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Dona de clínica de bronzeamento é suspeita de agenciar prostitutas

Polícia acredita que Vanderli da Silva Lacerda, apontada como responsável pela clínica na 705 Sul onde uma universitária se submeteu a procedimento estético dias antes de morrer, é a mesma mulher detida em 2008, sob a acusação de manter uma casa de prostituição

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
bronzeamento
1 de 1 bronzeamento - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Polícia Civil acredita que a locatária do espaço onde a estudante de direito Nara Farias Preto, 20 anos, morreu após se submeter a uma sessão de bronzeamento é a mesma Vanderli da Silva Lacerda que está em liberdade provisória por envolvimento em esquemas de prostituição no Distrito Federal. A mulher de 44 anos foi detida por rufianismo (explorar a prostituição alheia) em 2008, na Operação Afrodite, coordenada pela Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Naquele ano, a PCDF desarticulou grupos criminosos que traziam mulheres de outros estados para fazer trabalhos sexuais em Brasília.

Segundo a Polícia Civil, Vanderli da Silva Lacerda era dona de uma casa de massagem, chamada Luxus, na 714/715 Norte, que, na realidade, funcionava como uma casa de prostituição. À época, os programas variavam entre R$ 400 e R$ 4 mil, dependendo da garota. Naquele ano, Vanderli forneceu um número de celular que é o mesmo que consta nas propagandas da clínica Belo Bronze. Embora não confirme oficialmente, investigadores ligados ao caso acreditam que se trata da mesma mulher.

O esclarecimento será feito na próxima semana, pois Vanderli foi convocada a depor na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) sobre o caso que envolve a morte de Nara. Os depoimentos começaram a ser colhidos na tarde desta sexta-feira (16), quando foram ouvidos familiares da jovem.

Facebook/Reprodução
Nara Farias Preto morreu na quarta-feira (14/9)

Interdição
Segundo a Vigilância Sanitária, o CNPJ do estabelecimento Belo Bronze, onde Nara fez o procedimento estético, não consta cadastrado no sistema, e a suspeita é de que ele funcionasse de forma clandestina na casa alugada por Vanderli na 705 Sul. Na quinta-feira (15), a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) apreendeu materiais encontrados no espaço, como macas enferrujadas e bombas de aplicação, que supostamente seriam utilizadas para espalhar produtos que estimulam o bronzeamento sobre a pele das clientes. Na ocasião, testemunhas ainda revelaram que no local funcionava uma pousada.

A proprietária do imóvel na 705 Sul, Lilia Torres, disse não ter autorizado que a casa fosse usada para fins comerciais. Ela afirmou que mora no Rio de Janeiro e que não tinha conhecimento da atividade exercida no endereço.

Por coincidência, eu estava aqui esta semana e fiquei sabendo do caso. Eu e meu advogado estamos aqui com uma intimação para tirar essas pessoas imediatamente da casa. A gente não compactua com essa atividade de forma alguma e temos como provar. O contrato é estritamente residencial. Eu, inclusive, aluguei o imóvel deixando muito claro que aqui não era uma pousada

Lilia Torres, dona do imóvel onde funcionava a clínica de bronzeamento

Lilia disse ainda que a locatária, Vanderli da Silva Lacerda, estava no imóvel desde dezembro de 2015, contou que não costumava subir até o terraço e que, por isso, não tinha conhecimento das atividades estéticas.

No entanto, a história contada por testemunhas é diferente. O professor aposentado Luiz Sérgio Cativo Barros, de 68 anos, afirmou que no imóvel funciona uma pousada e que ele vive no local desde dezembro do ano passado. Segundo Barros, Lilia visitava o endereço pelo menos uma vez por semana e sabia das atividades comerciais exercidas no local. “Eu vim de Belém (PA) para ficar nesta pousada. Isso aqui sempre foi uma pousada. A proprietária sentava e conversava comigo aqui”, alegou.

O aposentado disse ainda que está disposto a repetir a informação para os investigadores que cuidam do caso. Barros, no entanto, afirmou que não tinha conhecimento dos procedimentos estéticos que eram realizados no terraço.

Entenda o caso
Moradora do Cruzeiro, Nara Farias Preto esteve na clínica Belo Bronze no último sábado (10). Para se bronzear, a jovem ficou deitada sobre uma maca na cobertura da casa, onde tomou sol por cerca de quatro horas, após a aplicação de um produto que acelerava a pigmentação do corpo.

Na tarde de terça (13), Nara deu entrada no Hospital da Forças Armadas (HFA) se queixando de dores e fraqueza. De acordo com os médicos, a jovem sofreu queimaduras de primeiro grau, insolação e desidratação depois de se submeter à sessão de bronzeamento.

Após ser internada, a estudante teve duas paradas cardíacas, foi reanimada pela equipe médica e depois transferida, em estado gravíssimo, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Daher, no Lago Sul, onde morreu na quarta (14). O corpo foi enterrado em Mara Rosa (GO), cidade onde ela nasceu.

O laudo sobre o que teria levado Nara à morte só será divulgado em 30 dias pelo Instituto Médico Legal (IML).

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