem ser marcados via aplicativo de celular. Mandamos alertas um dia antes para lembrar os clientes que geralmente têm a rotina atarefada”, explica Jéssika. Para manter as contas no azul, ela continua dando aula de estética. Nas últimas semanas, inclusive, recebeu convites para ministrar o curso em outras regiões do país.

Planejar é preciso
O diretor superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira Filho ressalta a importância do planejamento antes da abertura de um negócio em momentos de instabilidade econômica. “É importante que o empresário consiga compreender como a crise atuou no ramo em que ele atua. Entender o mercado, analisar as alternativas que os clientes estão fazendo, para onde estão migrando e inovar”, destacou. “Os empreendedores acomodados estão perdendo espaço para aqueles que estão sempre em movimento, antenados”, acrescentou.

Ter sangue frio e analisar bem o setor antes de abrir a empresa é importante para o sucesso dos negócios, garante Filho. “O que vemos por aí, é muita gente agindo 80% pela emoção e 20% com a razão. É preciso manter o equilíbrio, saber qual é sua vocação, trabalhar com o que gosta e, principalmente, separar o seu dinheiro dos recursos da empresa”, alertou.

O total de pequenos negócios no DF, em 2015, foi 200.171 e a expectativa é que, ao final de 2016, se chegue a 224.591, um aumento de 24.420. Os setores que mais cresceram são: roupas; calçados; automóveis; máquinas e equipamentos; exportadoras; beleza e estética; educação e bebidas.

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