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“Don Juan” passa a perna em filho de senador e dá prejuízo de R$ 22 mi

Mulher de ex-presidente da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, também foi enganada pelo golpista. Caso está na Justiça

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pedro bettim jacobi
1 de 1 pedro bettim jacobi - Foto: Reprodução

Os golpes atribuídos a Pedro Bettim Jacobi vão além do estelionato amoroso e extorsão revelados pelo Metrópoles em reportagem publicada no dia 24 de julho. Outro processo corre na Justiça contra o chamado “Don Juan”, movido pelo filho de um senador da República e pela mulher de um ex-presidente do fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ. Jacobi procurou as vítimas em 2009 com uma proposta de investimento que poderia render uma fortuna. O problema é que desde que fecharam o negócio, os dois correm atrás do prejuízo, que atualmente soma R$ 22,3 milhões.

De acordo com o processo, em 2 de março daquele ano, os dois investidores fecharam contrato com Jacobi. Depositaram R$ 2,3 milhões na conta dele. O negócio envolvia a venda da mineradora Octa Ferro, de propriedade do “Don Juan”, a terceiros. Os nomes das vítimas foram preservados.

Para atrair os parceiros, mostrou dados e informações garantindo que a empresa valia, no mínimo, R$ 297 milhões. Quem aportasse capital receberia o que foi investido de volta, além de um lucro substancioso. Chegou a levar o filho do senador a Las Vegas (EUA), para mostrar que tinha dinheiro e influência.

A venda deveria ocorrer em um prazo de quatro meses a contar da data de assinatura do contrato de investimento. Caso a venda não fosse efetivada, Jacobi tinha que devolver o valor aplicado. Só que ele desapareceu com o dinheiro, o que os levou a recorrerem à Justiça para receber o valor de volta, corrigido.

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Trecho do acordo inicial firmado entre Jacobi e os dois investidores

 

Segundo o advogado que representa as vítimas, durante dois anos e sete meses Pedro literalmente “os enrolou, sempre apresentando a vã promessa” de que a venda seria realizada ou que poderia devolver o capital investido.

Pressionado, Jacobi propôs um novo acordo em outubro de 2011. Ele pagaria R$ 13 milhões aos investidores se a venda fosse concretizada em um ano ou caso uma outra mineradora de sua propriedade, a Golden Tapajós Mineração LTDA, iniciasse a produção de ouro. Assim, ele teria como arcar com a dívida.

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Trecho do novo acordo

 

O tempo foi passando e o ressarcimento não ocorreu. No processo que tramita na 19ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), os investidores afirmam que, embora as partes tivessem assinado o acordo, Pedro Jacobi tentou, mais uma vez, se esquivar da obrigação.

A ousadia foi tamanha que ele falsificou a assinatura e o reconhecimento de firma no Instrumento de Confissão de Dívida, no qual ele se comprometia a pagar as taxas. A adulteração do documento está sendo investigada pela Delegacia de Falsificações e Defraudações do DF (veja documentos abaixo).

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Assinatura de Pedro no documento

 

Ofício expedido pelo cartório e enviado à polícia confirmando a falsificação

 

Conversa gravada
O marido da mulher vítima do golpista chegou a conversar com Pedro Jacobi sobre a dívida. Em uma ocasião, ele gravou uma conversa, cujo conteúdo está anexado ao processo (veja abaixo). Pedro Jacobi garante que uma de suas mineradoras está dando lucro e se compromete a pagar os R$ 13 mil. O diálogo está anexado ao processo.

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A reportagem consultou o órgão responsável por regular as atividades de mineração no país, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), ligado ao Ministério de Minas e Energia. Apesar de Jacobi garantir que está garimpando e até mesmo dar detalhes dos valores de venda do suposto ouro extraído por sua empresa, a Golden Tapajós Mineração possui, junto ao departamento, apenas a autorização para realizar pesquisas.

Jacobi, portanto, é proibido de lavrar ouro nas terras mencionadas por ele no diálogo. A empresa Octa Ferro também só possui autorização para pesquisas.

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A Justiça nunca conseguiu intimar Pedro Jacobi para depor sobre essas acusações, já que o seu paradeiro é desconhecido. Nos processos em que é citado como réu, nove apenas no Distrito Federal, o homem é representado por defensores públicos (servidores pagos pelo Estado para ajudar na defesa das pessoas que não têm recursos). Nas ações, ele costuma aparecer como revel, aquele que é ausente e não contesta.

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Documento mostra uma das tentativas da Justiça de localizar Jacobi

 

Estelionato e extorsão
Jacobi já foi indiciado pela Polícia Civil por furto qualificado, estelionato, apropriação indébita e extorsão em outro caso. Ele é acusado de transferir cerca de R$ 600 mil da conta da ex-mulher, uma advogada de 36 anos, moradora do Lago Sul, sem autorização dela. Também teria roubado cheques e se apropriado de bens da vítima, como um Porsche Panamera, avaliado em mais de R$ 500 mil. Todas as acusações constam no inquérito policial.

O currículo de golpes não o impede de ostentar uma vida de luxo nas redes sociais. Ele aparece em fotos com um Chevrolet Corvette ZR1, que está com bloqueio total e com restrição judicial, e em um Lamborghini Gallardo, com R$ 200 mil em dívidas do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) – não pago desde 2013. Um Ford Flex, uma Mercedes e uma BMW também fazem parte do “patrimônio” dele.

As postagens de Pedro Jacobi revelam ainda um gosto por viagens internacionais. Nem o fato de ser investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal o fez suspender a publicação de imagens de seus passeios pelo mundo.

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Namoro e desencanto
O Metrópoles acompanha o caso com exclusividade. A advogada, que está amparada por medidas protetivas, recebeu a reportagem em sua casa, no Lago Sul, para contar os detalhes da história. Bonita, produzida e esbelta, a morena de cabelos longos e olhos castanhos disse que os dois se conheceram em 2001, quando a vítima advogou para uma empresa de mineração que pertencia à família de Pedro.

Ela só voltou a encontrá-lo em setembro de 2016, no Aeroporto Internacional de Brasília. Aparentemente, um encontro casual. “Ele me cumprimentou, perguntou como eu estava e me falou que havia separado da esposa”, lembrou. A mulher também estava solteira. Havia terminado um casamento de 14 anos.

A partir de então, mantiveram contato pelas redes sociais. As conversas viraram namoro e ele, desempregado, se mudou para a casa dela. “Tudo ocorreu muito rápido. Eu pensei que seria algo temporário, mas acabamos nos aproximando muito até que casamos em abril deste ano”, relatou.

Já nos meses seguintes, em maio e junho, a mulher descobriu transferências de sua conta no valor de R$ 600 mil.

Rolex
Com gosto sofisticado, após sair da casa da ex-mulher, segundo as investigações da Polícia Civil, Pedro Jacobi foi até a uma loja do ParkShopping, em 26 de junho, e comprou um relógio da marca Rolex por R$ 187,6 mil divididos em sete cheques de R$ 26,8 mil.

No momento de efetuar o pagamento, apresentou a certidão de casamento e uma procuração para convencer o vendedor de que tinha aval para utilizar os cheques em nome da esposa.

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Em depoimento aos investigadores, o vendedor afirmou que três horas depois da venda, recebeu a ligação de uma concessionária de veículos de luxo informando que Pedro Jacobi estava tentando passar o objeto pela metade do preço ou trocá-lo por um carro. Desconfiado, o funcionário passou a procurar o cliente para pedir a devolução do produto. As buscas, entretanto, não tiveram êxito.

Chantagem
O pai do empresário, Pedro Silvino Lauredano Jacobi, 67 anos, também foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal. É procurado para ser intimado a depor. A dupla teria pedido em troca da devolução dos arquivos da advogada a “doação” de todo o patrimônio dela para a família Jacobi. Eles também teriam buscado convencer a vítima a assinar uma promissória no valor de R$ 1 milhão.

Metrópoles tentou contato telefônico com os acusados por vários dias. Mas as ligações caíram na caixa postal, onde foram deixados recados. A reportagem esteve na chácara em que moram pai e filho, em Brazlândia. Ninguém atendeu à campainha. No portão, havia uma intimação para que Pedro fosse à delegacia depor.

Apesar de intimados, nenhum deles se apresentou à Polícia Civil, que tenta, em vão, encontrá-los.

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