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Movimento Dulcina Vive enfrenta batalha para dar sequência a projeto

Disputa entre a organização e a Prefeitura do Conic por um entendimento pode paralisar as ações culturais no espaço

atualizado

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Dulcina Vive
Dulcina Vive
1 de 1 Dulcina Vive - Foto: Dulcina Vive

Não tem sido fácil a vida dos produtores culturais brasilienses. Após a longa novela que ainda vem se arrastando com a Lei do Silêncio e as dezenas de bares fechados e multados, agora a crise chegou a um outro espaço dedicado à cultura no DF, o Conic.

No decorrer dessa semana, produtores e artistas envolvidos no Movimento Dulcina Vive divulgaram um abaixo assinado para pedir que a comunidade brasiliense se engaje na luta pela permanência do projeto. Até a manhã desta sexta (27/5), o documento já acumulava 1600 assinaturas (leia abaixo).

Segundo informações dos produtores, a inciativa tem sofrido represália de Flavia Portela, principal representante da Prefeitura do Conic, uma associação que reúne síndicos e proprietários de prédios. O motivo da discórdia seria um desentendimento sobre as reais funções do espaço cultural.

“Consideramos um excesso de poder toda essa represália. Estamos lutando, fazendo com as nossas próprias mãos para que o Conic mantenha-se como um ponto de cultura, mas é uma luta diária”, observa Kaká Guimarães, um dos integrantes do movimento.

Para o administrador judicial da Fundação Brasileira de Teatro, Marco Antônio Schmitt, o diálogo entrou em um ponto crítico após as acusações de que as ações teriam aumentado a criminalidade no Conic. Mas não há provas nem registros de criminalidade no local durante as atividades do Dulcina Vive que tenham sido diretamente relacionadas ao movimento. O projeto tem o apoio do governador Rodrigo Rollemberg e da Secretaria de Cultura.

“Quando ela estava falando de uma perspectiva maior, nós estávamos ouvindo, mas quando ela partiu para dizer que tinha aumentado o número de roubos, flanelinhas, tudo se complicou. Dissemos a ela: ‘se você quiser discutir com a gente normas de boa convivência, segurança, temos todo o interesse, acredito que não haja nada que você proponha que nós não iremos acatar. Estamos sofrendo as mesmas coisas. Também queremos esse diálogo”, conta Schmitt.

 

Abaixo assinado

Por que isto é importante

Nós, abaixo-assinados, informamos às autoridades do Governo do Distrito Federal e a quem possa interessar que apoiamos o Movimento DULCINAVIVE, que consiste na realização de eventos culturais no Complexo Cultural da Fundação Brasileira de Teatro e suas áreas comuns
situados no Setor de Diversões Sul, com a finalidade de recuperar e revitalizar todos os seus espaços, como o Teatro Dulcina e a Sala Conchita de Moraes, patrimônios imateriais e históricos da cultura do Distrito Federal e do Brasil.

Nos link’s abaixo você pode acessar algumas fotos e conhecer um pouco da história dos espaços que já conseguimos recuperar e devolver o uso sócio- cultural:

http://bit.ly/RevitalizaçãoSalaConchita
http://bit.ly/comoERAcomoagoraÉ
http://bit.ly/GaleriasTeatroDulcina
http://bit.ly/QuartaDimensao
http://bit.ly/EntradaSalaConchita

Com indignação, mas certos de que a pressão popular junto com o bom senso e a verdade prevalecerá, pedimos a todxs as pessoas que amam as artes, a cultura, a diversão e o DF assinem o nosso abaixo assinado.

O mesmo integrará a nossa frente de defesa, junto com os documentos que comprovam a revolução positiva que vem acontecendo no espaço e alguns ~questionamentos~ que temos sobre a entidade que tenta nos silenciar.

#DulcinaVive

 

Instalado no Setor de Diversões Sul, o Conic é um dos principais pontos de cultura do DF, sendo um dos palcos mais constantes de ações do movimento hip-hop, por exemplo. No início do ano, produtores e artistas se mobilizaram para colocar novamente em uso diversos espaços do Teatro Dulcina. O prédio integra o complexo referente à Fundação Brasileira do Teatro.

Com muitas áreas inutilizáveis, o espaço estava em vias de ser perdido definitivamente, mas as reformas elétricas e estruturais feitas pelos artistas e produtores ajudaram a revitalizar o lugar.

Antes parada por goteiras e problemas elétricos, a Sala Conchita foi reativada e voltou a receber espetáculos. O subsolo foi repaginado, ganhou calhas especiais para as instalações elétricas e um novo visual graças a artes feitas por grafiteiros de diferentes partes do DF.

A revitalização foi paga pelos voluntários e as festas começaram a ser feitas para fazer o caixa do movimento girar. Foi aí que começou a discórdia. Segundo a prefeita, os produtores deveriam procurá-la com antecedência para que ela pudesse organizar a agenda do Conic e saber se os eventos coincidiram com a programação de festas.

Vejas as fotos do antes e depois:

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Em entrevista ao Metrópoles, a prefeita do Conic, Flavia Portela, disse que sua interferência contrária ao movimento é para que a prefeitura seja informada de todas as ações com antecedência. “É preciso ter uma organização. Às vezes, esses eventos trazem um público indesejado, gangues que vão lá assaltar, usuários de drogas”, afirma.

O Conic é da diversão, mas ele era dos cinemas, das livrarias do teatro, não das festas. Tinha a New Aquarius, era um outro tempo. O complexo não comporta uma festa para duas mil pessoas. Acho que está tendo um desrespeito com muita gente que luta pela requalificação do espaço. Os lojistas odeiam o movimento hip-hop, mas eu sempre cedi espaço para ele, inclusive para o break.

Flavia Portela, prefeita do Conic

Segundo a arquiteta, os responsáveis pelo Movimento Dulcina Vive estão fazendo uma campanha difamatória porque não querem respeitar as normas pré-estabelecidas pelo regimento do prédio. O abaixo assinado foi criado após a prefeita enviar um documento solicitando a interrupção de todas as atividades realizadas nas áreas comuns até que todas as demandas fossem sanadas (veja imagem abaixo).

De acordo com os produtores do Movimento Dulcina Vive, esse pagamento não deveria ser cobrado, pois a área da realização desses eventos seria pública, como o espaço onde aconteceu a festa Criolina no sábado (21/5). No documento assinado entre a organização da festa e a prefeitura há um ponto que diz: “O compromissado pagará para a prefeitura do Setor de Diversões Sul uma taxa de utilização”.

Para os produtores culturais, a cobrança seria arbitrária, visto que o local exato onde aconteceu o evento seria de uso público. Flávia afirma que é um espaço comum e que a cobrança foi, na verdade, uma contribuição. Em março, durante reunião com o Conselho de Segurança do Centro, a prefeita solicitou à Administração que só fossem emitidos alvarás para os eventos com a anuência da Prefeitura do Conic.

Em uma reunião que aconteceu no dia 26 de abril, Flávia voltou a falar da emissão dos alvarás. “Segundo o relato de flanelinhas, porteiros e outros, com essas festas o setor tem sido frequentado por grupos nada ordeiros”, disse.

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Dulcina vive
Entre coletivos e autônomos, 56 grupos estão envolvidas na manutenção do Movimento Dulcina Vive, que busca não só promover festas, mas também debates relevantes sobre aspectos sociais. Nos últimos seis meses, a iniciativa já deu grandes passos, levando à região central da cidade um público cada vez mais crescente.

Por ali passaram Liniker e Rico Dalasam, dois importantes nomes da black music brasileira, e o projeto Inspira Brasília, que discutiu temas como sustentabilidade, democracia, direitos, igualdade, raça, gênero e mobilidade. Às quartas-feiras, bandas autorais do DF se reúnem para o projeto Quarta Dimensão, que dá palco para atrações locais mostrarem seus trabalhos.

“Outros projetos surgiram a partir do Movimento Dulcina Vive. Temos visto que iniciativas semelhantes estão ocupando pontos que antes não estavam sendo utilizados, como o Setor Comercial Sul. É importante que essas ações aconteçam e permaneçam”, pontua Jenny Choe, um dos nomes à frente do projeto.

Enquanto a discussão não chega a um consenso, muitas pessoas têm se manifestado nas redes sociais a favor da manutenção das ações no Dulcina, como o artista Guga Baygon.

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