Dona de clínica de bronzeamento é suspeita de agenciar prostitutas
Polícia acredita que Vanderli da Silva Lacerda, apontada como responsável pela clínica na 705 Sul onde uma universitária se submeteu a procedimento estético dias antes de morrer, é a mesma mulher detida em 2008, sob a acusação de manter uma casa de prostituição
atualizado
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A Polícia Civil acredita que a locatária do espaço onde a estudante de direito Nara Farias Preto, 20 anos, morreu após se submeter a uma sessão de bronzeamento é a mesma Vanderli da Silva Lacerda que está em liberdade provisória por envolvimento em esquemas de prostituição no Distrito Federal. A mulher de 44 anos foi detida por rufianismo (explorar a prostituição alheia) em 2008, na Operação Afrodite, coordenada pela Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Naquele ano, a PCDF desarticulou grupos criminosos que traziam mulheres de outros estados para fazer trabalhos sexuais em Brasília.
Segundo a Polícia Civil, Vanderli da Silva Lacerda era dona de uma casa de massagem, chamada Luxus, na 714/715 Norte, que, na realidade, funcionava como uma casa de prostituição. À época, os programas variavam entre R$ 400 e R$ 4 mil, dependendo da garota. Naquele ano, Vanderli forneceu um número de celular que é o mesmo que consta nas propagandas da clínica Belo Bronze. Embora não confirme oficialmente, investigadores ligados ao caso acreditam que se trata da mesma mulher.O esclarecimento será feito na próxima semana, pois Vanderli foi convocada a depor na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) sobre o caso que envolve a morte de Nara. Os depoimentos começaram a ser colhidos na tarde desta sexta-feira (16), quando foram ouvidos familiares da jovem.
Interdição
Segundo a Vigilância Sanitária, o CNPJ do estabelecimento Belo Bronze, onde Nara fez o procedimento estético, não consta cadastrado no sistema, e a suspeita é de que ele funcionasse de forma clandestina na casa alugada por Vanderli na 705 Sul. Na quinta-feira (15), a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) apreendeu materiais encontrados no espaço, como macas enferrujadas e bombas de aplicação, que supostamente seriam utilizadas para espalhar produtos que estimulam o bronzeamento sobre a pele das clientes. Na ocasião, testemunhas ainda revelaram que no local funcionava uma pousada.
A proprietária do imóvel na 705 Sul, Lilia Torres, disse não ter autorizado que a casa fosse usada para fins comerciais. Ela afirmou que mora no Rio de Janeiro e que não tinha conhecimento da atividade exercida no endereço.
Por coincidência, eu estava aqui esta semana e fiquei sabendo do caso. Eu e meu advogado estamos aqui com uma intimação para tirar essas pessoas imediatamente da casa. A gente não compactua com essa atividade de forma alguma e temos como provar. O contrato é estritamente residencial. Eu, inclusive, aluguei o imóvel deixando muito claro que aqui não era uma pousada
Lilia Torres, dona do imóvel onde funcionava a clínica de bronzeamento
Lilia disse ainda que a locatária, Vanderli da Silva Lacerda, estava no imóvel desde dezembro de 2015, contou que não costumava subir até o terraço e que, por isso, não tinha conhecimento das atividades estéticas.
No entanto, a história contada por testemunhas é diferente. O professor aposentado Luiz Sérgio Cativo Barros, de 68 anos, afirmou que no imóvel funciona uma pousada e que ele vive no local desde dezembro do ano passado. Segundo Barros, Lilia visitava o endereço pelo menos uma vez por semana e sabia das atividades comerciais exercidas no local. “Eu vim de Belém (PA) para ficar nesta pousada. Isso aqui sempre foi uma pousada. A proprietária sentava e conversava comigo aqui”, alegou.
O aposentado disse ainda que está disposto a repetir a informação para os investigadores que cuidam do caso. Barros, no entanto, afirmou que não tinha conhecimento dos procedimentos estéticos que eram realizados no terraço.
Entenda o caso
Moradora do Cruzeiro, Nara Farias Preto esteve na clínica Belo Bronze no último sábado (10). Para se bronzear, a jovem ficou deitada sobre uma maca na cobertura da casa, onde tomou sol por cerca de quatro horas, após a aplicação de um produto que acelerava a pigmentação do corpo.
Na tarde de terça (13), Nara deu entrada no Hospital da Forças Armadas (HFA) se queixando de dores e fraqueza. De acordo com os médicos, a jovem sofreu queimaduras de primeiro grau, insolação e desidratação depois de se submeter à sessão de bronzeamento.
Após ser internada, a estudante teve duas paradas cardíacas, foi reanimada pela equipe médica e depois transferida, em estado gravíssimo, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Daher, no Lago Sul, onde morreu na quarta (14). O corpo foi enterrado em Mara Rosa (GO), cidade onde ela nasceu.
O laudo sobre o que teria levado Nara à morte só será divulgado em 30 dias pelo Instituto Médico Legal (IML).