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Ações paliativas contra os estragos das tempestades não evitarão transtornos aos brasilienses, dizem especialistas

Equipes do GDF fazem limpeza de bueiros, podas de árvores e recapeamento de vias. Entretanto, medidas não devem resolver problemas enquanto não houver novo sistema de drenagem pluvial

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
chuva, alagamento
1 de 1 chuva, alagamento - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Bastaram algumas horas de tempestade em Brasília para os problemas de drenagem pluvial no Distrito Federal voltarem à superfície. Na segunda (7/9) e na terça-feira (8), os casos se multiplicaram: houve metrô paralisado, deslizamento de terra, tesourinha inundada e resgate de motorista. Isso tudo somado ao trânsito caótico nas principais vias do DF. Na tentativa de amenizar os prováveis transtornos com as próximas chuvas, o GDF anunciou, na quarta (9), algumas medidas paliativas. No entanto, as obras estruturantes que precisam ser executadas ainda estão apenas na prancheta.

Há mais de 10 anos se anuncia a ampliação do sistema de captação e escoamento de águas no DF, mas nada saiu do papel até agora. Enquanto o novo sistema de drenagem pluvial continua nas nuvens, funcionários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) foram mobilizados para uma nova etapa de limpeza de bueiros. Uma equipe percorrerá as Quadras 710/910 Sul e 116 Sul e outra atuará em Ceilândia, no Conjunto A da QNP 26. Uma terceira ficará responsável pela poda de árvores, serviço diário que conta com 16 equipes em todo a capital.

Outros seis grupos de manutenção de vias — tapa buracos — trabalharão em cinco regiões administrativas: Lago Norte, Lago Sul, Plano Piloto, Recanto das Emas e Taguatinga. Além disso, o órgão faz o trabalho de terraplanagem e conserta trechos de asfalto danificados por causa da enxurrada nas Ruas 10 e 8 de Vicente Pires.

Problema profundo
Apesar das medidas paliativas, especialistas acreditam que os problemas não serão resolvidos sem maior empenho governamental. O urbanista Frederico Flósculo aponta a falta de gestão como principal causador dos atuais transtornos. “Os governos devem diagnosticar com rigor os problemas e planejar obras e medidas eficazes para solucioná-los. Em vez disso, os últimos governadores acabaram por contribuir com a ocupação desordenada do solo, causando prejuízos para a drenagem, o saneamento e para o meio ambiente.”

O professor de engenharia civil e especialista em recursos hídricos Sérgio Koide também acredita que a urbanização sem a infraestrutura necessária acarreta problemas. “Locais como Águas Claras e Vicente Pires foram ocupados de qualquer maneira, sem seguir planejamentos urbanísticos para assegurar estruturas básicas. Por mais que sejam feitas obras para reduzir os problemas de escoamento, por exemplo, dificilmente a situação será completamente resolvida porque novas áreas vem sendo ocupadas”, explica o engenheiro.

Comportas da barragem abertas

Comportas
A grande quantidade de água que caiu recentemente também fez a Companhia Energética de Brasília (CEB) abrir em 15 centímetros uma das três comportas da barragem do Lago Paranoá. O procedimento foi adotado por volta das 11h30 desta quarta-feira (9), quando o nível do reservatório atingiu 1.000,71 metros acima do nível do mar. Existe um limite de atenção de 1.000,65 metros, quando as equipes ficam em alerta para uma possível abertura.

Monitoramento
A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, destaca que, apesar da tempestade, não houve registro de famílias desabrigadas ou desalojadas ontem. Mas a previsão, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é de que as fortes chuvas devem continuar nos próximos dias, principalmente durante o fim da tarde e o início da noite. “A tempestade foi completamente compatível com esse período”, assegura Rangel. “É uma característica climatológica típica do verão: chuvas menos demoradas, mas de grande volume”.

Assim, durante o período chuvoso, até provavelmente o fim de março, equipes de segurança continuarão a monitorar 36 áreas consideradas de risco em todo o DF.

 

Com informações da Agência Brasília

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