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É proibido morrer. Cemitérios do DF estão próximos da capacidade total

Não há mais espaço em Taguatinga e os outros cinco campos de sepultamento do DF têm uma média de 3,5 anos para terem todas as vagas ocupadas

atualizado

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Ricardo Botelho/Metrópoles
Cemitério de Taguatinga
1 de 1 Cemitério de Taguatinga - Foto: Ricardo Botelho/Metrópoles

O cemitério de Taguatinga atingiu a lotação máxima. A unidade do Plano Piloto tem apenas mais três anos para esgotar as vagas. Com um média de 464 mil pessoas enterradas no Distrito Federal e cerca de 900 sepultamentos por mês, os seis cemitérios locais têm prazo médio de três anos e meio para que atinjam a capacidade total. Para tentar minimizar a falta de jazigos, a Campo da Esperança – empresa que administra os espaços – iniciou um processo de exumação de corpos. Somente nesta quinta-feira (20/7), publicou no Diário Oficial do DF uma relação com 132 nomes que passarão pelo processo.

Os restos mortais serão retirados das sepulturas gratuitas (aquelas reservadas para o serviço social), passarão pelo processo de exumação e, depois, serão recolhidos em ossários devidamente registrados. O processo começa em cinco dias, pelo cemitério de Taguatinga. Os nomes dos mortos foram divulgados no DODF  para que as famílias tenham conhecimento. Os interessados em dar outra destinação aos restos mortais devem entrar em contato com a administração do Campo da Esperança de Taguatinga.

O próximo a esgotar a lotação será o espaço localizado no Gama. Com 278 mil metros quadrados e quatro enterros por dia, a “vida útil” do cemitério é de nove meses, segundo estimativa da empresa administradora. A unidade de Planaltina tem mais dois anos para atingir sua capacidade total. Brazlândia e Sobradinho ainda conseguirão se manter por oito anos.

Arte/Metrópoles

As exumações serão constantes daqui para frente. Elas serão feitas entre os indigentes e os enterrados gratuitamente. Em Taguatinga, é a segunda vez que a ação é adotada. A primeira ocorreu no final do ano passado. As unidades do Gama e de Planaltina serão as próximas a iniciar o processo. “A medida é necessária para não encerrar as atividades locais”, informou a assessoria da Campo da Esperança.

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Perspectivas
A Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus) é a responsável pelo contrato de concessão dos espaços com a Campo da Esperança. Segundo a pasta, os seis cemitérios do DF têm hoje 5 mil vagas. “O principal objetivo é a reutilização da área, aumentando a vida útil do cemitério”, afirmou a assessoria de imprensa da Sejus, por meio de nota.

Por enquanto, o processo de exumação é a única medida anunciada pelo GDF para manter os espaços em funcionamento. O Distrito Federal não dispõe do serviço de cremação. A empresa mais próxima que realiza o procedimento fica em Valparaíso (GO). Existe hoje uma minuta de projeto de lei que permitirá a exploração de cemitério em áreas particulares. A Casa Civil analisa o documento. Caso ele seja aprovado, existe a expectativa do Poder Público de ter crematórios no DF. Mas não há sequer uma estimativa de em quanto tempo eles entrariam em funcionamento.

Preocupação
Enquanto a exumação é a solução mais rápida, a população fica apreensiva. A secretária Simone Ferreira Lino, 39 anos, tem parentes enterrados no Campo da Esperança de Taguatinga. A última a ser enterrada foi a filha dela, de apenas 4 dias, morta após o parto. “Não concordo com a exumação dos corpos. É preocupante a situação do DF. Com tantas mortes, o melhor seria a criação de mais um cemitério”, opinou.

Assim como Simone, o aposentado José Marcos Borges, 53, discorda da medida publicada no DODF nesta quinta-feira (20/7). Para ele, é necessário fazer um contato com as famílias para saber se elas querem ou não a exumação. O aposentado acredita que a criação de um crematório no DF poderia amenizar a lotação dos cemitérios. “Não concordo com a exumação, isso é uma decisão da família. Creio que um crematório pode ofertar a chance de [a família] escolher”.

O analista de sistemas Gilvan Mendes da Silva, 42, é a favor da medida. “Diante da escassez de espaço que acontece no DF, eu concordo. Desde que haja uma comunicação antecipada aos familiares”, ponderou. “Quero transformar a cova do meu pai em uma sepultura para colocar outros parentes aqui. Antes que inventem de exumar, quero antecipar”, acrescentou.

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